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O PAPEL DA PRÁTICA DA ATIVIDADE FÍSICA EM PACIENTES COM BAIXO CONSUMO DE CARBOIDRATOS

Capítulo de livro publicado no livro do I Congresso Internacional em Ciências da Nutrição. Para acessa-lo  clique aqui.

DOI: https://doi.org/10.53934/9786585062015-21

Este trabalho foi escrito por:

Aiessa Belize Balko, https://orcid.org/0000-0002-8040-8262;

Clarice Fabiano Costa Palavissini, https://orcid.org/0000-0003-3419-6526;

Dayane Cristina de Souza, https://orcid.org/0000-0003-4552-6500;

Dartel Ferrari de Lima, https://orcid.org/0000-0002-3633-9458.

*Aiessa Belize Balko – Email: [email protected]

Resumo: A obesidade é uma doença sistêmica crônica, que requer uma gestão interdisciplinar, por resultantes multifatoriais: genéticos, epigenéticos, fisiológicos, socioculturais e comportamentais decorrentes de desequilíbrio prolongado entre ingestão e gasto energético. Nosso objetivo é investigar os efeitos da atividade física em indivíduos submetidos à dieta cetogênica. Para tal nos embasamos em revisão narrativa publicadas nas bases bibliográficas: Medical Literature Analysis and Retrieval System on-line (MEDLINE) via PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Considerou-se, por critérios de relevância da investigação, 12 ensaios clínicos randomizados ou não, dos últimos 5 anos, em indivíduos de ambos os sexos, em maioridade, com excesso de peso, sob intervenção de dieta cetogênica e atividade física de 2 a 24 meses, evidenciando efeitos positivos sobre o estado de saúde. Observamos que para aderência ao tratamento alguns fatores são determinantes, tais como: Volume-intensidade dos exercícios aeróbios e resistidos; Déficit energético da dieta; Direcionar programas de saúde continuados de gestão política de prevenção de doenças associadas. Dessa forma, concluímos que as evidências permanecem inconclusivas e as pesquisas publicadas apresentam limitações importantes. A curto prazo, as dietas promovem diferentes graus de sucesso, mas, a longo prazo, as diferentes dietas oferecem resultados muito parecidos entre os estudos e a segurança e a eficácia ainda precisam ser determinadas.

Palavras–chave: ATIVIDADE FÍSICA; CETOGÊNESE; DIETA; OBESIDADE; PERDA DE PESO


Abstract: Obesity is a chronic systemic disease that requires interdisciplinary management, due to multifactorial results: genetic, epigenetic, physiological, sociocultural and behavioral resulting from a prolonged imbalance between energy intake and expenditure. Our objective is to investigate the effects of physical activity in individuals submitted to a ketogenic diet. To this end, we based ourselves on a narrative review published in the bibliographic databases: Medical Literature Analysis and Retrieval System on-line (MEDLINE) via PubMed and the Virtual Health Library (BVS). Based on research relevance criteria, 12 randomized or non-randomized clinical trials in the last 5 years were considered, in individuals of both sexes, aged, overweight, under a ketogenic diet and physical activity from 2 to 24 hours. months, showing positive effects on health status. We observed that for adherence to treatment, some factors are decisive, such as: Volume-intensity of aerobic and resistance exercises; Dietary energy deficit; Directing ongoing health programs and policy management for the prevention of associated diseases. Thus, we conclude that the evidence remains inconclusive and the published research has important limitations. In the short term, diets promote different degrees of success, but in the long term, different diets offer very similar results across studies, and safety and effectiveness have yet to be determined.

Keywords: PHYSICAL ACTIVITY; KETOGENESIS; DIET; OBESITY; WEIGHT LOSS

INTRODUÇÃO

Os carboidratos, juntamente com a gordura, são as principais fontes de energia, razão pela qual, muitos estudos têm se interessado na relação entre a ingestão de carboidratos dietéticos e o desempenho físico. A primeira vista, os carboidratos são o suporte de alimentos que fazem parte da base da pirâmide alimentar, uma representação usada para orientar sobre quais os tipos e as quantidades de alimentos que devem ser consumidos por dia. Nessa orientação, as pessoas deveriam consumir a maior parte de sua dieta energética de alimentos ricos em carboidratos, assim, assim ajudariam a otimizar o desempenho físico. Contudo, nos últimos anos, tem havido um interesse crescente em vários tipos de dietas de baixo teor de hidratos de carbono.

As dietas alimentares hipocalóricas que empregam a restrição de macronutrientes (proteínas, carboidratos e gorduras) são utilizadas por indivíduos que almejam perder peso. Os indivíduos que consomem mais gorduras nas dietas, tendem a consumir menos carboidratos (McVAY et al., 2014) (1). Os planos alimentares com baixo teor de carboidratos associados à prática de atividades físicas (AF) vêm sendo cada vez mais utilizados no controle de peso corporal e se mostram eficientes para perder peso (NOAKES e WINDT, 2017; GIUGLIANO et al., 2018) (2). No entanto, desajustes no equilíbrio dessa associação podem causar sobrecarga, disfunções regulatórias e multifuncionais do organismo.

Diante desse rápido cenário, este estudo se propõe examinar as provas científicas sobre os efeitos de uma menor ingestão de carboidratos no desempenho de atividades físicas de homens e mulheres adultos (≥ 18 anos de idade) em comparação com uma maior ingestão. Com este conhecimento, torna plausível fornecer conselhos dietéticos para a formação de condutas profissionais com base no estado da arte e identificar possíveis necessidade de ampliar investigação sobre esta temática.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

As buscas realizadas seguiram normas da revisão narrativa da literatura, apropriadas para descrever e discutir o estado da arte de um determinado assunto, sem preocupação maior com a sistematização para a busca das referências e em fornecer dados quantitativos. Esse modelo permitiu adquirir e atualizar o conhecimento sobre a temática alvo em curto espaço de tempo.

O trabalho na revisão da literatura começou com pesquisas bibliográficas realizadas em duas bases de dados eletrônicas diferentes: Medical Literature Analysis and Retrieval System on-line (MEDLINE) via PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os artigos que eram relevantes para a questão da investigação e que foram encontrados, foram revisados e os resultados foram classificados como provas. Foram utilizados os seguintes critérios para a seleção de artigos na pesquisa bibliográfica: a) critérios de inclusão: estudos realizados em adultos >18 anos de idade; ensaios randomizados; estudos com humanos; intervenção dietética em curso há pelo menos um dia; dietas com teor de carboidratos ≤ 40% do valor energético total (VET): b) critérios de exclusão: estudos escritos em outras línguas que não o inglês e o português; outras intervenções dietéticas concomitantes, tais como a suplementação alimentares; estudos feitos sobre a ingestão de solução de carboidratos somente um pouco antes/durante o exercício; dietas com teor de carboidratos ≥ 40% do valor energético total (VET), baseado nos limites de ingestão recomendado pela Organização Mundial da Saúde (40% a 60%).

Os descritores, em português (dieta carboidratos AND atividade física; dieta hidrato de carbono AND atividade física) e em inglês (carbohydrate diet AND physical activity) foram selecionados com base no problema de investigação e incluíam carboidratos e atividade física. O título e o resumo dos artigos foram lidos para determinar se eram relevantes para a investigação e se deveriam ser selecionados para uma análise mais aprofundada. Após a seleção inicial, os artigos foram avaliados em relação aos critérios de inclusão e exclusão. Na busca dos artigos, foram utilizados os seguintes descritores em português e inglês: obesidade, sobrepeso, estilo de vida, baixo consumo de carboidrato, emagrecimento, cetose, jejum intermitente, atividade física.

RESULTADOS

Foram eleitas e analisadas 12 revisões sistemáticas, várias destas com meta-análises.

O quadro 1 apresenta a síntese dos mesmos:

Na qualidade geral da revisão sistêmica mostraram superioridade da dieta pobre em carboidratos para perda de peso, enquanto meta-análises de alta qualidade relataram pouca ou nenhuma diferença entre as dietas. Um maior número de participantes correlacionado com menores diferenças na perda de gordura corporal se comparado a ouras dietas. Em pessoas sedentárias apresenta maior resposta e em geral, representa melhora no estado geral da saúde, como no perfil lipídico, porém há possibilidade destes dados serem igualmente atendidos a outros modelos de dieta.

DISCUSSÕES

O tratamento clínico dos dados, prima pelos efeitos da atividade física em resposta a alimentação específica em indivíduos obesos submetidas a plano alimentar com restrição de carboidratos. É importante considerar a dificuldade de seguir os novos hábitos alimentares adotados com a cetogênese, nos fins de semana e em eventos sociais. (BALKO et al., 2021). O trabalho de Noakes e colaboradores (2014) (3) demonstraram que a adaptação crônica a uma dieta rica em gorduras e com poucos carboidratos induz taxas muito altas de oxidação de gordura durante o exercício (até 1,5 g por minuto), suficiente para a maioria dos praticantes de exercícios nas mais variadas formas de exercício, sem a necessidade de adicionar carboidrato. Assim, a gordura, incluindo os corpos cetônicos, parece ser a fonte de energia ideal para a maioria dos exercícios: é abundante e não precisa de substituição ou
suplementação durante o exercício.
Benito et al., 2015 (4) em estudo randomizado, comparar os efeitos de diferentes programas de atividade física, em combinação com uma dieta hipocalórica, sobre variáveis antropométricas e composição corporal em indivíduos obesos. 96 obesos (homens: n = 48; mulheres: n = 48; faixa etária: 18-50 anos) participaram de um programa supervisionado de 22 semanas
Um fato interessante sobre os trabalhos publicados sobre a influência das dietas com baixo consumo de carboidratos na perda de peso é a definição que os autores fazem do que é uma dieta com baixo teor de carboidratos. Uma metanálise feita por Churuangsuk et al., (2018) (5) verificou que alguns autores consideram esse tipo de dieta quando o consumo diário de carboidratos é inferior a 120 g, enquanto outros trabalhos utilizaram dietas com ingestão diária de carboidratos menor do que 60 g. Existem também os trabalhos que focam no uso de dietas VLCKD que restringem o consumo de carboidratos em menos de 50 g/dia. Os autores também observaram que alguns trabalhos publicados na literatura utilizaram apenas as dietas comerciais como a dieta Atkins, dieta Ornish entre outras. Independentemente do tipo da dieta (baixo ou baixíssimo teor de carboidrato), juntamente com os benefícios já demonstrados da atividade física em pessoas com sobrepeso e obesidade (BENITO et al., 2015), podem ter um duplo efeito, com melhores resultados nos processos de perda de peso e melhoria da composição corporal e perfil lipídico; contudo, os estudos sobre estes reais benefícios ainda são bastante limitados na literatura (MARTÍN- MORADELA et al., 2019) (6).
Chagas, (2016) (7) obteve como resultado em ambos os grupos, semelhanças sobre a redução dos parâmetros antropométricos avaliados, porém o grupo R-CHO apresentou maiores escores de dificuldades no seguimento dietético de refeições noturnas, bem como reduções, ao longo das 12 semanas de intervenção, nas taxas hormonais de T4, T4 livre e testosterona. A restrição calórica associada à prática de treinamento regular sem necessariamente a redução de carboidratos, é capaz de favorecer a perda de peso e melhoria na composição corporal, além de alterações hormonais características no processo de perda de peso, podendo também ser mantida com menores relatos de dificuldades.
Comparado ao grupo controle, o grupo LCKD diminuiu significativamente o peso, IMC e percentagem de gordura corporal e massa magra respectivamente. Não houve significante diferença na mudança de massa magra corporal, entre ou dentro dos grupos. Não foi encontrado nenhuma diferença significativa no total, mudança do tempo de desempenho entre os grupos, no entanto, ambos grupos diminuíram significativamente o tempo total do desempenho. Carboidrato a ingestão foi significativamente maior em LCKD em comparação com controle respectivamente. Portanto LCKD combinado a 6 semanas de treinamento Cross Fit pode levar a redução significativa de % gordura, massa magra peso e IMC, mantendo LBM e melhorando a performance (GREGORY, et al., 2017) (8).
Em um estudo publicado recentemente, Wilson e colaboradores (2017) (9) investigaram os efeitos de uma dieta cetogênica em comparação com uma dieta ocidental nas adaptações ao treinamento de resistência; os autores também observaram alterações favoráveis da composição corporal no grupo da dieta cetogênica com aumentos semelhantes na força e potência muscular em comparação à dieta ocidental.
Para Perroni et al., 2018 (10), em sua revisão concluiu que, independentemente do nível de treinamento, a dieta cetogênica ofertando <50 g de carboidrato por dia, embora possa induzir vantagens metabólicas, pode resultar em efeitos ergogênicos, quanto a capacidade de endurance, bem como a outros parâmetros de alto desempenho, onde a dependência de carboidrato tão claramente predominante. Para pacientes atletas, a dieta com baixa ingestão de carboidratos é prejudicial. Resultados apresentados por Wroble e colaboradores (2018) (11) mostraram que uma dieta cetogênica com baixa ingestão de carboidratos prejudica o desempenho do exercício anaeróbico, quando comparada com uma dieta com alto teor de carboidratos. Neste contexto, a menos que existem razões para seguir uma dieta pobre em carboidratos, os atletas devem ser notificados a evitar estas dietas e seguirem as recomendações para consumirem uma dieta rica em carboidratos. Jacob et al., 2020 (12), em seus resultados, um painel metabólico abrangente e níveis de testosterona também foram medidos nas semanas 0 e 11. A massa corporal magra (LBM) aumentou em ambos os grupos KD e WD (2,4% e 4,4%, p <0,01) na semana 10. No entanto, apenas o KD o grupo mostrou um aumento na massa magra entre as semanas 10 e 11 (4,8%, p <0,0001). Finalmente, a massa gorda diminuiu em ambos os grupos KD (-2,2 ± 1,2 kg) e WD (-1,5 ± 1,6 kg). A força e a potência aumentaram na mesma medida nas condições WD e KD das semanas 1 a 11. Nenhuma mudança em quaisquer medidas de lipídios séricos ocorreu das semanas 1 a 10; no entanto, uma rápida reintrodução de carboidratos das semanas 10 a 11 aumentou os níveis de triglicerídeos no plasma no grupo KD. A testosterona total aumentou significativamente das semanas 0 a 11 na dieta KD (118 ng · dl) em comparação com o WD (-36 ng · dl) do pré para o pós, enquanto a insulina não mudou. Salvador Vargas et al., 2020 (13) em seu estudo, pode indicar como resultado que, uma (dieta cetogênica) KD pode ajudar a diminuir a massa gorda e manter a massa livre de gordura após oito 8 semanas de RT em mulheres treinadas, mas é subótimo para aumentar a massa livre de gordura. Uma redução significativa na massa gorda foi observada em KD (- 1,1 ± 1,5 kg; P = 0,042; d = – 0,2), mas não em NDK (0,3 ± 0,8 kg; P = 0,225; d = 0,1). Nenhuma mudança significativa na massa livre de gordura foi observada em KD (- 0,7 ± 1,7 kg; P = 0,202; d = – 0,1) ou NKD (0,7 ± 1,1 kg; P = 0,074; d = 0,2), mas mudanças absolutas favoreceram NKD. Não foram observadas mudanças significativas na PA no KD (1,5 ± 4,6 kg; P = 0,329; d = 0,2), embora mudanças significativas tenham sido observadas no agachamento e CMJ (5,6 ± 7,6 kg; P = 0,045; d = 0,5 e 2,2 ± 1,7 kg; P = 0,022; d = 0,6, respectivamente). Em contraste, NKD mostrou aumentos significativos na PA (4,8 ± 1,8; P <0,01; d = 0,7), agachamento (15,6 ± 5,4 kg; P = 0,005; d = 1,4) e CMJ (22,0 + 4,2 cm; P = 0,001; d = 0,5). Paoli et al., 2021 (14), em pesquisa a abordagem que restringe carboidratos por dia, em seus resultados obteve índices de redução significativa de gordura corporal KD ( p = 0,030); enquanto a massa magra aumentou significativamente apenas no WD ( p <0,001). A força máxima aumentou de forma semelhante em ambos os grupos. KD mostrou uma diminuição significativa de triglicerídeos no sangue ( p <0,001), glicose ( p = 0,001), insulina ( p<0,001) e citocinas inflamatórias em comparação com WD, enquanto o BDNF aumentou em ambos os grupos com alterações significativamente maiores na KD ( p <0,001), contatando que KD pode ser usado durante a preparação de musculação para fins de saúde e inclinação, mas com o cuidado de que a resposta do músculo hipertrófico pode ser embotada. Valenzuela et al., 2021 (15) em recente revisão, resume as evidências atuais – com um foco particular em ensaios clínicos randomizados – sobre os efeitos da KD na composição corporal e no desempenho muscular (força e potência) em indivíduos treinados com força. Embora faltem estudos de longo prazo (> 12 semanas), evidências crescentes apoiam a eficácia de um KD ad libitum e com equilíbrio energético para reduzir o corpo total e a massa gorda, pelo menos em curto prazo. No entanto, nenhum benefício ou benefício insignificante na composição corporal foram observados ao comparar a DK hipocalórica com dietas convencionais, resultando no mesmo déficit de energia. Além disso, alguns estudos sugerem que a KD pode prejudicar a hipertrofia muscular induzida pelo treinamento de resistência, às vezes com decréscimos concomitantes no desempenho muscular, pelo menos quando expresso em unidades absolutas e não em relação à massa corporal total (por exemplo, uma repetição máxima). KD pode, portanto, ser uma estratégia benéfica para promover a perda de gordura, embora possa não ser uma opção recomendável para ganhar massa muscular e força / potência. Mais pesquisas são necessárias sobre a adoção de estratégias para evitar o efeito potencialmente prejudicial da KD na massa muscular e força / potência (por exemplo, aumento da ingestão de proteínas, reintrodução de carboidratos antes da competição). Em resumo, as evidências ainda são escassas para apoiar um grande efeito benéfico da KD na composição corporal ou desempenho em indivíduos treinados com força. Além disso, a eficácia a longo prazo e a segurança desse tipo de dieta ainda precisam ser determinadas pelo menos quando expresso em unidades absolutas e não em relação à massa corporal total (por exemplo, uma repetição máxima).
Em recente estudo, Wrzosek et al., 2021, (16) propuseram-se a avaliar o impacto das dietas LFHC e LCHF na composição corporal de homens saudáveis que praticam esportes de força, mantendo o valor calórico adequado em uma dieta e ingestão de proteínas. A pesquisa envolveu 55 homens com idades entre 19-35, com IMC médio de 24,01 ± 1,17 (mín. 20,1, máx. 26,1). Os participantes foram divididos em dois grupos seguindo duas dietas de intervenção: dieta rica em gordura ou em carboidratos, por 12 semanas. A composição corporal dos participantes foi medida por bioimpedância. Após o experimento de 12 semanas baseado na dieta pobre em carboidratos, uma redução significativa da massa corporal de 1,5% foi observada. No grupo, seguindo a dieta com LFHC, os parâmetros não mudaram significativamente. No grupo que segue a dieta de LCHF, foi relatada a redução da gordura corporal de 8,6% de 14 (6,7-19,8) kg para 12,7 (3,9-19,2) (p = 0,01) (no valor absoluto de 1,2 kg). No entanto, também no grupo LFHC, a massa de gordura corporal foi reduzida significativamente, ou seja, em 1,5% (p = 0,01) (em 0,4 kg). No entanto, vale ressaltar que apesar das mudanças significativas dentro dos grupos, essas mudanças não foram estatisticamente significativas entre os grupos. Dietas com ingestão diferente de carboidratos e gorduras e o valor energético que cobre as necessidades energéticas de homens para treinamento de esportes de força têm impacto semelhante nas mudanças na composição corporal.

CONCLUSÕES

A crença de que existe uma dieta mágica estimulou estudos que se concentraram em várias composições de macronutrientes, baseadas em padrões alimentares e eliminando um ou mais grupos alimentares importantes. Assim, existem muitos caminhos para a perda de peso bem-sucedida, independentemente da dieta escolhida.
Infelizmente, as evidências permanecem inconclusivas e as pesquisas publicadas apresentam limitações importantes. A curto prazo, as dietas promovem diferentes graus de sucesso, mas, a longo prazo, as diferentes dietas oferecem resultados muito parecidos entre os estudos e a segurança e a eficácia ainda precisam ser determinadas.
O ponto fundamental é adotar uma dieta que crie um balanço energético negativo e se baseie na qualidade adequada dos alimentos para promover a saúde. Em todas as dietas estudadas, aquela que apresentou melhores resultados foi a que promoveu maior adesão do paciente. Assim é importante que os profissionais recomendem dietas de acordo com a preferência do paciente, a fim de melhorar a adesão e reduzir a ingestão calórica e a perda de peso. Isso não significa que a composição da dieta não seja importante, mas apenas que o balanço energético negativo é o fator chave na promoção da perda de peso.
Atualmente, não existem evidências que comprovem a maior eficiência de uma dieta (cetogênica) em relação a outra (déficit energético) em termos de perda de peso. Por outro lado, não existe uma dieta que seja boa para todos os tipos de pacientes que pretendem perder peso. Sendo assim, quando se prescreve uma dieta ao paciente, é importante considerar os hábitos culturais e as preferências alimentares para maximizar a aderência à dieta.
O pequeno efeito (ou até nulo) do exercício no controle do peso, pode ser explicado pelo menor déficit energético realmente induzido pelo treinamento físico em comparação com os teoricamente previstos. Outro aspecto importante que pode diminuir a influência do exercício na perda de peso é o aumento potencial no consumo de alimentos como efeito compensatório de um gasto energético induzido pelo exercício.

REFERÊNCIAS

1 – McVay MA, Voils CI, Coffman CJ, Geiselman PJ, Kolotkin RL, Mayer SB, Smith VA, Gaillard L, Turner MJ, Yancy WS Jr. Factors associated with choice of a low-fat or low- carbohydrate diet during a behavioral weight loss intervention. Appetite. 2014 Dec;83:117- 124. doi: 10.1016/j.appet.2014.08.023. Epub 2014 Aug 19. PMID: 25149197; PMCID: PMC4861996.
2 – NOAKES, Timothy David; WINDT, Johann. Evidence that supports the prescription of low-carbohydrate high-fat diets: a narrative review. British journal of sports medicine, v. 51, n. 2, p. 133-139, 2017.

3 – NOAKES, Timothy; VOLEK, Jeff S.; PHINNEY, Stephen D. Low-carbohydrate diets for athletes: what evidence?. British Journal of Sports Medicine, v. 48, n. 14, p. 1077-1078, 2014.
4 – BENITO, Pedro J. et al. Change in weight and body composition in obese subjects following a hypocaloric diet plus different training programs or physical activity recommendations. Journal of Applied Physiology, v. 118, n. 8, p. 1006-1013, 2015.
5 – CHURUANGSUK, Chaitong et al. Low‐carbohydrate diets for overweight and obesity: a systematic review of the systematic reviews. Obesity Reviews, v. 19, n. 12, p. 1700-1718, 2018.

6 – MARTÍN-MORALEDA, Evelyn et al. Weight loss and body composition changes through ketogenic diet and physical activity: a methodological and systematic review. Nutricion hospitalaria, v. 36, n. 5, p. 1196-1204, 2019.

7 – CHAGAS, Bárbara Lúcia Fonseca. Efeitos da redução de carboidratos da dieta assoaidcada a exercício físico em um programa de perda de peso. 2016 78F. Dissertação (Pós- Graduação em Educação Física) Universidade Federal de Sergipe, Sáo Cristóvão, 2016

8 – GREGORY, Rachel M. A low-carbohydrate ketogenic diet combined with six weeks of crossfit training improves body composition and performance. 2016.
9 – Wilson e colaboradores, 2017. Efeitos da dieta cetogênica na composição corporal, força, potência e perfis hormonais em homens de treinamento de resistência
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10 – PERRONI, C. O. de A., de Moura, B. M., & Panza, V. S. P. (2018). Efeito da dieta cetogênica na capacidade de endurance e na utilizaçãoo de substratos energéticos no exercício. RBNE – Revista Brasileira De Nutrição Esportiva, 12(73), 574-589. Disponível em: http://www.rbne.com.br/index.php/rbne/article/view/1084/792 ISSN 1981-9927 versão eletrônica

11 – WROBLE et al., 2018.Dieta cetogênica com baixo teor de carboidratos prejudica o desempenho do exercício anaeróbico em mulheres e homens treinados em exercício: um estudo cruzado de sequência aleatória Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29619799/

12 – JACOB et all 2020 Journal of Strength and Conditioning Research – December 2020. Volume 34 ISSUE 12 pág 3463-3474

13 – VARGAS-MOLINA, Salvador et al. Effects of a ketogenic diet on body composition and strength in trained women. Journal of the International Society of Sports Nutrition, v. 17, n. 1, p. 1-10, 2020.

14 – PAOLI et al , 2021. Efeitos de dois meses de dieta cetogênica muito baixa em carboidratos na composição corporal, força muscular, área muscular e parâmetros sanguíneos em fisiculturistas naturais competitivos
Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33530512 DOI: 10.3390 / nu13020374

15 – VALENZUELA et al 2021 Nutr. Hosp. vol.34 no.1 Madrid ene./feb. 2017 Disponível em: https://dx.doi.org/10.20960/nh.999

16 – Wrzosek et all 2021. Disponível em: O efeito da dieta rica em gordura versus rica em carboidratos na composição corporal em homens treinados em força https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34026070/ DOI: 10.1002 / fsn3.2204

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