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Trabalhos publicados como capítulo de livro pela editora Agron Food Academy

PROPRIEDADES ANTIOXIDANTES DA GELEIA DE ACEROLA COM MELÃO DE SÃO CAETANO

Thalia Amannara Melo da Costa1; Mayara Gabrielly Germano de Araújo2; Edson Douglas Silva Pontes3; Vanessa Bordin Viera4

1Discente do Curso de Nutrição – CES – UFCG; E-mail: [email protected]

2 Nutricionista – CES – UFCG; E-mail: [email protected]

3Mestrando em Engenharia de Alimentos – CTRN – UFCG; E-mail: [email protected]

4Docente do departamento de Nutrição – CES – UFCG. E-mail: [email protected]

Resumo: As frutas são importantes alimentos, pois são ricos em vitaminas, minerais, fibras, além de possuir um alto potencial antioxidante, que por sua vez são capazes de prevenir doenças como o câncer. Entretanto, devido as suas características fisiológicas ainda há um grande desperdício de frutas, sendo necessárias estratégias para minimizar esse efeito. Uma alternativa viável é a elaboração de geleias que além de evitar o desperdício, amplia a forma de consumo dessas frutas, sobretudo do melão de São Caetano, uma fruta não convencional subutilizada que apresenta diversas propriedades nutricionais. Assim, objetivou-se a elaborar uma geleia mista de acerola e melão de São Caetano e avaliar suas propriedades antioxidantes. A geleia apresentou uma quantidade de fenólicos totais de 106,60 mg EAG/100g; flavonoides totais de 58,13 mg CE/100g e Atividade antioxidante de 0,79 µmol TE/g. Diante dos resultados, a geleia apresentou um alto teor de compostos fenólicos totais e flavonoides totais, além de uma excelente capacidade antioxidante.

Palavras–chave: plantas alimentícias não convencionais; conservação de frutas; Momordica charantia

INTRODUÇÃO

As frutas são ótimas fontes de micronutrientes e fibras, por isso, são de grande importância na alimentação. Seu consumo adequado está relacionado à prevenção de doenças cardiovasculares e cânceres (BRASIL, 2014; OPAS, 2013). Elas apresentam um curto período para o consumo por causa de mudanças fisiológicas, para diminuir o desperdício e aumentar as várias formas de consumo de frutas, podem ser feitos diversos produtos alimentícios, sendo a geleia um desses produtos (PINTO, 2013).

A geleia é um produto proveniente da obtenção da cocção de partes de frutas ou frutas inteiras, polpas ou suco de frutas e açúcar, a adição de água, e outros ingredientes que são opcionais na elaboração da geleia (BRASIL, 1978).

A acerola (Malpighia emarginata D.C.) é uma fruta tropical nativa da América que devido suas características nutricionais e sensoriais, levam a um amplo uso da fruta em preparações como suco, geleias e compota (SILVA; DUARTE; BARROZO, 2016).

Segundo Couto (2006), Melão de São Caetano (Momordica charantia L.) é uma planta de origem asiática, porém muito distribuída no Brasil, é uma trepadeira que se espalha rápido pelo chão, árvores ou cerca, de cheiro desagradável e possui o fruto de gosto amargo. Sendo muito utilizada como antibacteriano, anti-helmíntico, antiviral, antioxidante, cicatrizante e inseticida (JOSEPH; JINI, 2013).

Diante do exposto, objetivou-se elaborar uma geleia mista de acerola com melão de São Caetano e avaliar suas propriedades antioxidantes

MATERIAL E MÉTODOS

LOCAL DE EXECUÇÃO DA PESQUISA

O processamento do produto adscrito foi executado no Laboratório de Tecnologia de Alimentos (LTA) do Centro de Educação e Saúde da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG/CES) e as avaliações dos compostos fenólicos, dos flavonoides e atividade antioxidante foram realizadas em triplicata no Laboratório de Bromatologia da referida instituição.

Foram utilizados os seguintes ingredientes: acerola, melão de São Caetano, água potável e açúcar cristal, estes foram adquiridos no comércio local de Cuité-PB, com exceção dos melões que foram coletados na UFCG/CES.

MATÉRIA-PRIMA

A geleia utilizada foi previamente elaborada. Resumidamente, utilizou-se a proporção de 50 frutos: 50 açúcares), em que a composição total dos frutos foram 80% acerola e 20% de melão de São Caetano. As frutas foram liquidificadas junto a água (40% de água referente a quantidade total de frutas), peneiradas e levadas ao fogo até a obtenção da geleia. Por fim, a geleia foi resfriada e utilizada nas análises.

DETERMINAÇÃO DO CONTEÚDO DE FENÓLICOS TOTAIS

Para determinar o teor de compostos fenólicos totais utilizou-se metodologia descrita por Liu et al. (2002). A absorbância foi medida a 765 nm utilizando espectrofotômetro. Também foi realizado um branco com a ausência da geleia para zerar o espectrofotômetro. O conteúdo de compostos fenólicos totais das amostras foi determinado utilizando uma curva padrão preparada com ácido gálico. Os resultados foram expressos em mg equivalentes de ácido gálico (EAG) por cem gramas de amostra (mg EAG/100 g).

DETERMINAÇÃO DO CONTEÚDO DE FLAVONOIDES TOTAIS

O teor de flavonoides totais foi determinado de acordo com o método proposto por Zhishen et al. (1999). A absorbância da amostra foi medida a 510 nm usando um espectrofotômetro contra um branco na ausência da geleia. O teor de flavonoides totais dos extratos foi determinado usando uma curva padrão de equivalentes de catequina (EC). Os resultados foram expressos em mg equivalentes de catequina (EC) por cem gramas de amostra (mg EC/100 g).

ATIVIDADE ANTIOXIDANTE IN VITRO – MÉTODO FRAP

Para determinação da atividade antioxidante por meio da redução do ferro (FRAP) foi utilizada metodologia descrita por Benzie e Strain (1996), adaptada por Pulido et al. (2000). Para cada extrato foi realizado um branco, sem adição da geleia. Após, as absorbâncias foram medidas em espectrofotômetro a 593 nm.  Para determinar a atividade antioxidante (FRAP) dos extratos foi utilizada curva de calibração com Trolox e os resultados foram expressos em µmol de trolox/g de amostra.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No contexto alimentar, os antioxidantes são definidos como substâncias capazes de impedir e controlar total ou parcialmente o processo de oxidação lipídica e deterioração (GULCIN, 2020). A Tabela 1 apresenta os escores médios das análises de antioxidantes e compostos fenólicos da geleia.

Tabela 1 -Flavonóides totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante da geleia de acerola e melão de São Caetano.

VARIÁVEISMÉDIADESVIO PADRÃO
Fenólicos totais (mg EAG/100g)106,600,00
Flavonoides totais (mg CE/100g)58,130,00
Atividade antioxidante (µmol TE/g)0,790,00

A geleia de acerola obteve valores médios de 106,60; 58,13; e 0,79 para fenólicos totais, flavonoides totais e atividade antioxidante, respectivamente. Lima et al. (2020) avaliaram as propriedades antioxidantes de uma geleia mista de uva com carnaúba por técnica de FRAP e encontraram um valor de 0,04, valor inferior ao desse estudo.

Couto et al. (2020) encontraram o valor médio de 2,86 ± 0,78 para flavonoides totais em uma geleia de cupuaçu obtida a partir do mesocarpo. Os valores encontrados pelos autores são inferiores ao deste estudo.

Os altos teores antioxidantes na geleia mista discutida neste trabalho, podem estar associadas a adição do melão de São Caetano. Estudos conduzidos por Chen et al. (2019) descrevem sobre o poder antioxidante da fruta. Conforme Fonseca et al. (2017) as Plantas Alimentícias Não Convencionais (como o melão de São Caetano), são excelentes alternativas para atender à crescente demanda de consumo visando benefícios à saúde como alimentos funcionais com propriedades bioativas, antioxidantes e ação nutracêutica.

CONCLUSÕES

Infere-se que a geleia de acerola e melão de São Caetano possui um alto potencial antioxidante, podendo ser uma alternativa para um melhor aproveitamento das frutas.

REFERÊNCIAS

BENZIE, I. F. F.; STRAIN, J. J. Ferric reducing ability of plasma (FRAP) as a measure of antioxidant power: The FRAP assay. Analytical Biochemistry, v. 239, p.70-76, 1996.

BRASIL. Secretaria de Atenção Básica. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde.  Secretaria de Vigilância Sanitária. Resolução Normativa nº. 15 de 4 de maio de 1978. Define termos sobre geleia de frutas.

CHEN, F. et al. Antioxidant activity of Momordica charantia polysaccharide and its derivatives. International journal of Biological Macromolecules, v. 138, p. 673-680, 2019.

COUTO, M. E. O. Coleção   De   Plantas   Medicinais   Aromáticas   E   Condimentares-Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006. 91 p.

COUTO, A. G. V. et al. Avaliação físico-química e bioativa da polpa e geleia produzida a partir do fruto de Theobroma grandflorum Schum (Cupuaçú). Revista Arquivos Científicos (IMMES), v. 3, n. 2, p. 1-9, 2020.

FONSECA, C. et al. A importância das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCS) para a sustentabilidade dos sistemas de produção de base ecológica. Cadernos de Agroecologia, v. 13, n. 1, 2018.

GULCIN, İ. Antioxidants and antioxidant methods: An updated overview. Archives of toxicology, v. 94, n. 3, p. 651-715, 2020.

JOSEPH, B.; JINI, D. Antidiabetic effects of Momordica charantia (bitter melon) and

it’s medicinal potency. Asian Pacific J. Tropical Disease, v. 3, n. 2, p.93-102, 2013.

LIMA, J. S. et al. Elaboração e Avaliação da Capacidade Antioxidante da Geleia de Uva Isabel com Carnaúba. Research, Society and Development, v. 9, n. 6, 2020.

LIU, M.; LI, X. Q.; WEBER, C.; LEE, C. Y.; BROWN, J.; LIU, R. H. Antioxidant and antiproliferative activities of raspberries. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 50, n. 10, p. 2926-2930, 2002.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE (OPAS), Organização Mundial da Saúde (OMS). Doenças crônico-degenerativas e obesidade: estratégia mundial sobre alimentação saudável, atividade física e saúde. Brasília: OPAS, OMS; 2003.

PINTO, P. M. Pós-colheita de abiu, bacupari e camu-camu, nativos da Região Amazônica, cultivados no Estado de São Paulo. 2013. Tese (Doutorado em Fitotecnia) – ESALQ, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2013.

PULIDO, R. et al. Antioxidant activity of dietary polyphenols as determined by a modified ferric reducing/antioxidant power assay. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 48, n. 8, p. 396-402, 2000.

SILVA, P. B.; DUARTE, C. R.; BARROZO, M. A. S. Dehydration of acerola (Malpighia emarginata DC) residue in a new designed rotary dryer: Effect of process variables on main bioactive compounds. Food and Bioproducts Processing, v. 98, p. 62-70, 2016. ZHISHEN, J. et al. The determination of flavonoid contents in mulberry and their scavenging effects on superoxide radicals. Food Chemistry, v. 64p. 555−559, 1999.

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