Back
Trabalhos publicados como capítulo de livro pela editora Agron Food Academy

CARACTERÍSTICAS GERAIS, COMPOSTOS BIOATIVOS E APLICAÇÃO DA ERVA-MATE (Ilex paraguariensis A. St. Hill.): UMA BREVE REVISÃO

Valter Oliveira de Souto¹; Rogério Silva de Almeida2

1Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos – Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG; E-mail: [email protected], 2Estudante do curso de Bacharelado em Agroindústria – Universidade Federal da Paraíba – UFPB; E-mail: [email protected]

Resumo: A erva-mate (Ilex paraguariensis A. St. Hill.) possui em sua composição diversos compostos bioativos que são responsáveis por inúmeros benefícios aos seres humanos, na qual estão sendo estudados e aplicados em diferentes formas na indústria alimentícia e farmacêutica. Este estudo teve como objetivo realizar um levantamento bibliográfico sobre os seus principais benefícios e aplicações na indústria. O estudo conduzido se deu por meio do levantamento bibliográfico de caráter qualitativo, utilizando “Erva-mate” e “Compostos bioativos” como palavras-chave, consultadas nas bases de dados eletrônicos. No Brasil, a erva-mate apresenta um grande potencial tecnológico, econômico e social, podendo apresentar variações em sua composição química de acordo com o método de cultivo adotado. Os compostos bioativos apresentam benefícios à saúde e têm sido industrialmente utilizado pelas suas qualidades antioxidantes, diurética, antidiabética, hipolesterolêmica, estimulante e antimicrobiana. Além de suas propriedades, a erva-mate tem sido utilizada como matéria-prima para produção de diversos produtos como cervejas, doces, queijos funcionais, refrigerantes e cosméticos, entre outros. Com isso, conclui-se que o estudo realizado contribuiu para demonstrar a importância da erva-mate para a sociedade, abordando seus benefícios e diversos produtos, contribuindo para uma maior agregação da matéria-prima.

Palavras–chave: atividade antioxidante; compostos fenólicos; potencial tecnológico

INTRODUÇÃO

A erva-mate (Ilex paraguariensis A. St. Hill.) é uma planta nativa do Brasil e representa uma espécie de grande potencial tecnológico, possuindo em sua composição compostos fitoquímicos e bioativos que são benéficos a saúde. Os bioativos da erva-mate são diversificadamente estudados devido as suas propriedades antioxidantes, antimicrobianas, diuréticas e antidiabéticas (SANTOS et al., 2018; TONET, 2019).

Os compostos bioativos da erva-mate, como os compostos fenólicos, metilxantinas, flavonoides e terpenos, exercem uma variedade de funções e são alvos em diferentes pesquisas com aplicação na indústria de alimentos, em especial, na melhoria e desenvolvimento de cervejas, queijos, produtos cárneos (hambúrguer, linguiça e mortadela) e na elaboração e aperfeiçoamento de embalagens biodegradáveis (MEDINA et al., 2016; CROGE; CUQUEL; PINTRO, 2021).

A erva-mate possui um alto teor de polifenóis hidrossolúveis, tais como isoclorogênico, ácido clorogênico e ácido caféico, os quais conferem uma alta atividade antioxidante e podem conferir para suas infusões um papel hepatoprotetor, reforçando a atividade antioxidante do organismo dos seres humanos (JACQUES, 2005). Portanto, diante do exposto, este trabalho teve como objetivo realizar um levantamento bibliográfico sobre a erva-mate com a finalidade de elencar seus principais benefícios e aplicações.

METODOLOGIA

A pesquisa se deu por meio de levantamento bibliográfico com abordagem qualitativa e considerando um recorte temporal de 17 anos, no período de 2004 a 2021. Como mecanismo de busca utilizou-se “Erva-mate” e “Compostos bioativos” como palavras-chave para realização da pesquisa.

Para a recuperação da produção científica, foram consultadas quatro bases de dados eletrônicos: Google Acadêmico, Portal de periódicos CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), SCIENCEDIRECT e SCIELO.

ERVA-MATE: CARACTERÍSTICAS GERAIS, CONSUMO E COMPOSTOS BIOATIVOS

O Brasil é considerado o país com maior produção e cultivo da erva-mate, sendo considerado um produtor de cultura permanente. O estado do Rio Grande do Sul é responsável por 48% da produção de folha verde de erva-mate, sendo produzido no período de 2016 a 2018 uma média de 277.371 toneladas por ano, no qual é consumido na forma de chimarrão (70.000 toneladas por ano), enquanto, o estado do Rio de Janeiro consome na forma de chá-mate torrado (1.500 toneladas por ano) (CROGE; CUQUEL; PINTRO, 2021). A erva-mate é utilizada na nutrição humana, consumida na forma de mate, tererê e chá e representa a espécie de grande potencial tecnológico, econômico e social (TONET, 2019). A composição da erva-mate varia consideravelmente dependendo de fatores, como sazonalidade, temperatura, disponibilidade de água e nutrientes, sistema de cultivo e prática de gestão adotada, com reflexos nos seus efeitos fisiológicos. (RIACHI et al., 2018).

A erva-mate cultivadas a pleno sol apresentam menor teor de cafeína e as folhas da erva-mate em cultivo sombreado apresentam maior concentração de cafeína (MEDRADO; MOSELE, 2004). Diante das variáveis de cultivo da erva-mate, que estão relacionados, principalmente, ao seu teor de compostos fitoquímicos, observa-se que diversos pesquisadores estão buscando materiais e tecnologias direcionadas a usos alternativos da erva-mate e de seus compostos bioativos (PIRES et al., 2016).

Nesse sentido, existem diversos benefícios à saúde atribuídos a compostos bioativos da erva-mate, sendo diversamente estudada com aplicação industrial devido as suas propriedades antioxidantes, diurética, antidiabética, hipolesterolêmica, estimulante e antimicrobiana, que estão relacionados a uma composição química única, devido à presença dos compostos fenólicos (ácido clorogênico), metilxantinas (cafeína, teobromina e teofilina), flavonoides (rutina e quercetina), saponinas (ácido ursólico e ácido oleanólico), terpenos, óleos essenciais, entre outros (GAN et al., 2018; TONET, 2019).

APLICAÇÕES DOS COMPOSTOS BIOATIVOS DA ERVA-MATE

Os bioativos da erva-mate possuem diversas aplicações, desde a produção e uso tradicional. Entretanto, o seu potencial de inovação precisa ser mais explorado, levando-se em consideração a sua funcionalidade e composição química e assim, disseminar e ampliar estudos para os seus compostos bioativos. Diante disto, alguns têm utilizado a erva-mate como matéria-prima para aplicação em diversos produtos, tais como a produção de cervejas, doces, queijos funcionais, refrigerantes e cosméticos (CROGE; CUQUEL; PINTRO, 2021).

Com relação à produção de queijos, pesquisadores relataram que a adição de erva-mate em queijo aumenta a sua atividade biológica devido a interação dos polifenóis com as proteínas do leite (SILVEIRA et al., 2017). Bergottini et al. (2017), estudaram a aplicação das folhas da erva-mate na produção de bebidas energéticas e observaram altos níveis antioxidantes com benefícios nutricionais. Rodríguez-Arzuaga e Piagentini (2017) obtiveram, otimizaram e aplicaram concentrações de extratos de erva-mate em maçãs minimamente processadas e observaram que a capacidade antioxidante dos extratos minimizou a ocorrência do escurecimento enzimático. Medina et al. (2016) aplicaram concentrações diferentes extratos de erva-mate na elaboração de embalagem biodegradável e constataram que os extratos agiram como plastificante em filme à base de glicerol e amido.

Nas últimas décadas, diversos estudos têm sido dedicados à erva-mate, principalmente, devido ao seu potencial benefício à saúde devido à variabilidade dos compostos fitoquímicos, além de vitaminas A, B1, B2 e C, e minerais, como magnésio, cálcio, ferro, sódio, zinco e potássio. A cafeína, teobromina, teofilina e alcaloides são os principais componentes bioativos da erva-mate e possuem efeitos estimulantes sobre o sistema nervoso central e as metilxantinas possuem efeitos no sistema cardiovascular (CROGE; CUQUEL; PINTRO 2021). Estudos in vivo, demonstram que extratos de erva-mate com propriedades anti-inflamatórias ajudam a prevenir câncer. Contribuem para tratamentos de obesidades, arteriosclerose e diabetes, inibindo a oxidação de lipoproteínas de baixa densidade (LDL), além de outras aplicações como hepatoprotetor e neuroprotetor (SOUZA et al., 2018; HABTEMARIAM, 2019).

CONCLUSÕES

Conclui-se, que os estudos realizados a respeito da erva-mate têm contribuído para sua utilização e aplicação na área de alimentos e farmacêutica, com diversos  benefícios, sendo essencial a humanidade, destacando-se os seus compostos bioativos como principais características para aplicação industrial.

REFERÊNCIAS

BERGOTTINI, V. M. et al. Exploring the diversity of the root-associated microbiome of Ilex paraguariensis St. Hil. (Yerba Mate). Applied Soil Ecology 109: 23-31, 2017.

CROGE, C. P.; CUQUEL, F. L.; PINTRO, P. T. M. Yerba mate: cultivation systems, processing and chemical composition. a review. Scientia Agricola, [S.L.], v. 78, n. 5, p. 1-11, 2021.

GAN, R. Y. et al. Health benefits of bioactive compounds from the genus Ilex, a source of traditional caffeinated beverages. Nutrients, v. 10, n. 11, p. 1682-1699, nov. 2018.

HABTEMARIAM, S. 2019. The chemical and pharmacological basis of yerba mate (Ilex paraguariensis A.St.-Hil.) as potential therapy for type 2 diabetes and metabolic syndrome. p. 943-983. In: Habtemariam, S., ed. Medicinal foods as potential therapies for type-2 diabetes and associated diseases. Academic Press, New York, NY, USA, 2019.

JACQUES, R. A. et al. Influence of agronomic variables on the macronutrient and micronutrient contents and thermal behavior of mate tea leaves (Ilex paraguariensis). Journal of agricultural and food chemistry, Easton, v. 55, n. 18, p. 7510-7516, 2007.

MEDINA, J. C. et al. Biodegradability and plasticizing effect of yerba mate extract on cassava starch edible films. Carbohydrate Polymers, 151: 150-159, 2016.

MEDRADO, M. J. S.; MOSELE, S. H. O futuro da investigação cientifica em erva-mate. Embrapa. Colombo, Paraná, 2004.

PIRES, D. A. C. K. et al. A erva-mate no planalto norte catarinense: os compostos bioativos como variável na determinação das especificidades necessárias ao reconhecimento como indicação geográfica. Desenvolvimento Regional em Debate, Santa Catarina, v. 6, n. 2, p. 207-227, jun. 2016.

RIACHI, L. G. et al. 2018. Effect of light intensity and processing conditions on bioactive compounds in mate extracted from yerba mate (Ilex paraguariensis A. St.-Hil.). Food Chemistry, 266: 317-322, 2018.

RODRIGUEZ-ARZUAGA, M.; PIAGENTINI, A. New antioxidante treatment with yerba mate (Ilex paraguariensis) infusion for fresh-cut apples: modeling, optimization, and acceptability. Food Science and Technology International, 24: 223-231, 2017.

SILVEIRA, T. F. F. et al. Chlorogenic acids and flavonoid extraction during the preparation of yerba mate based beverages. Food Research International, 102: 348-354, 2017.

SOUZA, A. H. P. et al. Phytochemicals and bioactive properties of Ilex paraguariensis: an in-vitro comparative study between the whole plant, leaves and stems. Food Research International, 286-294, 2015.

TONET, A; ZARA, R. F.; TIUMAN, T. S. Atividade biológica e quantificação de compostos bioativos em extrato de erva-mate e sua aplicação em hambúrguer de peixe. Brazilian Journal of Food Technology, [S.L.], v. 22, p. 1-12, 2019.

//
//
Jaelyson Max
Atendimento Agron

Me envie sua dúvida ou problema, estou aqui para te ajudar!

Atendimento 100% humanizado!