SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO COLETIVA E SUAS ALTERAÇÕES PELA PANDEMIA DA COVID-19: REVISÃO
Lauany Maria dos Santos Barreto1; Maria Eduarda Moraes Pereira2; Andressa Almeida Barbosa3; Olívia de Andrade Pinto4; Jhennifer Vitória Gomes Silva5; Magda Letícia Barreto de Freitas6
1Estudante do Curso de Nutrição – CES – UFCG; E-mail: [email protected], 2Nutricionista Formada pela Universidade Potiguar – UNP. E-mail: [email protected]
Resumo: A pandemia da Covid-19, fez com que todo o mundo buscasse novas maneiras de se reinventar, principalmente os setores de alimentação. Com a adaptação aos novos protocolos exigidos pelos órgãos competentes do governo, como o uso de máscaras, álcool em gel, distanciamento social, toucas para cabelo, luvas, limpeza constante do local de trabalho e dos equipamentos utilizados para a realização das atividades, dentre outros. E assim, dar continuidade aos serviços e funcionamento dos estabelecimentos, procurando sempre otimizar os ofícios prestados tanto à população quanto aos seus manipuladores. Assegurando que o produto comercializado chegue ao cliente de acordo com as normativas pré-estabelecidas. Entretanto, o novo cenário também trouxe problemas financeiros neste ramo alimentício, como o desemprego, medo, desperdício de alimentos, decréscimo de vendas, comércios fechados e como consequência resultou no quadro de insegurança alimentar. Com isso, o presente resumo tem por objetivo verificar os efeitos da pandemia nos serviços de alimentação coletiva e a insegurança alimentar.
Palavras–chave: Coronavírus; Unidade de Alimentação e Nutrição; Segurança Alimentar
INTRODUÇÃO
Em dezembro de 2019, foi identificado o SARS-CoV-2, agente etiológico da doença COVID-19 (coronavírus), responsável pela síndrome respiratória aguda grave. Em 2020, o coronavírus espalhou-se de forma acelerada pelo mundo (OPAS, 2021). A fim de conter a propagação do novo coronavírus, no início de março, a quarentena foi instalada através do isolamento social, com algumas restrições por tempo indeterminado e ordens de permanência em casa, exceto algumas atividades essenciais ou serviços considerados essenciais, por exemplo, os serviços de alimentação (PANDOLFI; MOREIRA; TEIXEIRA, 2020).
O questionamento do Brasil em relação à segurança alimentar e suas interfaces são de grande urgência. No contexto atual da Covid-19, há posicionamentos dos órgãos com as informações necessárias para adotar as medidas preventivas higiênicas, para evitar a disseminação do novo coronavírus. Por outro lado, ainda há incertezas que passam pelo setor de alimentos, sendo carente de orientações sobre o tema, seja em nível de produção, distribuição, comercialização ou preparo (OLIVEIRA; ABRANCHES; LAMA, 2020).
A execução das atividades essenciais e as condições de trabalho são possíveis fatores expositores ao vírus, a preservação da saúde dos trabalhadores de serviços essenciais é fundamental para controle da disseminação da doença e consequentemente, a manutenção da atuação destes serviços. A fim de garantir a segurança e saúde dos trabalhadores a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) divulgou três notas técnicas que se refere a alterações nos equipamentos de proteção individual (EPI), como também a avaliação do estado de saúde dos trabalhadores e por fim, o distanciamento dentro dos estabelecimentos e higiene pessoal de embalagens e de superfície (ARANHA et al., 2020). Visto isso, torna-se importante o estudo da temática para auxiliar na verificação da repercussão da pandemia do coronavírus nos setores de alimentação. O presente trabalho teve como objetivo analisar o impacto causado nos serviços de alimentação e a segurança alimentar e nutricional no contexto da pandemia pela COVID-19.
METODOLOGIA
Para o desenvolvimento dessa pesquisa foi realizada uma revisão bibliográfica com base em artigos científicos originais. Com isso, o levante bibliográfico foi efetuado em periódicos presentes nas seguintes bases de dados: Scielo, Google Acadêmico. Foram utilizados artigos científicos originais dos anos de 2020 a 2021, publicados em língua portuguesa e inglesa. Utilizando os seguintes descritores: Serviços de Alimentação; Segurança Alimentar; COVID-19.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO DA COVID – 19
Para tentar reduzir os impactos financeiros dos serviços de alimentação (fechamento dos restaurantes e outros tipos de serviços de alimentação), causados pelas consequências da pandemia no período de isolamento social, os serviços de delivery tornaram-se comuns. Diante do novo formato, os serviços de alimentação conseguiram garantir que os produtos oferecidos fossem de boa qualidade, além de que, os órgãos de fiscalização estão fortalecendo cada vez mais as medidas preventivas, como a higiene pessoal constante e a manipulação dos produtos que são ofertados (OLIVEIRA, ABRANCHES; LANA, 2020).
São inúmeras as consequências da pandemia na Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) no Brasil, com relação à disponibilidade dos alimentos ocorreram perdas na oferta dos alimentos produzidos pela agricultura familiar (AF), como as frutas e os vegetais; suspensão do PNAE e compra dos alimentos da AF; restrição dos transportes de produtos; bloqueio dos comércios de alimentos: restaurantes e feiras livres. O acesso a alimentos também foi prejudicado pela diminuição/rompimento do faturamento dos trabalhadores, a redução da ingestão dos alimentos in natura, acréscimo no ganho de peso, nos transtornos alimentares relacionados com a falta de atividade física e a quarentena. Com isso, a falta de saneamento básico, da disponibilidade de água potável e redução do acesso aos serviços de saúde também podem estar ligadas a possíveis carências nutricionais, influenciados pela pandemia da COVID-19 (SILVA et al., 2020).
SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO COLETIVA NA PANDEMIA
Em uma pesquisa realizada com 9 Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN’s) do estado de São Paulo sobre as principais mudanças no período da pandemia. Em todas as UAN’s verificou-se o distanciamento de no mínimo um metro entre os indivíduos, com relação a mudança de recebimento dos gêneros foi de 77,8%, na fabricação das refeições ocorreu em 66,7% e na distribuição foi 66,7%. Também ocorreram modificações em 88,9% das Unidades para avaliar o estado de saúde dos funcionários como: questionamentos sobre a saúde, aferição de temperatura e verificação dos sinais gripais. (ARANHA et al., 2020).
Tabela 1– Teste de avaliação aplicado aos trabalhadores de UAN’s em São Paulo.
Fonte: Tabela adaptada de Aranha et al, 2020.
Com relação à Tabela 1, podemos observar que 100% das UAN’s estão oferecendo máscaras e luvas para os funcionários, assim 77,8% fazem o uso da máscara durante todo o período de expediente. Já relacionado com os treinamentos quanto a COVID-19, 33,3% das unidades entrevistadas realizaram e 66% não. Além disso, também ocorreu mudanças no afastamento de funcionários em cerca de 33,3%, porém 66,7% não despediu seus trabalhadores (ARANHA et al., 2020).
Segundo Pontes et al. (2020), em uma verificação de uma UAN militar localizada no município de São Paulo, foram elaborados diversos infográficos para proporcionar o conhecimento com relação a diversos temas e com objetivo de evitar a contaminação pelo coronavírus, dentre eles estão: o manual de boas práticas, segurança alimentar, manipulação dos alimentos e saúde dos funcionários. Além disso, também foram estabelecidas medidas para diminuir a aglomeração no refeitório, com um tempo máximo de permanência de até 20 minutos, utilização obrigatória da máscara no local para ser retirada apenas na hora da refeição, higienização correta das mãos, distanciamento na fila de distribuição e entre as mesas.
CONCLUSÕES
Portanto, com a necessidade de ressignificar novas práticas, de acordo com os protocolos de saúde e seguindo as recomendações do distanciamento social, os serviços de alimentação buscam permanecer e progredir sua atuação do mercado de trabalho. Visto todas as dificuldades encontradas mediante a situação da pandemia do coronavírus e suas repercussões na sociedade que geram instabilidade emocional, física e financeira, o que acarreta o desemprego, insegurança alimentar e transtornos alimentares. Com isso, contornando todas essas divergências e seguindo os parâmetros exigidos pelas normativas de saúde, os serviços de alimentação vêm se inovando e passando por constantes mudanças, para dar continuidade às vendas de forma eficaz e viável ao novo cenário.
REFERÊNCIAS
ARANHA, F. Q. et al. Mudanças no serviço de alimentação coletiva devido a pandemia de COVID-19. The Journal of the Food and Culture of the Americas, v. 2, n. 2, p. 252-267, 2020.
DE SOUSA FERNANDES, S. A.; SILVA, R.; DO CARMO, V. T. Produção de alimentos e segurança alimentar no Brasil durante a pandemia. Mundo e Desenvolvimento: Revista do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais, v. 1, n. 5, p. 92-112, 2021.
OLIVEIRA, T. C; ACHANCES, M. V; LANA, R. M. Segurança alimentar no contexto da pandemia por SARS-CoV-2. Cadernos de Saúde Pública, v. 36, n. 4, 2020.
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). Folha informativa – COVID-19. Brasília: OPAS; 2020.
PANDOLFI, I. A.; MOREIRA, L. Q.; TEIXEIRA, E. M. B. Segurança alimentar e serviços de alimentação-revisão de literatura. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 7, p. 42237-42246, 2020.
PONTES, B. P. et al. Boas práticas de produção e a percepção do manipulador em relação ao COVID-19 em uma unidade de alimentação e nutrição militar no município de São Paulo. Advances in Nutritional Sciences, v. 1, n. 1, p. 1-13, 2020.
SILVA, R.C.R et al. Implicações da pandemia COVID-19 para a segurança alimentar e nutricional no Brasil. Ciência e Saúde Coletiva, v. 25, p. 3421-3430, 2020.