INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO ANTI-HELMÍNTICO EM BOVINOS CRIADOS SOB SISTEMA DE CONFINAMENTO
Capítulo de livro publicado no livro do II Congresso Brasileiro de Produção Animal e Vegetal: “Produção Animal e Vegetal: Inovações e Atualidades – Vol. 2“. Para acessá-lo clique aqui.
DOI: https://doi.org/10.53934/9786585062039-41
Este trabalho foi escrito por:
Mateus Oliveira Mena *; Tábata Alves do Carmo ; Isabela de Almeida Cipriano ; Giordani Mascoli de Favare ; Gabriel Jabismar Guelpa ; Ricardo Velludo Gomes de Soutello
* Email: [email protected]
Resumo
A terminação de bovinos no Brasil, em sua maior parte, ainda é feita em pasto. Em 2015, das 41 milhões de cabeças abatidas, 84% foram terminadas em pastagens que diante do clima tropical brasileiro, é afetado por fatores negativos, como: baixa e alta disponibilidade e qualidade de pasto durante determinadas épocas do ano, manejo errôneo, ocorrência de parasitos, doenças e carências minerais. O confinamento vem se mostrando uma alternativa viável, rentável e cada vez mais utilizada frente à demanda do mercado, estratégia que concentra a produção em um menor espaço e tempo para a engorda dos animais, por meio de maior inclusão de energia na dieta oferecida. Nos últimos anos, o número de animais confinados no Brasil aumentou aproximadamente 63%, tal estratégia, demanda cuidados, pois com maior uso de tecnologia, maior o custo de produção, portanto, o planejamento, conhecimento e análise dos custos na determinação das operações são primordiais para obtenção de resultados positivos. Portanto, objetivou-se relatar que não há influência do tratamento anti-helmíntico no desempenho dos animais tratados e não tratados com anti-helmínticos em sistema de confinamento, devido à manipulação nutricional utilizada nestes sistemas. O fornecimento de dieta de alto concentrado, ou seja, com níveis de nutrientes disponíveis balanceados e ausência de desafio para reinfecção por helmintos, são suficientes para promover a eliminação da carga parasitária.
Palavras–chave: Bovinocultura; Helmintos; Nematoides; Suplementação;
Abstract
The finishing of cattle in Brazil, for the most part, is still done on pasture. In 2015, of the 41 heads slaughtered, 84% were ended up in pastures that, given the Brazilian tropical climate, is altered by millions of factors, such as: low and high availability and quality of pasture during certain times of the year, erroneous management, occurrence of parasites, diseases and mineral deficiencies. Confinement on demand and increasing is a viable, profitable and increasingly used alternative for the inclusion of energy production of animals in the diet and for longer concentration time. In recent years, the number of animals confined in Brazil approximately 63%, such a strategy, demands care, because with greater use of technology, therefore, higher production cost, therefore, planning, knowledge and analysis of the costs in the operations of the operations are essential for the positive result. Therefore, there is no influence of anthelmintic treatment on the performance of animals treated and not treated with anthelmintics in the confinement system, due to the nutritional manipulation used in these systems. The provision of a high-concentration diet, that is, with balanced levels of available nutrients and no challenge for reinfection, is sufficient to help promote the elimination of the burden.
Key Word: Cattle Breeding; Helminths; Nematodes; Supplementation;
INTRODUÇÃO
A terminação de bovinos no Brasil, em sua maior parte, ainda é feita em pasto. Em 2015, das 41 milhões de cabeças abatidas, 84% foram terminadas em pastagens (1) que diante do clima tropical brasileiro, é afetado por fatores negativos, como: baixa e alta disponibilidade e qualidade de pasto durante determinadas épocas do ano, manejo errôneo, ocorrência de parasitos, doenças e carências minerais (2). A sazonalidade das chuvas, concentradas principalmente no verão e escassas no inverno, resulta no conhecido “boi sanfona”, que perde peso durante o período seco, período esse, o mais crítico do ano, em que o animal se alimenta de forragem de baixo valor nutritivo, com teor de fibra indigerível elevado e teores de proteína bruta inferiores ao nível crítico de 6 a 7% na matéria seca, limitando o consumo (3, 4). Em contrapartida, no período chuvoso, a situação se inverte, pois, com a maior oferta e qualidade de forragem permitem aos animais terem melhores desempenhos (5).
O confinamento vem se mostrando uma alternativa viável, rentável e cada vez mais utilizada frente à demanda do mercado, estratégia que concentra a produção em um menor espaço e tempo para a engorda dos animais, por meio de maior inclusão de energia na dieta oferecida. De acordo com o Anualpec (6), de 2008 a 2015 o número de animais confinados no Brasil aumentou aproximadamente 63%, tal estratégia, demanda cuidados, pois com maior uso de tecnologia, maior o custo de produção, portanto, o planejamento, conhecimento e análise dos custos na determinação das operações são primordiais para obtenção de resultados positivos.
Estudos referentes à nutrição, manejo, genética, instalações e sanidade com bovinos em pasto foram e são realizados com frequência, porém quando se fala de sanidade em bovinos confinados, especificamente no controle de helmintos gastrintestinais, há carência de pesquisas que correlacionem o desempenho dos animais confinados com a parasitose por helmintos. A morbidade é o pior resultado do parasitismo, sendo um caráter crônico da infecção que tem como a consequência o baixo desempenho dos animais e o aumento na 10 idade ao abate (7 e 8).
Para evidenciar tais prejuízos causados por endoparasitas, vários estudos foram realizados, relatando que bovinos em pastejo, infectados por parasitos apresentaram desempenho de 30 a 70 kg/ano inferior aos animais sadios (9; 10; 11 e 12).
PANORAMA DA BOVINOCULTURA DE CORTE
A pecuária de corte no Brasil é há muito tempo um dos principais e mais importantes setores da economia. De acordo com o Anuário da pecuária brasileira o Brasil conta com aproximadamente 111.057.169 milhões de cabeças de bovinos de corte, sendo o 2º maior rebanho comercial e um dos maiores produtores de carne e subprodutos bovinos do mundo (13).
Segundo Dias-Filho (14), a forma mais eficiente e de menor custo para manter grandes extensões de terra é a criação de bovinos de corte em pastagem. Porém, ainda citando os trabalhos da Anualpec (6), devido à crescente demanda por produção de carne, os produtores passaram a adotar novas tecnologias para otimizar a produção. Uma delas consiste em intensificar a produção de bovinos de corte, uma vez que no Brasil, a produção é caracterizada pela criação extensiva em pastejo contínuo.
Conforme Bianchin (2), o sistema de criação em pasto pode gerar alguns fatores limitantes e acabar gerando uma diminuição da produtividade na pecuária de corte, como a alta e baixa disponibilidade e qualidade do pasto durante as estações do ano, parasitismo, manejo inadequado, nutrição desbalanceada e doenças. Por conta disto, estes fatores que influenciam negativamente no processo produtivo, devem ser identificados para a busca de melhores resultados.
CONFINAMENTO
A busca por alternativas de manejo nas diferentes categorias de bovinos de corte que permitam maior desfrute do rebanho, tem se destacado. Além de maior produção de carne, com o objetivo de aumentar o rendimento econômico do produtor e a produtividade e qualidade da carne. A utilização do confinamento é relacionada mais diretamente à produção de animais para abate na entressafra e à possibilidade de obter melhores preços. Conjuntamente, esse sistema proporciona efeitos secundários que beneficiam o sistema de produção como um todo, como liberação das pastagens para outras categorias, uso de forragem excedente de verão e outros (15).
Segundo Cardoso (16), os animais a serem confinados, além de sadios, devem possuir estrutura corporal adequada e potencial para ganho de peso. Esses animais são mais eficientes quando jovens, pois convertem melhor o alimento ingerido em massa muscular. O autor ressalta que o sexo influencia o ponto de abate, de modo que as fêmeas atingem o ponto mais cedo e mais leve que os machos, castrados ou não. No Brasil, a quase totalidade da carne consumida não apresenta qualidade determinada por padrões técnicos definidos por especialistas. Portanto, todos os diferentes produtos cárneos originários de bois, vacas, novilhas, garrotes e outros são agrupados em único grupo usualmente denominado “carne de boi” ou “carne de vaca”. Nos últimos anos, têm surgido iniciativas de organizações públicas e privadas no sentido de valorizar os produtos cárneos comprovadamente mais qualificados, de acordo com o consumidor final.
Com isso, pode-se confirmar a citação de Filho (17), que observa que o aumento da competitividade com outros mercados, bem como outros tipos de carnes, tem requerido da atividade de pecuária de corte a oferta de produto de qualidade de maneira contínua durante o ano. Esta demanda juntamente com a necessidade de se aumentar a eficiência do setor têm sido os grandes influenciadores do processo de restruturação em curso na cadeia produtiva da carne bovina. Como parte deste novo cenário, surge a necessidade de avaliar alternativas tecnológicas inovadoras que sejam compatíveis com as novas demandas. Nesse sentido, verifica-se que o processo de intensificação pelo qual vem passando a pecuária de corte brasileira tem resultado, entre outros, no aumento da prática de confinamento como alternativa de terminação de animais.
PERDAS CAUSADAS POR HELMINTOS GASTRINTESTINAIS
Grisi (18), observa que o controle ineficiente dos nematódeos gastrintestinais pode causar perdas de US$6.248 milhões ao ano. Estima-se que animais infectados por parasitos, nas condições do Brasil central, apresentam desempenho de 30 a 70 kg/ano inferior ao dos animais livres de infecções (9; 10; 11; 12).
Segundo Soutello (12), os nematoides, principalmente os gastrintestinais, ocupam um papel de destaque dentre os helmintos e causam grandes perdas econômicas por conta da queda na produção animal. Stromberg (19) relata que os bovinos que são infectados por parasitas, apresentam retardo no crescimento, queda na produção de carne e leite e uma redução no desempenho reprodutivo, e causam prejuízos aos produtores.
De acordo com Helnzen (20), esses prejuízos são ocasionados devido ao menor ganho de peso e menor rendimento de carcaça, assim como a morbidade, mortalidade, custos com profilaxia ou tratamento e diminuição da produtividade, relacionados com estresse nutricional, ambiente, manejo e outros aspectos sanitários, como citado por Lima (21). O crescimento ósseo também pode ser comprometido por conta das verminoses, por meio da perda de minerais como o cálcio, fósforo e magnésio, nas fezes e urina (22).
Os ruminantes são parasitados por várias espécies de estrongilídeos (ordem Strongylida) e apresentam infecções cruzadas que podem ocorrer quando os animais ficam em um mesmo pasto (23). Dentre as nematodioses, as infecções causadas pelas espécies de Haemonchus, por serem parasitos hematófagos, são consideradas as mais patogênicas, causando debilidade, sobretudo em animais jovens (24). Os parasitos causam infecções no abomaso, intestino e fígado, causando uma marcante redução no consumo dos animais, que resulta em menor taxa de crescimento, devido à necessidade de energia para manutenção (25 e 26). De acordo com o estudo de Vilela (27), observa-se que além dos animais apresentarem sinais clínicos, os sinais subclínicos são mais comuns, prejudicando o desenvolvimento nas fases de cria e recria e diminuindo a resistência destes animais às infecções desencadeadas por outros agentes parasitários como bactérias e vírus.
O grau de infecção parasitária pode apresentar grande diferença de inapetência entre os indivíduos, em que a redução no consumo pode ser de 20% ou mais em animais 13 com infecções subclínicas e crônicas, podendo até apresentar anorexia severa em infecções agudas (28; 29). Soutello e colaboradores (20) observaram que na região do Brasil central mais da metade do gado de corte está localizado em criações extensivas e a taxa de mortalidade pode chegar a 2%, devido à verminose, principalmente quando esses animais não recebem uma suplementação protéica.
PRINCIPAIS HELMINTOS GASTRINTETINAIS DE BOVINOS
Segundo Behnke (31), conhecido como “vermes redondos” o filo Nematoda têm duas classificações: Adenophorea, helmintos predominantemente parasitos de animais aquáticos e plantas e Secernentea, nematódeos de animais vertebrados. Desta forma, nesta última classe estão classificados os trichostrongilídeos de importância para bovinos. As parasitoses são mistas e abrangem diversas famílias e gêneros, no caso dos bovinos, os mais representativos, pertencem a família Trichostrongylidae, com destaque para os gêneros Haemonchus spp., Ostertagia spp., Trichostrongylus spp., Cooperia spp. e família Strongylidae representada pelos gêneros Chabertia spp. e Oesophagostomum spp. (32). Craig (33) observa que os nematoides que parasitam os ruminantes e residem no trato gastrintestinal, possuem em sua maioria, uma evolução semelhante no meio ambiental, no entanto, são diferentes com relação aos efeitos causados sobre o hospedeiro.
Behnke (31) cita que para infectar um bovino, esses parasitos não precisam de hospedeiros intermediários, pois o ciclo de vida é direto. Esse ciclo é dividido em duas fases, a fase de vida livre e a fase de vida parasitária. A fase de vida livre dos nematódeos compreende desde o momento em que os ovos são liberados no ambiente junto com as fezes, eclodem e as larvas se desenvolvem passando pelas fases L1 e L2. Nessa fase, a alimentação do parasito é basicamente microrganismos e bactérias presentes no bolo fecal. BORBA (25) e GEORGE (34) relatam que os hospedeiros adquirem a infecção ingerindo a pastagem contaminada com larvas de terceiro estádio (L3), que após atingir a maturação, podem viver no lúmen do trato digestório, fixos à mucosa ou penetrados no epitélio. Apesar de algumas larvas infectantes poderem sobreviver por várias semanas sob condições ambientais favoráveis, o hospedeiro portador é quem geralmente perpetua a infecção através dos anos. Os indivíduos se diferem quanto ao grau da patogenia e são mais suscetíveis devido ao sexo, idade, fase do ciclo reprodutivo, 14 comportamento e genética. Porém, Souza (35) cita que a carga parasitária necessária para causar doença varia consideravelmente, devido às diferenças na patogenicidade das espécies parasitárias. Taylor (36) também observaram que a patogenia da tricostrongilose está relacionada às alterações que acontecem no ambiente do abomaso. Em um grau elevado, o parasitismo pode ocasionar úlceras e elevar o pH do abomaso, podendo desencadear quadros de diarreia e anorexia.
Responsável por gastrite parasitária em ruminantes, o gênero Ostertagia spp. apresenta características de alta patogenicidade, observada até mesmo quando a carga parasitária é baixa, podendo representar prejuízos na produção (32).
O gênero Cooperia spp. aloja-se no intestino delgado dos ruminantes. Os sinais clínicos observados nos animais consistem, essencialmente, na diminuição ou perda de apetite, diminuição da taxa de ganho de peso e, em alguns casos pode gerar emagrecimento em nível elevado (37). O gênero Trichostrongylus spp. apresenta nematódeos que nos bovinos, é a espécie mais relevante, alojando-se no abomaso dos ruminantes. São nematódeos pequenos e que não passam de sete milímetros quando adultos. Oesophagostomum spp. são parasitos do intestino grosso de ruminantes e suínos. O período de chuva no fim de outono e início de inverno proporciona condições adequadas para o aparecimento de surtos de Trichostrongylus axei (38). Em questão de relevância, destaca-se o gênero Haemonchus spp. que se localiza no abomaso dos ruminantes, apresentando coloração avermelhada devido à ação espoliativa sobre o hospedeiro (39). Uma possível incapacidade do hospedeiro em repor as perdas de sangue geradas por este parasito, caracteriza a patogenia das infecções promovidas por esta espécie, acarretando uma anemia que avança rapidamente, podendo ocasionar a morte do animal (40).
PRINCIPAIS CLASSES DE ANTI-HELMÍNTICOS E MODO DE AÇÃO
Em três estudos em rebanhos de bovinos de leite no Brasil (41; 42; 43), observou-se que os anti-helmínticos mais utilizados por pecuaristas brasileiros são os pertencentes à classe das lactonas macrocíclicas, seguido dos imidazotiazóis e benzimidazóis.
As lactonas macrocíclicas surgiram no início da década de 1980 e produziram grande revolução no mercado mundial dos antiparasitários. Além de apresentarem maior poder residual que os piretroides, são também eficientes contra vermes e bernes, sendo por isso chamados de “endectocidas”. São derivados de produtos obtidos com a fermentação do fungo Streptomyces avermitilis, e existem quatro subgrupos no mercado (Ivermectina, Moxidectina, Doramectina e Abamectina (44). O exato mecanismo de ação das lactonas macrocíclicas ainda não está totalmente esclarecido. Isso ocorre devido a algumas características da droga, tais como, apresentar vários locais de ação, várias espécies alvo com sensibilidades diferentes a seu efeito e pouca solubilidade em soluções aquosas (45). A primeira hipótese formulada para explicar o modo de ação das lactonas macrocíclicas relata que elas atuam como agonistas do ácido gama amino butírico (GABA), aumentando a permeabilidade dos íons cloro (Cl-), resultando em paralisia muscular (46; 47).
O grupo de imidazotiazóis atua, sobretudo na coordenação neuromuscular dos parasitos, como agonista colinérgico nicotínico. Penetram no parasito através da cutícula e estimulam de modo reversível, estruturas do tipo ganglionar, inibindo a produção de succinato de hidrogenase, ligando-se aos receptores neurotransmissores acetilcolinérgicos, produzindo sua ativação, o que resulta no acúmulo de acetilcolina na fenda sináptica, ocorrendo deste modo uma despolarização excessiva da membrana pós-sináptica e, como conseqüência, hiperexcitabilidade e paralisia espástica dos parasitos (48). Os receptores colinérgicos para o levamisol em helmintos apresentam diferenças farmacológicas das ligações em receptores dos vertebrados, explicando a sua atividade específica (49).
Os benzimidazóis pertencem a um grupo central de benzimidazoles, a partir dos quais foram sintetizadas uma grande quantidade de moléculas classificadas quimicamente em quatro grupos: benzimidazóis tiazoles; benzimidazóis metilcarbamatos; próbenzimidazóis e benzimidazóis halogenados, entre esses os principais para bovinos são os benzimidazóis metilcarbamatos que tem como principal representante o albendazole e seu metabólito ativo sulfóxido de albendazole, também denominado de ricobendazole (50). O mecanismo que os benzimidazóis utilizam para exercer sua atividade anti-helmíntica é a ligação altamente específica com a subunidade β da tubulina, fazendo sua polimerização e impedindo que esta estrutura consiga realizar suas atividades celulares, resultando na morte do parasita. Provocam alterações nas ultraestruturas das células intestinais dos nematódeos e nas células tegumentares dos cestódeos (51).
FORMAS DE CONTROLE
Apesar da existência de resistência a maioria dos fármacos disponíveis no mercado, a forma mais utilizada para o controle das helmintoses em bovinos é por meio da administração de drogas anti-helmínticas. Devido a isso, faz-se necessário que as medidas aplicadas de controle e profilaxia sejam eficazes, minimizando a influência dos parasitas, mantendo as infecções em níveis aceitáveis, em que, dependerão da intensidade do sistema de produção (52; 53).
Antes do desenvolvimento das pesquisas com anti-helmínticos, o controle da verminose era feito por meio de medicamentos caseiros, quando na década de 40, Gordon recomendou o conceito da implantação de programas de tratamentos, com produtos específicos desenvolvidos, ou seja, anti-helmínticos verdadeiros, sendo que o melhor uso possível era considerar o custo-benefício do tratamento. Este conceito foi negligenciado recentemente, quando constatado que o uso de forma indiscriminada de produtos altamente efetivos não resultou em melhorias significativas (2)
Alternativas como a seleção de animais geneticamente mais resistentes tem sido estudadas na busca do controle efetivo aos parasitas gastrintestinais (54). Segundo Albers (55), a resistência dos animais aos parasitas gastrintestinais pode ser atribuída à habilidade que o animal desenvolve na tentativa de impedir o estabelecimento e/ou desenvolvimento da infecção por helmintos. Sendo que a forma mais precisa de se avaliar a resposta do hospedeiro contra a infecção, é a quantificação da carga parasitária (56).
MANIPULAÇÃO NUTRICIONAL PARA CONTROLE DO PARASITISMO
Segundo Parkins e Holmes (29), animais bem nutridos resistem de forma mais eficiente aos efeitos dos parasitas. Sendo assim, o estado nutricional do hospedeiro pode controlar os efeitos negativos da infecção parasitária. Desta forma, espera-se que uma suplementação proteica possa compensar os efeitos dos parasitas, melhorando a resistência do hospedeiro em relação aos parasitas de acordo com a nutrição.
De acordo com Wallace (57) e Haile (58), a suplementação proteica para animais com infecção parasitária tem sido utilizada e tem mostrado bons resultados, já que o hospedeiro também apresenta uma maior habilidade de resistir à infecção. Bricarello (59), observou que ovinos da raça Santa Inês tratados com um suplemento contendo 129 gramas de proteína metabolizável/kg de matéria seca, apresentaram uma menor contagem de vermes. Veloso (60) também cita uma redução maior na contagem de 19 OPG dos ovinos tratados com alto nível de proteína, quando comparados com o grupo que recebeu baixa proteína.
Knox e Steel (61) e Veloso (60) citam que o uso de suplementos pode ajudar no aumento do aporte nutricional e com isso melhorar a capacidade dos animais em resistir à infecção. A suplementação proteica também pode auxiliar na redução do número de contagem de ovos de por grama de fezes (OPG) (62). Visto isso, são inúmeros os trabalhos encontrados na literatura realizados com outras espécies e categorias animais, faz necessário estudo visando o controle de nematódeos gastrintestinais por meio de anti-helmíntico e/ou suplementação proteicas em bezerros na fase de desmame.
O tratamento com anti-helmínticos é uma forma de resolver o problema de verminose no rebanho, porém, de maneira momentânea (63). O estudo realizado por Gomes (64) confirma que considerando os custos e o fato dos antihelmínticos poderem interferir com os mecanismos de imunidade natural dos bovinos, a utilização de anti-helmínticos, nem sempre é a forma mais adequada para resolver os problemas com parasitoses. O uso de outros meios para tentar sanar estes problemas com vermes gastrintestinais se faz necessário. Desta forma, a suplementação proteica auxilia como medida preventiva, para melhorar a imunidade do animal e ajudar no controle de helmintos.
CONCLUSÕES
Não há influência do tratamento anti-helmíntico no desempenho dos animais tratados e não tratados com anti-helmínticos em sistema de confinamento, devido à manipulação nutricional utilizada nestes sistemas. O fornecimento de dieta de alto concentrado, ou seja, com níveis de nutrientes disponíveis balanceados e ausência de desafio para reinfecção por helmintos, são suficientes para promover a eliminação da carga parasitária.
AGRADECIMENTOS
Equipe de Extensão e Pesquisa em Parasitologia Animal (EEPPA).
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