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FONTES E DOSES DE FÓSFORO NO ESTABELECIMENTO DO CAPIM MOMBAÇA

Capítulo de livro publicado no livro do II Congresso Brasileiro de Produção Animal e Vegetal: “Produção Animal e Vegetal: Inovações e Atualidades – Vol. 2. Para acessá-lo clique aqui.

DOI: https://doi.org/10.53934/9786585062039-86

Este trabalho foi escrito por:

Gustavo Barbosa Alves Silva*; Danilo Guimarães Borges; Anne Caroline Dallabrida Avelino; João Victor de Oliveira Barcelos; Paulo Henrique Guimarães da Silva; Camila Fernandes Domingues Duarte; Carlos Eduardo Avelino Cabral

*Autor correspondente (Corresponding author) – Email: [email protected]

Resumo: Este trabalho teve como objetivo identificar qual fonte e dose são mais adequadas para o estabelecimento do capim Mombaça.O experimento foi realizado em casa de vegetação na Universidade Federal de Rondonópolis, em delineamento inteiramente casualizado, com sete tratamentos e três repetições, em esquema fatorial [(2×3) +1]. Foram utilizados dois fertilizantes fosfatados (VitauroPhós® e Fosfato monoamônico), três doses de fósforo (75, 150 e 300 mg dm-3 P2O5) e o tratamento testemunha foi a ausência de fosforo, que foi admitido como a dose 0 mg dm-3 na análise de regressão. A análise estatística foi realizada por meio da análise de variância e após o teste Tukey, para os fertilizantes, e análise de regressão (linear e quadrático) para as doses de fósforo. Avaliou-se a densidade populacional de perfilhos, número de folhas, extração de fósforo na forragem e massa seca de forragem. A adubação fosfatada proporcionou aumento no desenvolvimento do capim Mombaça, visto que a maior dose de fósforo proporcionou incremento no número de folhas, número de perfilhos e massa seca de forragem.  Quanto às fontes de fósforo, a menor massa seca de forragem foi observada para o capim Mombaça adubado com VitauroPhós®. Portanto, recomenda-se a dose de 300 mg dm-3 de Fosfato monoamônico para estabelecimento do capim Mombaça.

Palavras–chave: adubação fosfatada, solo, nutriente, Panicum maximum

Abstract: This study aimed to identify which source and dose is most suitable for the establishment of Mombasa grass. The experiment was carried out in a greenhouse atFederal University of Rondonópolis, in a completely randomized design, with seven treatments and three replications, in a factorial scheme [(2×3) +1]. Two phosphate fertilizers (VitauroPhós® and Monoammonium Phosphate), three doses of phosphorus (75, 150 and 300 mg dm-3) and the control treatment was the absence of phosphorus, which was admitted as the 0 mg dm-3 dose in the regression analysis. Statistical analysis was performed using Analysis of variance, Teste tukey for fertilizers, and regression analysis (linear and quadratic) for phosphorus doses. Tiller population density, number of leaves, phosphorus extraction in forage and forage dry mass were evaluated. Phosphate fertilization provided an increase in the development of Mombasa grass, since the highest dose of phosphorus provided an increase in the number of leaves, number of tillers and forage dry mass. As for phosphorus sources, the lowest forage dry mass was observed for Mombasa grass fertilized with VitauroPhós®. Therefore, a dose of 300 mg dm-3 of monoammonium phosphate is recommended for establishment of Mombasa grass.

Key Word: phosphate fertilization, soil, nutrient, Panicum maximum

INTRODUÇÃO

O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de bovinos, com cerca 210 milhões de cabeças (1). A maior parte do rebanho brasileiro é criada a pasto, em uma área total de 173 milhões de hectares, sendo que cerca de 67% são de pastagens cultivadas e apenas 3% desse rebanho são terminados em sistema intensivo (2) (3). A maior parte das pastagens cultivadas é representada por gramíneas do gênero Brachiaria. No entanto, as pastagens de capim Brachiaria têm sofrido considerável redução nos últimos anos, e o capim Panicum maximum Jacq cv. Mombaça (capim Mombaça) tem sido introduzido em substituição a essas forrageiras (4). Com relação à acidez e à fertilidade do solo, o capim Mombaça é tão exigente quanto as outras cultivares do gênero, no entanto, apresenta maior eficiência na utilização do fósforo (5).

Por isso, dentre as opções de capins, o capim Mombaça destaca-se pelo valor nutritivo e pela produção de forragem (6). Assim, como é adaptado às regiões tropicais e subtropicais, este capim é muito utilizado na região do cerrado, permitindo maior lotação animal e ganho de peso vivo (7). Quanto à exigência nutricional, o capim Mombaça tem apresentado boa produtividade quando submetido à adubação fosfatada, pois o fósforo é essencial para o estabelecimento dessa forrageira pertencente à família Poaceae (8).

Este nutriente é limitante na produção do capim, pois é importante para o processo de metabolismo da planta. Considerando que grande parte dos solos brasileiros é deficiente em fósforo, essa adubação é fundamental para obter bom estabelecimento e manutenção do capim (9). Portanto, é um nutriente indispensável para quem busca boa produtividade, principalmente de capins com alta demanda de nutrientes, como os cultivares de Panicum maximum.

Mas existem diversas fontes para suprir a deficiência de fósforo, algumas fontes solúveis e fontes parcialmente aciduladas que disponibilizam fósforo gradativamente. Outros fertilizantes são considerados mistos, pela combinação de fontes solúveis e insolúveis em água. Diante do apresentado, objetivou-se identificar qual a dose e fonte são mais adequadas para o estabelecimento do capim Mombaça.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado em casa de vegetação, na Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), sob delineamento inteiramente casualizado, com sete tratamentos e três repetições, em esquema fatorial [(2×3) +1]. Foram utilizados dois fertilizantes fosfatados (VitauroPhós® e Fosfato monoamônico), três doses de fósforo (75, 150 e 300 mg dm-3 P2O5) e o tratamento testemunha foi a ausência de fosforo, que foi admitido como a dose 0 mg dm-3 na análise de regressão. As unidades experimentais corresponderam aos vasos com capacidade de 5,6 dm3, contendo cinco plantas.

Foram utilizadas, no experimento, duas fontes de fertilizantes fosfatados: VitauroPhós® e Fosfato monoamônico. O VitauroPhós® é comercializado pela Valloura Soluções Agropecuárias® e possui composição: 1% de nitrogênio; 18% de fósforo (dos quais, 9% de P2O5 solúvel em CNA+Água); 12% de cálcio; 5% de enxofre; aminóacidos; bactérias solubilizadoras de fosfato; ácidos húmicos e fúlvicos. O Fosfato monoamônico utilizado possui composição: 54% fósforo (P2O5 solúvel em CNA+água); 12% de nitrogênio. O solo utilizado no experimento foi coletado no campo experimental da UFR, e enviado para análise química e granulométrica (Tabela 1).

Depois, o solo coletado foi transferido para as unidades experimentais (vasos).

A semeadura e a adubação fosfatada foram realizadas no dia 14 de outubro de 2021, com vinte sementes de capim-mombaça por unidade experimental (vaso). A semeadura foi realizada em sulcos à 1 cm de profundidade ao nível do solo, e a distribuição dos fertilizantes fosfatados foi realizada analogamente ao método de adubação à lanço. Sendo que, o VitauroPhós® não foi incorporado, e a outra fonte levemente incorporada. Sete dias após a semeadura foi feito o desbaste, mantendo-se cinco plantas por unidade experimental (vaso). Neste momento, realizou-se a adubação de cobertura, em que se aplicou 50 e 25 mg dm-3 de nitrogênio e potássio, respectivamente.

Durante o experimento, a irrigação foi realizada elevando-se a umidade do solo para determinada capacidade de retenção de água. Nos primeiros quinze dias, elevou-se para 65% da capacidade de retenção, e depois para 100% da capacidade de retenção. A testemunha recebeu todo protocolo descrito acima, exceto a adubação fosfatada.

Cinquenta e cinco dias após a implantação, as plantas atingiram altura média de 45 cm, então, contou-se o número de perfilhos e realizou-se a colheita da forragem admitindo-se altura de resíduo de 20 cm. Após o corte, contou-se o número de folhas e não se procedeu a separação morfológica das plantas em virtude de a presença exclusiva de lâminas foliares. Na sequência, a massa vegetal foi submetida a secagem em estufa de circulação forçada de ar a 55 ± 5ºC, por 72 horas e, depois, pesada. As amostras de forragem foram moídas em moinho tipo faca com peneira de 2 mm e quantificou-se o teor de fósforo (10) para a estimativa da extração de fósforo. A análise estatística foi realizada por meio da análise de variância e após o teste Tukey, para os fertilizantes, e análise de regressão (linear e quadrático) para as doses de fósforo a 5% de probabilidade de erro, utilizando Software SISVAR 5.6.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve interação entre as doses e as fontes de fósforo para todas as variáveis mensuradas, com exceção da extração de fósforo. Houve diferença estática para densidade populacional de perfilhos (DPP), número de folhas (NF) e massa seca de forragem (MSF) em relação as doses aplicadas (Tabela 2).

O número de folhas, independente do fertilizante, aumentou em 5 vezes, aproximadamente, comparando-se a ausência de fósforo com a maior dose testada. Além disso, a maior dose testada triplicou a massa seca de forragem, comparativamente ao

tratamento em que não foi aplicado fósforo (Figura 1).

Por meio destes incrementos é possível afirmar a importância do fósforo para o estabelecimento do capim, visto que o perfilhamento é fundamental para a perenidade do pasto, aumento da cobertura do solo, supressão de plantas daninhas e prevenção de erosão. Além disso, o aumento na massa de forragem proporciona maior capacidade de suporte no primeiro pastejo da área. Houve interação entre os fertilizantes e as doses para a extração de fósforo pelo capim-mombaça. A extração de fósforo foi maior quando se adubou com Fosfato monoamônico, comparativamente ao VitauroPhós®, com exceção da ausência de adubação fosfatada, visto que as plantas não atingiram a altura de resíduo, o que não permitiu realizar a colheita e quantificar a extração de fósforo (Figura 2).

Figura 1 – Densidade populacional de perfilho (DPP), número de folhas e massa seca de forragem (MSF) função da aplicação de doses de fósforo.

A maior extração de fósforo pelo Fosfato monoamônico pode ter ocorrido devido a a maior quantidade de fósforo de rápida solubilidade. Dos 18% de P2O5 presentes no VitauroPhós®, 9% de P2O5 é de solubilidade controlada e gradual. Por isso, é provável que o VitauroPhós® promova maior efeito residual comparado ao Fosfato monoamônico, o que demanda a realização de estudos de médio a longo prazo. 

A maior extração de fósforo pelo Fosfato monoamônico favoreceu o incremento na massa de forragem, número de folhas e perfilhos do capim Mombaça, comparativamente ao VitauroPhós® (Figura 3). Da mesma forma que a extração, isso está associado a solubilidade dos produtos. Resultados semelhantes foram obtidos por outros autores (11), que avaliaram diferentes fontes na adubação do capim Piatã. As fontes de rápida solubilidade fornecem maiores quantidades de fósforo prontamente disponível para o desenvolvimento inicial do capim e, por isso, o Fosfato monoamônico proporcionou maior desenvolvimento inicial da gramínea.

Figura 2 – Extração de P na forragem em função de diferentes fontes de fósforo. Médias seguidas de mesma letra não diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. MAP: Fosfato monoamônico.
Figura 3 – Densidade populacional de perfilho (DPP), Folhas e Matéria seca de forragem (MSF) em função da aplicação de diferentes fontes de fósforo. MAP: Fosfato monoamônico.

A adubação fosfatada é imprescindível para a produtividade de perfilhos, uma vez que este nutriente desempenha função estrutural e participa de processos metabólicos da planta (12), independente da fonte utilizada. Entretanto, o nutriente mais requisitado para a produção de perfilhos é o nitrogênio (13), uma vez que participa do metabolismo e da fotossíntese da planta. Por isso, o maior desenvolvimento radicular proporcionado pelo fósforo, pode incrementar a absorção do nitrogênio presente no solo, o que resulta em sinergismo. Além disso, o não fornecimento de fósforo ao sistema ocasiona a redução na produção de perfilhos, pois, o capim usa o fósforo disponível apenas na sua manutenção (10).

Ademais, o efeito positivo do fósforo também foi evidenciado sobre a produção de massa forrageira e o número de perfilhos de capim Braquiária, evidenciando a importância da adubação fosfatada no estabelecimento de uma pastagem (14). E a fonte de fósforo também foi efetiva sobre o número de folhas e matéria seca na forragem. Sendo assim, indica-se a adubação fosfatada com manejo estratégico para persistência e estabilidade das pastagens brasileiras.

CONCLUSÕES

Recomenda-se a dose de 300 mg dm-3 de Fosfato monoamônico para estabelecimento do capim Mombaça.

AGRADECIMENTOS

À Valloura Agropecuária LTDA e Universidade Federal de Rondonópolis.

REFERÊNCIAS

  1. Companhia Nacional de Abastecimento. Perspectivas para a agropecuária – Safra 2019/2020: Produtos de Verão. Companhia Nacional de Abastecimento.
  2. Rodrigues, H.V.M. Fósforo e Calagem na Produtividade e Recuperação do Capim Marandú. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal). Universidade Federal do Tocantins, UFT, Gurupi, Tocantins, 2010. 56 f
  3. Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes. Pecuária Brasileira. Disponível em: https://www.abiec.com.br/publicacoes/beef-report-2021/ Acesso em: 09 de setembro de 2022.
  4. Dim, VP, Castro JGD, Alexandrino E, Santos AC, Silva Neto SP. Fertilidade do solo e produtividade de capim Mombaça adubado com resíduos sólidos de frigorífico. Rev Bras Saude Prod Ani. 2010; 11; 2: 303-316.
  5. Vilela H. Série Gramíneas Tropicais – Gênero Panicum (Panicum maximum – Mombaça). Disponível em: http://www.agronomia.com.br/conteudo/artigos/artigos_gramineas_tropicais_panicum_mombaca.htm. Acesso em: 09 setembro de 2022.
  6. Silva BF. Produção de biomassa e eficiência de conversão de nitrogênio no capim Mombaça irrigado. 2016. 24 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Agronomia), Instituto Federal do Tocantins Campus Araguatins. Araguatins, TO, 2016.
  7. Fonseca, DM, Martuscello, JA. Plantas forrageiras. Viçosa, MG: ed. UFV, Cap. 5, p. 166-196, 2013.
  8. Carneiro JSDS, Silva PSS, Santos ACM, Freitas GA, Silva RR. Resposta do capim Mombaça sob efeito de fontes e doses de fósforo na adubação de formação. Jour bio food Sci. 2017; 4: 12-25.
  9. Cecato U, Skrobot VD, Fakir GR, Branco AF, Galbeiro S, Gomes JAN. Perfilhamento e características estruturais do capim Mombaça adubado com fontes de fósforo em pastejo. Acta Sci Ani Sci. 2008; 30: 1-7.
  10. Sarruge JR, Haag HP. Análise química das plantas. Piracicaba: ESALQ, 1974.
  11. Duarte CFD, Paiva LM, Fernandes HJ, Cassaro LH, Breure MF, Prochera DL, Biserra TT. Capim-piatã adubado com diferentes fontes de fósforo. Rev Investig. 2016; 58-63.
  12. Santos IPA, Pinto JC, Siqueira JO, Morais AR, Santos CL. Influência do fósforo, micorriza e nitrogênio no conteúdo de minerais de Brachiaria brizantha e Arachis pintoi consorciados. Rev Bras Zootec. 2002: 31: 605- 616.
  13. Patês NMS, Pires AJV, Silva CCF, Santos LC, Carvalho GGP, Freire MAL. Características morfogênicas e estruturais do capim-tanzânia submetido a doses de fósforo e nitrogênio. Rev Bras Zootec. 2007; 36: 1736-1741.
  14. Mesquita EE, Pinto JC, Furtini Neto AE, Santos IPA, Tavares VB. Teores críticos de fósforo em três solos para o estabelecimento de capim-Mombaça, capimMarandu e capim-Andropogon em vasos. Rev Bras Zootec 2004; 33:290-301.

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