Frutas e hortaliças estão sujeitas a contaminação e oxidação. Para diminuir essa problemática da conservação de alimentos, utiliza-se conservantes sintéticos e outras tecnologias não convencionais são aplicadas em alimentos afim de aumentar a qualidade e diminuir a deterioração. A tendência dos consumidores, que buscam uma alimentação mais saudável está direcionando a indústria a utilizar produtos naturais com atividades antimicrobianas e antioxidantes. O objetivo deste trabalho é apresentar uma visão geral sobre a diversidade de compostos antimicrobianos naturais de origem vegetal, suas fontes e aplicações no controle de microrganismos indesejáveis em alimentos. Os bioprotetores, como os extratos naturais, são corretos ecologicamente, garantem a segurança alimentar e da saúde pública, podendo ser extraídos de várias fontes vegetais como frutas, folhas, resíduos, sementes e outros para aplicação em embalagens e revestimentos biodegradáveis. Pesquisadores observaram efeito inibitório desses extratos contra os fungos Botrytis cinerea, Alternaria sp, Aspergillus flavus e Penicillium sp.Os efeitos antibacterianos foram observados para Escherichia coli, Staphylococcus aureus e L. monocytogenes. O potencial antioxidante dos extratos naturais se deve a sua composição química, podendo ser atribuídas as moléculas de curcumina, carvacrol, cânfora, borneol, α-pineno e outros. Dessa maneira, os extratos naturais tem se mostrado um ingrediente interessante, devido a sua origem natural e propriedades fitoquímicas, permitindo a obtenção de compostos ativos que podem prolongar a vida útil de frutas e vegetais frescos. Essas novas opções de embalagens e revestimentos vem ganhando o interesse dos pesquisadores devido a suas propriedades que fornecem qualidade e segurança alimentar nas matrizes alimentares que são adicionadas.
O controle microbiano é uma preocupação constante na indústria de alimentos. A utilização de conservantes naturais para alimentos, bem como de embalagens bioativas capazes de inibirem e/ou inativarem o crescimento bacteriano vem ganhando atenção. Nesse cenário, no presente trabalho objetivou-se avaliar a atividade antimicrobiana de filmes bicamada à base de amido de batata-doce com óleo essencial de tomilho (Thymus vulgaris) (OET) encapsulado em nanofibras de zeína contra as bactérias Escherichia coli e Staphylococcus aureus. O filme foi produzido pela técnica de casting e as nanofibras de zeína com óleo essencial encapsulado por meio da técnica de electrospinning. A avaliação in vitro da atividade antimicrobiana foi determinada pelo método de microatmosfera. Os resultados indicaram atividade antimicrobiana na concentração de 65% (p/v) do OET contra as bactérias testadas. Houve redução de 97% e 90% para S. aureus e E. coli, respectivamente. Deste modo foi possível concluir que o filme bicamada antimicrobiano apresenta potencial para uma possível aplicação como embalagem ativa para alimentos.
Nos dias atuais, devido a mudança do estilo de vida das pessoas, a busca por alimentação fora de casa tem aumentado. Com isso, se faz necessário que os restaurantes adotem práticas que tornem essas refeições seguras para os clientes. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo descrever e analisar as produções científicas sobre a atual situação dos restaurantes em relação às Boas Práticas de Manipulação (BPM). O estudo foi realizado por meio de revisão bibliográfica de artigos dos últimos 5 anos, utilizando as bases de dados LILACS, PUBMED e SCIELO. Foram selecionados 10 artigos que preencheram todos os critérios de inclusão. Como observado, os restaurantes têm adotado nos últimos anos às BPM, contribuindo para o controle dos microrganismos causadores de doenças, porém é necessário aprimorar ainda mais os aspectos higiênicos. Sendo assim, é importante que os estabelecimentos produtores de refeições possam assegurar uma higiene sanitária apropriada e treinamento em BPM para os manipuladores de alimentos, com o intuito de prevenir o surgimento de doenças, oferecendo alimentos seguros para os consumidores.
O aumento da procura por mais qualidade de vida levou consumidores a buscarem produtos contendo microrganismos probióticos. Essas bactérias benéficas atuam na modulação intestinal, combatendo a disbiose, prevenindo infecções e reduzindo o risco de doenças crônicas degenerativas. Além disso, o consumo de probióticos pode contribuir para melhora da saúde mental, sendo de conhecimento científico a correlação existente entre intestino e cérebro. O eixo intestino-cérebro é uma via de sinalização bidirecional complexa que conecta o trato gastrointestinal ao sistema nervoso central e permite a comunicação entre os dois sistemas. Os probióticos podem influenciar essa comunicação através da regulação de neurotransmissores, modulação da resposta imunológica e produção de metabólitos de cadeia curta que afetam a função cerebral, reduzindo os sintomas de transtornos como a ansiedade e a depressão, melhorando o humor e o bem-estar mental. Há desafios para que as células permaneçam viáveis, mas estudos evidenciam os benefícios também por células não viáveis, por fragmentos de células e por metabólitos das bactérias probióticas, os pós-bióticos. Ácidos graxos de cadeia curta estão entre os metabólitos mais estudados. A administração de probióticos em pacientes com transtorno depressivo maior resultou na diminuição da relação quinurenina/triptofano e aumento na relação 3-hidroxiquinurenina/quinurenina. Houve aumento da relação triptofano/isoleucina em indivíduos que consumiram probióticos, proporcionando aumento do bem estar. A modulação da microbiota intestinal com probióticos e pós-bióticos possui capacidade de interferir beneficamente nos parâmetros relacionados com a saúde mental, como ansiedade, depressão e estresse.
Biomassas fúngicas são fontes de proteína, lipídios, fibras e carboidratos, além de serem ricas em micro e macronutrientes, compostos fenólicos e substâncias com potencial antioxidante. A produção de biomassa micelial e b-D-glucana extracelular (lasiodiplodana) pelo fungo Lasiodiplodia theobromae MMPI foi estudada como uma plataforma biotecnológica integrada. O presente trabalho buscou avaliar o potencial antioxidante in vitro e o teor de compostos fenólicos presentes nas biomassas miceliais do ascomiceto L. thebromae MMPI produzidas em meios de cultura a base de sacarose comercial e melaço de soja. As biomassas miceliais foram caracterizadas quanto ao teor de fenólicos totais, habilidade antioxidante e compostos bioativos por CLAE-PAD. Os extratos obtidos das biomassas embora contendo baixos conteúdos de fenólicos totais apresentam considerável potencial antioxidante contra os radicais ABTS, DPPH, hidroxila e poder redutor dos íons férrico e molibdênio VI. Ácido gálico e catequina foram os compostos majoritários entre os biocompostos identificados nos extratos. Ácido cinâmico foi identificado em ambos os extratos e ácido p-cumárico no extrato de biomassa produzida em meio com melaço de soja.
Os alimentos probióticos disponíveis no mercado são em sua maioria de base láctea. Entretanto, devido ao público com intolerância a lactose, alergia a proteína do leite ou adeptas do vegetarianismo, novas matrizes estão sendo investigadas para carrear microrganismos probióticos. Particularmente, as matrizes à base de vegetais são substratos elegíveis para hospedar e distribuir populações microbianas devido à sua riqueza em nutrientes, fibras, vitaminas, minerais e fitoquímicos bioativos dietéticos.A viabilidade de microrganismos probióticos é influenciado pelo alimento transportador e seus componentes funcionais que, enquanto tamponam o probiótico através do trato gastrointestinal, contribuem para uma implantação eficiente de células bacterianas e regulam as características probióticas. Os dados disponíveis indicam que as propriedades intrínsecas de promoção da saúde de diversas matrizes vegetais podem ser exploradas e melhoradas com sucesso, desenvolvendo uma associação efetiva com probióticos, cuja atividade benéfica pode, por sua vez, ser melhorada e modulada por componentes do carreador vegetal. Com isso, a presente revisão evidencia o importante papel que a matriz vegetal representa para carrear microrganismo probióticos possibilitando o desenvolvimento de diferentes produtos vegetais funcionais.
O café é um produto agrícola de importância econômica mundial, sendo o Brasil o maior produtor e exportador do mundo. Coffea arabica L. (arábica) é a espécie mais comercializada. Durante o processamento dos frutos de café para obtenção dos grãos, são gerados subprodutos em grandes volumes. As etapas de processamento podem ser realizadas pelas vias úmida, semisseca ou seca e, mais de 50% do fruto não é aproveitado para a produção do café comercializado. Os subprodutos representam uma importante fonte de compostos bioativos, além de possuírem uma quantidade significativa de açúcares fermentescíveis, o que os tornam potenciais substratos para microrganismos fermentadores O mercado dispõe de consumidores que buscam cada vez mais alimentos que sejam considerados funcionais, saudáveis e naturais. Neste contexto, estudos relacionados a novos substratos que possam contribuir para a elaboração de produtos fermentados tornam-se extremamente relevantes, sendo a utilização de subprodutos do processamento do café uma abordagem promissora na área de pesquisa e inovação em alimentos. Objetivou-se com o presente trabalho elaborar uma revisão de literatura acerca do tema, baseada em buscas eletrônicas por meio de consulta em bases de dados como PubMed, SciELO e Science Direct. Concluiu-se que a utilização dos subprodutos na indústria alimentícia é promissora e representa importante papel para o setor de produtos fermentados. A utilização de subprodutos do processamento de café arábica já foi descrita na elaboração de alguns produtos fermentados como pão, iogurte e kombucha. Ainda são necessários estudos acerca da segurança, possíveis utilizações e aspectos regulatórios para que seja viável a comercialização deste subproduto como novo ingrediente alimentar.
As contaminações microbiológicas constituem um grande problema para a indústria alimentícia, pois provocam perdas do produto, além de transmitir doenças de origem alimentar. Frente a esse cenário a indústria do ramo alimentício emprega vários processos tecnológicos como esterilização, irradiação, secagem, adição de aditivos entre outros, com o intuito de controlar esse tipo de contaminação. Em contrapartida, atualmente vem se tornando comum que os indivíduos prefiram consumir alimentos com conservação natural, ou seja, alimentos submetidos a tratamentos menos agressivos, sem o uso de aditivos sintéticos. Diante dessa realidade, óleos essenciais extraídos de plantas condimentares tem se mostrado bastante promissor, tendo em vista que se apresentam como fonte natural de substâncias antimicrobiana. Diante desse contexto, objetivou-se, com o desenvolvimento desse trabalho, avaliar a ação antimicrobiana do óleo essencial de zingiber officinale roscoe em amostras de linguiça frescal inoculada com as bactérias patogênicas escherichia coli, staphyloccocus aureus e salmonella typhimurium) por 24, 48 e 72 horas de contato (óleo x bactéria) utilizando uma concentração de 20 µL do óleo essencial. Sendo que o mesmo se mostrou como uma fonte promissora eficiente de agente antimicrobiano natural a ser utilizado em produtos cárneos na concentração avaliada para as bactérias patogênicas com exceção da salmonella.
Uma maneira de determinar a qualidade dos alimentos é por meio do controle de qualidade analítico. Fazer apenas o controle de qualidade do produto não fornece garantia de qualidade necessária, por isso a importância de promover educação sobre manipulação adequada de alimentos aos manipuladores fazendo-os entender como os microrganismos potencialmente veiculadores de doenças de origem alimentar atuam no hospedeiro humano e o que se deveria fazer para oferecer alimentos seguros, do ponto de vista microbiológico. Este trabalho tem como objetivo relatar e revisar os principais aspectos das bactérias pertencentes à família Enterobacteriaceae, com foco nos gêneros Escherichia, Salmonella e Cronobacter, e a sua importância na microbiologia de alimentos. Foi realizada uma revisão de literatura de livros e artigos científicos utilizando plataformas como Pubmed, Google Acadêmico, e outras ferramentas buscando pelas palavras-chave: Enterobacteriaceae, Salmonella, Escherichia, Cronobacter,segurança alimentar, microbiologia, e microbiologia de alimentos, compreendendo dos anos 1960 até o presente atual (2023). A qualidade de um alimento pode ser determinada pelo controle da qualidade analítica, utilizando-se, principalmente, microrganismos indicadores como parâmetros, sendo que a qualidade microbiológica tem como objetivo fornecer alimentos seguros, do ponto de vista higiênico-sanitário. Uma das maneiras de se conseguirem alimentos seguros é o investimento e a disseminação de novas técnicas de manipulação, protocolos e questões de segurança alimentar para a indústria, formuladores de políticas, pesquisadores e consumidores. Esses esforços permitirão a prevenção de doenças veiculadas por alimentos.
Dentre as doenças transmitidas por alimentos, aquelas causadas por Escherichia coli, Salmonella spp, Estafilococos coagulase positiva e Bacillus cereus vem provocando inúmeros transtornos à população, inclusive envolvendo doces e sobremesas. O presente trabalho teve por objetivo avaliar a qualidade microbiológica de doces finos produzidos e comercializados no Rio Grande do Sul, Brasil. Para a realização desta pesquisa, 5 doces finos foram coletados em 5 estabelecimentos diferentes localizados no Rio Grande do Sul, e analisados quanto a presença de Salmonella spp, e quantificação de Estafilococos coagulase positiva, Escherichia coli e Bacillus cereus presuntivo. Não foi observado incidência de contaminação por Salmonella spp e E. coli nas amostras analisadas. Para Bacillus cereus foram obtidas contagens em dois estabelecimentos, porém abaixo do limite máximo permitido. Já as contagens de Estafilococos coagulase positiva, em todos os estabelecimentos avaliados, foram superiores ao limite máximo preconizado pela legislação brasileira. Como conclusão, em virtude das contagens de Estafilococos coaguase positiva fica evidente a necessidade de capacitação em Boas Práticas de Fabricação para todos os estabelecimentos, buscando garantir a qualidade microbiológica dos doces produzidos e a segurança dos consumidores destes produtos.