PLANTAS ALIMENTÍCIAS NÃO CONVENCIONAIS: ABORDAGEM NOS COMPOSTOS BIOTIVOS E SEGURANÇA ALIMENTAR, UMA REVISÃO DE LITERATURA
Capítulo de livro publicado no livro: Ciência e tecnologia de alimentos: Pesquisas e avanços. Para acessa-lo clique aqui.
DOI: https://doi.org/10.53934/9786585062060-15
Este trabalho foi escrito por:
Luana Karoline Furtado Silveira ***; Juliana Guimarães da Silva** ; Helen Cristina de Oliveira Palheta* ; Luis Gustavo Alcântara Olegário* ; Jade Vitória Duarte de Carvalho ; Rafaela Valente de Freitas ; Orquídea Vasconcelos dos Santos**
**Programa de pós-graduação em ciências e tecnologias dos alimentos PPGCTA-UFPA; *Faculdade de Nutrição- FANUT-UFPA
***Luana Karoline Furtado Silveira – Email: [email protected]
Resumo: Neste capítulo tem-se como objetivo abordar a importância da utilização de plantas alimentícias não convencionais (PANCs), bem como a composição nutricional e funcional dessas plantas cultivadas e nativas da região amazônica. Para isso, faz-se uma revisão em artigos dos últimos cinco anos que trazem informações acerca da composição nutricional e da utilização dessas plantas na dieta cotidiana da população e como a utilização dessas plantas pode assegurar uma alimentação rica em nutrientes. Faz-se também uma abordagem mais profunda a respeito dos bioativos que são encontrados em diferentes PANCs e os benefícios à saúde a partir de seu consumo na alimentação. Aborda ainda, a importância da inserção dessas plantas de baixo custo para assegurar uma alimentação rica em nutrientes e na segurança alimentar e nutricional da população brasileira.
Palavras-chaves: PANC; compostos bioativos; Segurança alimentar
INTRODUÇÃO
Um dos biomas mais extensos e diversificados tendo em território brasileiro cerca de 6.700.000 km2, a Amazônia torna-se protagonista no quesito diversidade de fauna e flora, onde é fonte de muitas espécies de plantas nativas e exóticas pouco estudadas que podem ser fontes de benefícios a saúde humana (1). Pela falta de conhecimentos baseados em estudos científicos as evidenciais dos benefícios nutricionais de potencial em compostos bioativos, ação anti-inflamatória e ação antifúngica de muitas plantas são baseadas em conhecimentos empíricos de populações que ao longo do tempo desenvolveram conhecimento com a utilização na pratica dessas plantas e que foram repassados de geração em geração, esse conhecimento tem seu valor e tem chamado a atenção de pesquisadores (2).
Na grande diversidade de plantas nativas e exóticas da Amazônia destacam-se aquelas que podem ser comestíveis que foram denominadas em meados de 2008 de plantas alimentícias não convencionais (PANC). Tais plantas se caracterizam por não serem tipicamente consumidas na dieta, porém se mostram com alto potencial de nutrientes que podem melhorar a qualidade de vida de seus consumidores, visto que as PANCS possuem valor nutritivo e funcional, por isso veem crescendo no meio da indústria de cosméticos, farmacêutica e alimentar, todo esse potencial não pode passar despercebido em uma das regiões que detêm uma rica flora, sendo importante o incentivo a estudos sobre o potencial dessas plantas e a maior valorização ao seu consumo (3,4).
A ausência dessas novas fontes alimentares na mesa da população se torna um objeto de estudo interessante e que vale a pena ser abordado e questionado, pois, mesmo com os números de desnutridos crescendo e os índices de fome aumentando no país temos alimentos com potencial nutricional e de baixo custo subaproveitados, as PANC se tornam fontes também de compostos bioativos outro nicho para se estudar nessas plantas, esses fitonutrientes são caracterizados por serem substâncias químicas produzidas a partir de vegetais, metabólitos secundários que são produzidos pelas plantas como método de defesa e quando consumidos na dieta podem ter ação benéfica. Os compostos fenólicos são considerados os mais bioativos, pois, estão fortemente presentem em vegetais, podem ser divididos em três classes: os ácidos fenólicos, flavonóis e antocianinas (5).
No Brasil pós-pandemia foi evidenciado algo que já estava em crescimento mesmo antes do início desse período, a insegurança alimentar e nutricional. Atualmente cerca de 19 milhões de pessoas vivem sem saber o que irá comer dia após dia, o contexto de insegurança alimentar e nutricional (IAN) caracteriza-se pela insuficiência de alimentos onde não são feitas ao menos três refeições ao dia para que a população viva bem e suprindo todas as suas necessidades fisiológicas e nutricionais, é uma situação de calamidade pela falta de alimento na mesa (6).
AMAZÔNIA: FLORA DETENTORA DE PANCS (PLANTAS ALIMENTICIAS NÃO CONVENCIONAIS)
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2019) (7) a Amazônia é o maior bioma brasileiro, abrangendo uma faixa territorial de 4.212.472 km², correspondendo a 58,93% do território nacional. Além da ampla extensão territorial, é detentora de uma vasta diversidade biológica de produtos naturais e vegetais por conta da fauna e flora (7). Os registros sobre a biodiversidade brasileira iniciaram com a chegada dos portugueses e de cronistas europeus à América do Sul, por volta do século XVI. Já nos séculos XVII e XVIII, naturalistas vindos da Europa percorreram o Brasil catalogando plantas, animais e minerais (8). Observa-se que no contexto atual, as plantas nativas da região amazônica são pouco exploradas pelos pesquisadores, fato que é corroborado pela escassez de conhecimento e estudos em escala industrial, na área de alimentos e outros.
A aquisição e consumo de plantas na Amazônia é geralmente realizada em época sazonal, no mercado interno popular, ou não está dentro do mercado para o acesso da população (9, 10). As plantas amazônicas são matérias-primas para produtos e subprodutos farmacêuticos e cosméticos naturais, os quais são amplamente relacionados às novas descobertas de princípios bioativos e remédios tradicionais à base de plantas, sendo os pontos mais estudados e relevantes para descoberta de medicamentos a partir dessas fontes naturais (11). No entanto, ao contrário dos medicamentos tradicionais asiáticos, os remédios populares da Amazônia não são registrados há milhares de anos na farmacopéia de ervas. Por outro lado, os grupos indígenas fizeram uso extensivo de materiais vegetais da floresta tropical para atender às suas necessidades de saúde. Somente nos últimos tempos, a cultura etnobotânica amazônica começou a ser descoberta e levada em consideração para o desenvolvimento de novos medicamentos e produtos para a saúde (12).
Além da utilização com fins medicinais, os produtos vegetais advindos da flora amazônica também podem ser incluídos nos hábitos alimentares dos indivíduos, visto que a ingestão de plantas alimentícias não convencionais (PANCs) pode auxiliar na preservação da soberania e a segurança alimentar e nutricional dos indivíduos que as consomem (13). Na figura 1 são mostradas algumas PANCS amazônicas.
PANCS
Plantas alimentícias não convencionais (PANC) é o nome dado a todas as plantas que possuem uma ou mais partes que podem ser utilizadas na alimentação, entre eles: raízes tuberosas, tubérculos, bulbos, rizomas, cormos, talos, folhas, brotos, flores, frutos e sementes. Esse termo foi criado em 2008 pelo biólogo Valdely Ferreira Kinupp (13). Geralmente são hortaliças conhecidas como ervas daninhas por serem encontradas de forma abundantes em diversos ambientes e devido sua rápida propagação (14).
Essas plantas podem ser de origens espontâneas ou cultivadas, nativas ou exóticas que não estão incluídas em nosso cardápio cotidiano (15). Estima-se que no Brasil existem mais de 390 mil espécies de plantas, no entanto somente mil espécies são utilizadas como alimentos (14), quando se trata de plantas não convencionais acredita-se que existam cerca de 3 mil espécies e poucas são exploradas (16) Vale salientar que o termo “não convencional” dependerá do local e da cultura na qual a planta está inserida, podendo a mesma planta ser considerada de uso convencional para determinada região e ser desconhecida em outro estado do Brasil (17).
Outrora, o consumo de PANCs (Tabela 1) era comum, servindo de sustento para as famílias, porém com a globalização e a inserção de alimentos industrializados na dieta dos brasileiros, ocorreu uma perda de costumes dos ancestrais e com isso o desuso de diversos alimentos principalmente para populações tradicionais. (15, 16, 18). Inserir as PANCs no cardápio diário do brasileiro seria uma alternativa para favorecer a autonomia das famílias e garantir soberania e segurança alimentar e nutricional, visto que são plantas de fácil manejo e cultivo. Além disso, as PANCs são reconhecidas por serem excelentes fontes de nutrientes como vitaminas e minerais e muitas também possuem propriedades medicinais como antioxidantes, anti-inflamatórias, devido a presença de compostos bioativos que contribuem para a saúde (17).
Tabela 1 – PANCs da Amazônia
Nome cientifico | Nome popular | Formas de uso | Parte consumida |
Eryngium foetidum L | Chicória | Refogado, In natura | folha |
Acmella oleracea (L.) R.K.Jansen | Jambu | Cozido | Folha |
Cucumis anguria L. | Maxixe | cozido | Fruto |
Dioscoreaceae Dioscorea trifida L.f | Acará | Cozido | raiz |
Talinum triangulare (Jacq.) Willd. Amaranthus sp | Cariru | tempero | folha |
ansonia alliace a (Lam.) A. H. Gentry | Cipó d’alho | cozido | folha |
Manihot esculenta Crantz | Mandioca baiuquinha, mandioca barcarenense | Cozido, bolo, maniçoba, tucupi, farinha, purê, tapioca, frita | Raiz e folha |
Ocimum campechianum Mill. | Alfavaca, favaca | cozido, tempero | Folha |
Fonte: Adaptado de Correa et al. (2022).
BIOATIVOS E SEUS BENEFICIOS A SAÚDE
Os compostos bioativos (CBA), são compostos extra nutricionais, uma vez não possuem funções estabelecidas como os nutrientes, mas trazem consigo diversos benefícios à saúde, como melhoria dos mecanismos de defesa biológica; retardo no processo de envelhecimento do organismo e melhoria em questões mentais e físicas. Ademais, contribuem para prevenção de inúmeras doenças, como a diabetes mellitus, doenças cardiovasculares e doenças consideradas carcinogênicas. Os CBA são divididos em diversas classes, já que há em grande número na natureza e em ampla variação de estruturas químicas, contudo, os três grandes grupos que estão presentes na dieta humana habitual são: glicosinolatos, polifenóis e carotenoides (19).
Sendo assim, a ingestão desses grupos de CBA está relacionada à menor incidência de DCNTs e redução da mortalidade. Isso se deve, pois os glicosinolatos são compostos formadores de isotiocianatos, os quais são compostos bioativos que promovem proteção do organismo contra o câncer (19-21); os carotenoides podem ser encontrados com facilidade em plantas e tem potencial para reduzir níveis de colesterol e alguns tipos de câncer (20-22); e os polifenóis – ou também chamados e compostos fenólicos – são compostos que possuem capacidade funcional por possuir capacidade antioxidante e anticarcinogênica (23-25).
Existem diversas fontes para obtenção de compostos bioativos, podendo ser obtido de forma sintética em laboratórios ou de forma natural, neste estudo, há destaque para as PANCS (Plantas Alimentícias Não-Convencionais). Conforme indicado por Tavares et al. (26), as Plantas Alimentícias Não-Convencionais são ricas tanto nutricionalmente, quanto em compostos bioativos e fitoquímicos, conferindo a eles características de alimentos funcionais que auxiliam no combate a insegurança alimentar e nutricional. Exemplo disso está no estudo Tavares et al. (26), no qual observaram alto teor de flavonoides, antocianinas, saponinas, carotenoides e tocoferóis, ω-3, ω-6, ω9 que possuem substâncias antioxidantes, nas PANCS conhecidas como Moringa (Moringa oleifera), Ora-pro-nóbis (Pereskia spp.), e Caruru (Amaranthus spp.).
Entretanto, ainda há compostos existentes conhecidos como fatores antinutricionais (FANs), os quais são gerados a partir do metabolismo secundário das plantas que se consumidos em grandes quantidades pode ser tóxico ao organismo (24). Diante disso, mesmo com diversos nutrientes e compostos bioativos presentes nas PANCs, ainda é necessário ter cuidados durante o preparo. Segundo Corado (22), é importante considerar as características e formas de preparação dessas plantas para que os benefícios sejam obtidos de forma segura, visto que esses alimentos também podem originar fitoquímicos tóxicos e fatores antinutricionais – como taninos e fitatos. Porém, as PANCs ainda se destacam como alimentos promissores para serem incluídos no cotidiano alimentar, pois tais plantas podem contribuir para a diminuição de deficiências nutricionais e favorecer melhor qualidade de vida para a população.
O Brasil é um país continental que possui uma vasta área com uma diversidade de climas que vai do mais quente ao mais frio, isso também vale para as categorias de solo, esse fator acaba se tornando uma vantagem, pois, essas duas variáveis são diretamente responsáveis na composição de frutos, vegetais e legumes, ou seja, possui um vasto leque para a produção de diversas categorias de frutos e vegetais, ou seja, o Brasil tem um leque diversificado de opções de fontes desses compostos bioativos.
Flavonoides
Os flavonoides são metabólitos secundários produzidos por plantas como medida de defesa para ameaças externas são muito abundantes no reino vegetal tendo mais de mil espécies espalhadas pelo meio ambiente, podem ter subclassificações que os dividem em seis classes: flavonas, flavononas, isoflavonas, flavonóis, flavanóis e antocianinas, quimicamente são estruturas compostas por quinze carbonos e dois anéis benzênicos (27).
Estudos tem indicado sua alta ação antioxidante e redutora da síntese de radicais livres, pois tem uma enorme afinidade aos elétrons instáveis o oxidando e diminuindo sua ação maléfica ao organismo (27). Se torna boa ferramenta na prevenção de comorbidades como as DCNT’S que são umas das doenças que mais matam no Brasil, ter uma boa fonte dietética regional e barata dessa substância é importante para a prevenção dessas doenças. Existem evidências da ação de flavonoides na modulação de células cancerosas, sendo importantes ferramentas na inibição do câncer, pois são capazes de interferir na produção de diversas enzimas envolvidas na atividade aeróbica do câncer (28).
Compostos Fenólicos totais ou polifenóis totais
Os compostos fenólicos são as substancias que possui anéis aromáticos em sua estrutura com mais de um substituinte hidroxílico, são mais encontrados no reino vegetal também são mais ativos e com um alto potencial de prevenir doenças por conta da sua alta afinidade para com os radicais livres, o que diminui a ação em células do organismo, consequentemente diminuindo a incidência de doenças degenerativas como diabetes, processos inflamatórios, doenças cardiovasculares e câncer (29,31).
A quantidade de polifenóis em frutas varia de acordo com alguns fatores que são determinantes como: o clima, tipo de solo, tempo de maturação e também com o fator genética, qual espécie e tipo de cultivo, são considerados metabolitos secundários advindos de plantas essas substâncias possuem muitas funções nos vegetais e uma delas é de defesa, o consumo de uma dieta rica em polifenóis tem sido relacionado à diminuição de incidência de doenças (30). Dentre da classe de compostos fenólicos existem três que são mais estudados são eles: ácido cafeico, ácido gálico e ácido elágico, são destacados por diminuírem a peroxidação de lipídeos, sendo importantes na dieta (31). As estruturas estão representadas na figura 2.
Clorofilas
Um dos fatores de suma importância para o êxito na produção de vegetais é a fotossíntese e o teor de clorofila, a fotossíntese é um mecanismo realizado pelas plantas com a finalidade de transformar radiação solar em energia para ser utilizada na produção de oxigênio e redução de dióxido de carbono essa capacidade fotossintética ocorre principalmente na área foliar da planta sendo também responsável pela produção de metabólitos secundários, esse sistema fotossintético é um importante indicador fisiológico sobre a sensibilidade das plantas ao estresse abiótico ambiental externo (32). A estrutura responsável por essa função é a clorofila, que são responsáveis por converte luz solar em energia para processos químicos na planta (33).
As clorofilas são estruturas capazes de transformar raios solares em ATP e NADPH, é uma das substancias mais presentes em meio reino vegetal, são encontradas em dois tipos a clorofila A e clorofila B, nas plantas superiores são mais encontradas clorofilas do tipo A por obterem a maior porção de pigmentos verdes totais e a clorofila B que é um tipo de pigmento complementar, a quantidade de clorofila nas plantas são utilizadas como parâmetros para indicar a sua eficiência em absorver luz, ao crescimento e sua adaptação a diferentes ambientes (34).
INSERÇÃO DE PLANTAS ALIMENTICIAS NÃO CONVENCIONAIS NA ALIMENTAÇÃO, EFEITOS BENEFICOS NA SEGURANÇA ALIMENTAR
Mesmo sendo um grande produtor o Brasil vive um paradoxo, grande produção de alimentos e a insegurança alimentar é de suma importância que haja a preocupação com a segurança alimentar, pois mesmo com grandes produções no país os números de brasileiros em insegurança alimentar e nutricional ainda é alto um enorme desperdício de alimentos que é preocupante, toneladas e toneladas são jogadas fora todos os dias, parte de alimentos consideradas não utilizáveis são descartadas tendo um grande potencial nutricional e que poderia ser utilizado na formulação de novos produtos, consequentemente evitando o desperdício e melhorando a segurança alimentar e nutricional (35,39).
Existe um grande desperdício de partes de frutas e vegetais tanto pela indústria como em residências do Brasil, partes essas que poderiam ser utilizadas para aumentar o valor nutricional da alimentação de populações mais pobres, resolvendo os problemas de deficiência nutricional como desnutrição e doenças causadas por falta de vitaminas. (36,40) A segurança alimentar e nutricional é um direito que também consta na Constituição Federal do país garantidos por Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Lei nº 11.346/2006), que em seu artigo 3º, determina o conceito de segurança alimentar e nutricional.
Art. 3º A Segurança Alimentar e Nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis.
Conceito esse que fere direitos garantidos na declaração universal dos direitos Humanos, que defende alimentação como um direito de todos no seu artigo XXV:
1.Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle.
É dever do estado assegurar a população que esses direitos sejam cumpridos e que a população possa viver com dignidade se alimentando bem com educação de qualidade e saneamento básico eficiente, existem diversos fatores que interferem negativamente na segurança alimentar e nutricional SAN, como a grande desigualdade social, falta do acesso à educação, saúde, saneamento básico, trabalho formal, marginalização de certas regiões e concentração de renda e terras. A utilização de PANC na alimentação da população se torna uma boa opção para a melhoria da qualidade alimentar pois se torna uma maneira mais barata e saudável, sendo as pancs ricas em fibras, vitaminas e bioativos benéficos a saúde, além disso a inserção dessas plantas, hortaliças e verduras não típicas resgata a relação de culturas e tradições que se perderam ao longo dos anos com o aumento da industrias e consequentemente o consumo de industrializados que acarreta diversas consequências a saúde dos seus consumidores (37,38).
CONCLUSÃO
Dado o exposto, no período que o Brasil vive pós-pandemia onde foi evidenciado o grande abismo da insegurança alimentar e nutricional é desafio de autoridades e profissionais da saúde que a busca por solucionar o problema da fome e da desigualdade na distribuição de alimentos entre a população, procurar pesquisar e estudar novos métodos para melhorar a qualidade das refeições é de suma importância. Estudos como estes são importantes pois apontam soluções e indicam caminhos para melhoria da qualidade alimentar e nutricional utilizando a riqueza do próprio país, como é o caso da utilização de PANC na dieta convencional do brasileiro.
AGRADECIMENTOS
Ao programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos- PPGCTA UFPA, a Faculdade de Nutrição da Universidade Federal do Pará e a professora coordenadora do laboratório de ciência dos Alimentos-LCA Orquídea Vasconcelos dos Santos que possibilitou aos pesquisadores a realização desse capitulo de livro.
REFERÊNCIAS
1. Lima RS, Carvalho APA, Conte-Junior CA. Health from Brazilian Amazon food wastes: Bioactive compounds, antioxidants, antimicrobials, and potentials against cancer and oral diseases. Crit Rev Food Sci Nutr. 2022;25:2-23.
2. Cavichi LV, Liberal A, Dias MD, Mandim F, Pinela J, Kosti´c M, et al. Chemical Composition and Biological Activity of Commelina erecta: An Edible Wild Plant Consumed in Brazil. Foods. 2023; 12: 1-15.
3. Tavares AVNM, Albuquerque MAA, Cavalcanti RAS. Unconventional food plants (pancs) in the human diet: a review study. 2022;16:42-56.
4. Biondo E, Fleck M, Kolchinski EM, Voltaire SA, Polesi RG. Diversidade e potencial de utilização de plantas alimentícias não convencionais no Vale do Taquari. Rev UERGS. 2018;4:61-90.
5. Oliveira CBC, Brito LA, Freitas MA, Souza MPA, Cunha Rêgo JM, Araújo Machado RJ. Obesidade: inflamação e compostos bioativos. IJHBS. 2020;8:1-5.
6. Brito AP, Lima VN, Rêgo AS, Dias LPP, Silva JD, Carvalho WRC, Barbosa JMA. Fatores associados à insegurança alimentar e nutricional em comunidade carente. RBPS. 2020;33:1-11.
7.VINSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Amazônia legal, 2019. Disponivel em: <Amazônia Legal | IBGE> Acesso em: 02.03.2032
8. The Brazil Flora Group, 2021. Flora do Brasil. 1-28 pp. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Disponivel em:<http://doi.org/10.47871/jbrj2021001>. Acesso em :02.03.2032
9. Diniz MB, Diniz MJT, Silva ALF. Publicação do Programa de Pós-graduação em Economia da Universidade Federal do Pará Periodicidade Mensal, 6, 05, (Especial V Seminário Amazônia), 2017.
10. Ibiapina A, Gualberto LS, Dias BB, Freitas BCF. Essential and fixed oils from Amazonian fruits: proprieties and applications. critical Crit Rev Food Sci Nutr. 2021;32:8842–8854.
11. Burlando B, Cornara L. Revisiting Amazonian Plants for Skin Care and Disease. Cosmetics. 2017;4:1-12.
12. Montoya E, Lombardo U, Levis C, Aymard GA, Mayle FE. Human Contribution to Amazonian Plant Diversity: Legacy of Pre-Columbian Land Use in Modern Plant Communities. In: Neotropical Diversification: Patterns and Processes. Rul V, Carnaval AC, Editors. New York: Springer, 2020:495–520.
13. Santos ACA, Rosário KDS, Fonseca DJS. Plantas alimentícias não convencionais (PANCs) utilizadas por população rural na Amazônia Oriental, Brasil Unconventional. Braz. J. of Deve lop. 2020;6:69174-69191.
13. Kinupp VF. Plantas Alimentícias Não-Convencionais da Região Metropolitana de Porto Alegre. [Tese]: Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2007.
14. Tuler AC, Peixoto AL, Silva NCB. Plantas alimentícias não convencionais (PANC) na comunidade rural de São José da Figueira, Durandé, Minas Gerais, Brasil. Rod. 2019; 70:3-12.
15. Bezerra JA, Brito MM. Potencial nutricional e antioxidantes das Plantas alimentícias não convencionais (PANCs) e o uso na alimentação: Revisão. Res Soc Dev. 2020;9:1-9.
16. Jesus B. Santana K, Oliveira V, Carvalho M, Almeida WA. PANCs – Plantas alimentícias não convencionais, benefícios nutricionais, potencial econômico e resgate da cultura: uma revisão sistemática. Enci. biosf. 2020;17:309-322.
17. Santos AL, Silva GCC, Rahal IL, Bento MCVA, Sena JS, Cella W, Camargo RB, et al. Plantas alimentícias não convencionais: revisão. Ciên Saúd. da UNIPAR. 2022;26:1068-1090.
18. Sartori VC, Theodoro H, Minello LV, Basso A, Scur L. Plantas Alimentícias Não Convencionais – PANC: resgatando a soberania alimentar e nutricional [Internet]. 2020 [Acesso em 2023 Mar 2]. Disponível em: https://ucs.br/educs/livro/plantas-alimenticias-nao-convencionais-panc-resgatando-a-soberania-alimentar-e-nutricional/
19. Araújo L, Pessoa L, Cardoso L, Maia P. Compostos Bioativos em Alimentos [Internet]. 2021 [Acesso em 2023 Mar 2]. Disponível em: http://www.unirio.br/prae/nutricao-prae-1/quarentena/boletins-2021
20. Cañas GJS, Braibante MEF. A Química dos Alimentos Funcionais. Quím Nova Esc. 2019;41:216-223.
21. Carnauba RA. Ação dos compostos bioativos dos alimentos no envelhecimento e longevidade. Rev Bras Nutr Fun. 2019;45:1-13.
22. Corado PISA, Lima LN da C, Fontenelle LC. O consumo de plantas alimentícias não convencionais para a promoção da segurança alimentar e nutricional e da cultura alimentar brasileira. Seg Alim Nutr. 2022;10:1-12.
23. Filho AL, Cesar ASM. Você sabe o que são alimentos funcionais e por que são importantes para a sua saúde? São Paulo: Divisão de Biblioteca, 2022.
24. Higashijima NS, Lucca A, Rebizz LRH, Rebizzi LMH. Fatores antinutricionais na alimentação humana. Seg Alim Nutr. 2020;27:1-16.
25. Oliveira CBC, Brito LA, Freitas MA, Souza MPA de, Rêgo JM da C, Machado RJDA. Obesidade: inflamação e compostos bioativos. IJHB. 2020;8:1-5.
26. Tavares AVNM, Albuquerque MÁA, Cavalcanti RDAS. Plantas alimentícias não convencionais (pancs) na dieta humana: um estudo de revisão. Rev Saud. 2022;22:42-54.
27. Henrique VA, Nunes CDR, Azevedo FT, Pereira SMDF, Barbosa JB, Talma SV. Alimentos funcionais: aspectos nutricionais na qualidade de vida. Aracajú: EdIFS:2018.
28. Ponte LGS, Pavan ICB, Mancini MCS, Da silva LGS, Morelli AP, Severino MB. The Hallmarks of Flavonoids in Cancer. Molec. 2021;26:1-55.
29. Rodrigues LAN, Belisário CM, Castro CFS, Rodrigues TGC, Ferreira AAR. Fenólicos totais e capacidade de extratos de casa, folha e fruto do muriciceiro. Rev Tecnol Ciên Agropec. 2018;12:47-52.
30. Seraglio SKT, Schulz M, Nehring P, Betta FD, Valese AC, Daguer H, et al. Determinação de compostos fenólicos por LC-MS/MS e capacidade antioxidante de acerola em três estádios de maturação comestíveis. Rev CSBEA, 2018;4:97-107.
31. Santos JAS, Sena TJO, Santos KBS, Costa MLA, Santos KCBS, Santos AF. Estudo do potencial antioxidante da Anacardium ocidentales L. e determinação de seus compostos fenólicos. Rev Diver Jour. 2018;3:455-474.
32. Oliveira WJO, Souza ER, Santos HRB, Silva EFF, Duarte HHF, Melo DVM. Fluorescência da clorofila como indicador de estresse salino em feijão caupi. Rev Bras Agricul Irrig. 2018;12:2592–2603.
33. Sales RA, Sales RA, Santos RA, Quartezani WZ, Berilli SS, Oliveira EC. Influência de diferentes fontes de matéria orgânica em componentes fisiológicos de folhas da espécie Shinus terebinthifolius Raddi. (Anacardiacea) Re. Scien Agrar. 2018;19:132-141.
34. Paula AS, Martins AH, Kramer LCS, Silva J.A.M. Influências dos métodos de cocção na preservação de antioxidantes e compostos bioativos, análise físico-química e sensorial em Abobora cabotiá (Curbita Moschata Duch). FJH. 2019;1:11-23.
35. Silva DA. Clusters de comportamentos de risco para doenças crônicas não transmissíveis na população adulta brasileira [dissertação]. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia; 2018.
36. Franzosi DF, Daneluz HC, Baratto IB. Desperdício de partes não convencionais de produtos utilizados diariamente em um restaurante no sudoeste do Paraná. Rev Bras Obesid Nutr Emagr. 2018; 12: 66-75.
37. Corado PISA, Lima LNC, Fontenelle LC. The consumption of Unconventional Food Plants for the promotion of Food and Nutrition Security and Brazilian food culture. Segur Aliment Nutr. 2022; 29:1-12.
38. Nogueira BP, Pinto JA, Martin S, Bianca R, Kffuri CW, Narezi G. Uso da araruta na segurança alimentar e nutricional de comunidades assentadas em Porto Seguro, BA. In: Anais do XI Congresso Brasileiro de Agroecologia; 4-7 de nov de 2019; Universidade Federal de Sergipe. São Cristóvão São Cristóvão: Cadernos de Agroecologia; 2020. p. 1-5.
39. Majolo L, Lima DMF, Santos SA. Non-conventional food plants (PANCs) as promoters of food and nutritional security: initial diagnosis for extension Project. In: Anais do XI Congresso Brasileiro de Agroecologia; 4-7 de nov de 2019; Universidade Federal de Sergipe. São Cristóvão São Cristóvão: Cadernos de Agroecologia; 2020. p. 1-6.
40. Bierwagem, M.Y. Resgate e doações de alimentos: uma análise de discurso e atores no campo da segurança alimentar e nutricional [dissertação]. São Paulo: Escola de artes, ciências e humanidade da faculdade de São Paulo; 2022.