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ADUBAÇÃO ORGÂNICA COMO ALTERNATIVA DE PRODUÇÃO DE MILHO (ZEA MAYS L.) NO BRASIL: REVISÃO DE LITERATURA

Capítulo de livro publicado no livro do II Congresso Brasileiro de Produção Animal e Vegetal: “Produção Animal e Vegetal: Inovações e Atualidades – Vol. 2. Para acessá-lo clique aqui.

DOI: https://doi.org/10.53934/9786585062039-83

Este trabalho foi escrito por:

Antonio Deusimar Oliveira de Sousa Junior*; Gênesis Alves de Azevedo; Lucianne Martins Lobato ; Giselly Martins Lobato; Cyntia Airagna Fortes dos Santos; Gerson Freitas Vieira Neto; Fernanda Mendonça Freitas

Antonio Deusimar Oliveira de Sousa Junior – Email: [email protected]

Resumo: A aplicação de adubos orgânicos é uma alternativa econômica e sustentável de grande importância no aproveitamento de biofertilizantes de origem animal como esterco animal. A serventia desses insumos orgânicos decresce o uso de insumos sintéticos e revigora as propriedades físicas e químicas, além de melhorar o desenvolvimento das culturas. Desse modo, o objetivo principal desta revisão foi coletar e organizar informações sobre a utilização de adubos orgânicos na agricultura em substituição a adubação química para produção de milho (Zea Mays. L) como segundo cereal de maior importância econômica no Brasil, além de destacar os principais entraves, limitações e impactos ambientais do adubo químico na agricultura. O baixo custo na aplicação de adubos orgânicos na agricultura, o efeito sustentável pela reutilização de dejetos em industriais agropecuárias e a produção de alimentos orgânicos mais saudáveis à saúde, são fatores que direcionam a adoção de fertilizantes orgânicos de origem animal como alternativa eficaz para produção de grandes culturas como o milho (Zea mays L.). Uma vez que, o ganho na produtividade é expresso no decorrer do trabalho, além de não prejudicar o meio ambiente.

Palavras-chave: Sustentabilidade ambiental; Produtividade; Baixo custo.

Abstract: The application of organic fertilizers is an economic and sustainable alternative of great importance in the use of biofertilizers of animal origin as animal manure. The usefulness of these organic inputs reduces the use of synthetic inputs and invigorates the physical and chemical properties, in addition to improving the development of crops. Thus, the main objective of this review was to collect and organize information on the use of organic fertilizers in agriculture to replace chemical fertilization for the production of corn (Zea Mays. L.) as the second most economically important cereal in Brazil, in addition to highlighting the main obstacles, limitations and environmental impacts of chemical fertilizers in agriculture. The low cost in the application of organic fertilizers in agriculture, the sustainable effect of the reuse of waste in agricultural industries and the production of healthier organic foods, are factors that direct the adoption of organic fertilizers of animal origin as an effective alternative for the production of large crops such as maize (Zea mays L.). Since the gain in productivity is expressed in the course of work, in addition to not harming the environment.

Key words: Environmental sustainability; Productivity; Low cost.

INTRODUÇÃO

A aplicação de adubos orgânicos é uma alternativa econômica e sustentável de grande importância no aproveitamento de biofertilizantes de origem animal como esterco animal. A serventia desses insumos orgânicos decresce o uso de insumos sintéticos e revigora as propriedades físicas e químicas, além de melhorar o desenvolvimento das culturas (1,2,3).

Devido ao alto o preço dos fertilizantes minerais, é necessário adoção de novos caminhos que proporcionem reduzir a dependência de recursos não renováveis e melhorar taxas de produção ligado à sustentabilidade (4,5).

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA (6), os produtos orgânicos são propostos afim de evitar a utilização de produtos não orgânicos capazes de prejudicar a saúde do agricultor, animais e o meio ambiente. Visando a preservação dos ecossistemas naturais e o incremento de atividades naturais como o equilíbrio biológico e a reciclagem de matéria orgânica proporcionando processos que elevam a fertilidade do solo.

Aliado a importância do uso de adubos orgânicos, observa-se que o agronegócio brasileiro responde por metade das exportações mundiais de grãos, sendo o quarto maior produtor de grãos, com quase 8% da produção mundial. Segundo o canal Agro do Estadão, a maior produção de soja no Brasil atingiu 126 milhões de toneladas (26,6% do PIB e 61% do total de cargas, sendo o maior produtor de soja do mundo em 2020 (7).

Pretendendo aumentar a produtividade e manter o equilíbrio do sistema de cultivo do milho, seguindo a demanda de consumo para obtenção de alimentos orgânicos, tornou-se uma alternativa viável para intensificar a lucratividade do setor agropecuário pela oportunidade de agregar valor ao produto, aplicando menos insumos e favorecendo o meio ambiente. (8). Os cereais são a mais importante fonte de alimentos do mundo, tanto para o consumo humano direto, como para a produção de carne. Segundo pesquisas, aproximadamente um terço da produção de cereais é destinada ao consumo animal, onde serão necessários bilhões de toneladas extras de cereais até 2030 (9).

A produção de grãos é uma das atividades agrícolas com maior desempenho para na economia brasileira, inserindo um total de 2 trilhões de reais na economia (CNA). Para que alcançar esse feito, o Brasil passou por um grande avanço territorial no Centro-Oeste, que concentra 46% da produção de cereais, logo o estado de Mato Grosso com 28% da produção total (10) (CONAB, 2021). Um dos três cereais mais cultivados no mundo é o milho, com consideráveis 150 espécies diferentes, embora amplamente utilizada, a indústria de ração animal consome 53% e 2% para fins de consumo humano, como a culinária (11).

O milho (Zea mays L.), pela sua área de utilização e valor económico e social, é o cereal mais produzido no mundo; seu grão pode ser consumido in natura, como grãos secos e verdes. É adotado na alimentação humana e animal e seus grãos são destinados para a fabricação de cereais. (12, 13). Nos últimos anos, a cultura vem se expandindo em várias regiões geográficas do Brasil, o aumento da área cultivada teve intensidade na região Centro-Oeste. E houve diminuição da área cultivada nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste (14).

Desse modo, o objetivo principal desta revisão foi coletar e organizar informações sobre a utilização de adubos orgânicos na agricultura em substituição a adubação química para produção de milho (Zea Mays. L.) como segundo cereal de maior importância econômica no Brasil, além de destacar os principais entraves, limitações e impactos ambientais do adubo químico na agricultura.

REVISÃO DE LITERATURA

Emprego da adubação orgânica e benefícios

Hoje, é notável o aparente interesse de nosso sistema produtivo em atender as condições do desenvolvimento sustentável, levando em consideração os assuntos sob os quais se baseia, de natureza econômica, social e ambiental (15).

O emprego de adubos orgânicos em solos agrícolas tem crescido nos últimos anos no Brasil, devido ao forte aumento no volume de resíduos orgânicos produzidos por uma parcela da população, transtornos relativos à degradação do solo, do ambiente, e sobretudo a saúde humana. Portanto, a investigação visando ferramentas alternativas que promovam o aproveitamento de resíduos e condicionem o aumento de produtividade das culturas de forma sustentável vem sendo discutido e proposto para aplicação em lavouras (16).

A adubação orgânica apresenta elevada eficácia no processo agrícola por propiciar beneficiamento das condições físico-químicas do solo, estimulando no desenvolvimento de espécies de importância econômica. Na produção dos adubos orgânicos, diversos microrganismos são conhecidos pelo desempenho como decompositores, focalizando-se nas minhocas. Existem vários trabalhos em torno desses microrganismos e suas funções em divergentes produtos orgânicos. Entretanto, poucos são os estudos sobre o esterco de equinos no Brasil e menos ainda sobre a atuação de microrganismos no processo da sua decomposição, especificamente sobre o comportamento dos besouros coprófagos nesses materiais orgânicos (17).

Os adubos orgânicos tiveram maior reconhecimento e utilização em cultivos agrícolas além de reduzir custo energético das lavouras e aumentar a estabilidade de recursos naturais. A técnica de reusar plantas como cobertura morta no solo tem sido aplicada em algumas regiões semiáridas, pois além de promover a umidade do solo, favorece o desenvolvimento da cultura (18).

O emprego de produtos orgânicos, indicam vários benefícios nutricionais, visto que não transcorre o uso de agrotóxicos, adubos químicos e outros elementos tóxicos e sintéticos nos alimentos orgânicos. Assim sendo, há preservação da biodiversidade, fases e ações biológicas do solo, garantindo um ecossistema em equilíbrio (19).

Além dos benefícios da agricultura orgânica para o ecossistema, tem-se uma melhora na vida do produtor, uma vez que faz-se uso de metodologias de conservação de solos, como por exemplo, rotação e consorciação de espécies agrícolas, cultivo mínimo  e  adubação verde, onde diminui drasticamente a perda nutricional, adverso da agricultura convencional, a observação, tendo como respostas a redução de contaminação de solos, recursos hídricos, aparecimento de pragas, erosão e locomoção indevida  de  nutrientes, tornando o solo mais produtivo e resistente quanto a propagação de  parasitas (19).

O uso de fontes orgânicas contendo vários nutrientes como cama de frango, principalmente N, se manejado adequadamente tem capacidade para fornecer alguns ou todos atributos de fertilizantes químicos. A adoção dessa prática melhora o teor de matéria orgânica, que por sua vez beneficia as propriedades físicas do solo, aumenta a capacidade de retenção de água, reduz a erosão, melhora a aeração e estabelece um ambiente confortável para microbiota do solo se desenvolver (15).

A adição de compostos orgânicos, ligada ao manejo correto do solo, permite um desenvolvimento das plantas, seja pela disponibilização de nutrientes, melhorando as propriedades da cultura. Dessa forma, o uso de materiais de origem orgânica, cama de aviário, chorume de suíno, representam uma ótima alternativa como fertilizante por propiciar um destino mais adequado, permitindo uma melhora na produção animal e vegetal em razão de fatores como, disponibilização de nutrientes na área (20).

Segundo a Revista Cultivar (21), a Universidade Federal de Viçosa desempenha um projeto há 15 anos que se fundamenta na produção de milho e feijão com aplicação de adubo orgânico, mineral e organo-mineral. Os fertilizantes orgânicos utilizados continuamente por muitos anos têm um efeito residual a longo prazo levando a uma fonte estável de nutrientes. Dessa forma, os fertilizantes orgânicos forneceram nutrientes suficientes para manter a produtividade no primeiro ano de aplicação, estabilizando acima dos 5.000 kg/ha, a partir do quarto ano de aplicação anual. Logo após o 12º ano, o rendimento de milho foi de 6.500 kg/ha quando foram usados fertilizantes orgânicos isolados, enquanto a maior dose de fertilizantes químicos foi usada, o rendimento de milho não excedeu 4.900 kg/ha. No ano seguinte, a diferença dos resultados foi positiva para o milho “orgânico”, o qual ficou com 1.800 kg/ha a mais em relação ao outro adubado com 500kg fertilizante mineral 4-14-8 + 300 kg de amônio/ha.

Pelos resultados obtidos pela UFV no cultivo do milho, os fertilizantes orgânicos elevaram em até quatro vezes o teor de fosforo no solo e o potássio cerca de 2,5 vezes. As concentrações de cálcio e magnésio e o pH do solo são mantidos em níveis adequados para o cultivo. Esses resultados demonstram que o composto tem potencial para melhorar a fertilidade do solo ao longo prazo. Com uso de 10 a 15 toneladas/ha de composto orgânico, o aumento na fertilidade do solo foi eficiente em intervalos mais curtos, a respeito de altas doses em longo período de tempo (21).

Dependência do uso de adubos químicos e seus impactos ambientais

De acordo com Civitereza (22), o uso excessivo de fertilizantes provoca um problema grave ao meio ambiente, causando a poluição das águas causando o fenômeno de eutrofização. A maioria dos fertilizantes penetra diretamente no solo, mas uma parcela é levada pelas chuvas, dessa forma poluindo lagos, rios e lençóis freáticos com sais, do tipo fosfato e nitrogênio que estão presentes nos fertilizantes. É devido a esses nutrientes em quantidades demasiadas viabiliza o crescimento de algas que sequestram o oxigênio levando a morte de toda a vida presente nos rios e lagos.

O solo necessita da microfauna para não se tornarem estéreis e não recorrer a mais aplicações de insumos agrícolas, o que seria outro problema causado pelo excesso de fertilizantes químicos, uma vez causado o rompimento da cadeia de microfauna (minhocas, formigas, besouros, fungos, bactérias) presentes no litossolo. Dessa forma a participação desses organismos vivos no solo promove a fertilidade através de interações entre os organismos (22).

Considerando também a dificuldade de transporte e os altos preços para adquirir esse tipo de fertilizante, o qual já causa impactos negativos no solo e prejudica a microbiota em nincho ecológico presente no ambiente da cultura, reduzindo o desenvolvimento da cultivar.

A busca por outras fontes de adubos é impulsionada tanto pelo alto preço dos fertilizantes minerais, quanto pela crescente demanda por produtos orgânicos (23). Altos custos nos insumos minerais limitam a produtividade de grãos, além de reduzir a atividade no agronegócio tornando maior a dependência das lavouras em aguardar a chegada dos produtos importados como fósforo (P) e potássio (K), resultando no aumento da produção da cultura (24).

Embora o aumento da demanda interna por fertilizantes afim de contribuir com a produção agrícola, houve queda na estatística da produção, seguida de queda na proposta interna. Indicando o Brasil como dependente da importação de fertilizantes químicos para suprir a demanda de adubações no setor agrícola. Cerca de 70% dos fertilizantes aplicados no país são importados. (25).

O Ministério da Economia (26), relata o crescimento vertiginoso nas importações, a qual é influenciada pelas dilatação na compra de produtos como trigo e centeio, não moídos (29,5%), fertilizantes brutos (115,5%), carvão ( 68,6%); óleos brutos de petróleo ou minerais betuminosos na Indústria Extrativa (173,1%); Óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (exceto óleos brutos) (108,2%); adubos ou fertilizantes químicos (58,1%); Inseticidas, fungicidas, herbicidas, rodenticidas, reguladores de crescimento para plantas, desinfetantes e semelhantes (85,4%) na Indústria de Transformação.

Segundo destacou Ministério da Economia (26), o Brasil dobrou o valor em compras de fertilizantes em 10 anos, passando de US$ 1,25 em 2007 para US$ em 2017. Isto posto, é comprovado a dependência que o país possui na aquisição de fertilizantes químicos importados, estimulada pela produção agrícola nacional no período.

Associado a esse registro, o alto custo dos insumos e fertilizantes ainda mais caros limitam a produtividade alimentar do país. Elevando o custo de produção das lavouras resultando na dependência de fontes importadas não renováveis de nutrientes como fósforo e potássio. Todavia, o setor agrícola gera uma grande quantidade de resíduos, permitindo o reaproveitamento de nutrientes. A reutilização reduz erros de condutas ambientais e estabelece uma economia circular para o setor agrícola. A razão para procurar fertilizantes alternativos é o alto preço de adubos mineraissolúveis. A união de fertilizantes minerais com adubos orgânicos formulou uma alternativa mais econômica e sustentável, denominada fertilizante organomineral, o qual é a mistura de ambas fontes nutritivas (27).

Fontes de adubos orgânicos

A adubação orgânica oferece benefícios incríveis para auxiliar nas atividades conservacionistas, aproveitando resíduos cujo descarte provocaria impactos no meio ambiente. Outra vantagem apresentada por esse fertilizante é o tempo de duração, uma vez que, a disposição dos nutrientes será de forma lenta e duradoura devido aos processos de mineralização e decomposição de matéria orgânica. Equivalendo também para melhorar significativamente as propriedades físicas e biológicas do solo. Entretanto, os benefícios que se destacam são redução do processo de corrosão, maior quantidade de nutrientes às plantas, maior retenção de água, pouca diferença de temperatura do solo, durante o dia e noite, estimulação da atividade biológica, aumentou a taxa de infiltração e agregação de partículas. (28).

Dentre os adubos orgânicos, o esterco de origem animal é considerado o mais importante, e seu principal nutriente é o nitrogênio. Dispondo de um conjunto de elementos químicos, além de fósforo e potássio. Embora muito rico em nutrientes, o teor de elementos químicos no esterco não é equilibrado, devendo ser complementado com esterco e fertilizantes minerais. (28).

O uso de esterco bovino (chorume) concede cerca de 20% menos produtividades do que suínos e cerca de 5,0% de lucro. Além do esterco de suínos e bovinos, o esterco de frangos de granjas de frangos de corte também é usado como fertilizante orgânico para o milho. (28).

A utilização de adubos orgânicos, em especial os estercos de animais, é uma alternativa para o suprimento de nutrientes no solo em áreas com pecuária. A reciclagem de nutrientes através do uso de adubo orgânico nas propriedades visa não somente o controle da poluição ambiental, mas também a redução de custos com aquisição de fertilizantes (29). Os adubos orgânicos de origem animal mais utilizados na forma sólida são os estercos de animais, os compostos orgânicos e húmus de minhoca. Os resíduos orgânicos, além de fertilizarem o solo são ativadores de microvida e melhoradores da estrutura e textura do solo, permitindo maior infiltração de água e maior aeração (30).

A adubação orgânica é uma estratégia economicamente viável e ecologicamente sustentável no contexto da agricultura moderna que, como comumente se sabe, desenvolve cada vez mais alternativas que viabilizem a agricultura em todas as escalas, de maneira sempre a conciliar produtividade e ao mesmo tempo proteção ao meio ambiente. Como visto o uso de fertilizantes orgânicos torna-se viável para corrigir e alterar o pH do solo, permitindo o cultivo de alimentos variados. Para o agricultor uma alternativa de fertilizante de qualidade e com um preço acessível é o adubo orgânico que pode ser produzido em sua residência com restos de vegetais e frutas, exemplos: laranja, batata inglesa, mamão, cenoura, goiaba, coentro, abacate e cascas de ovos (31).

Mercado e produção do milho importação/exportação

O milho é um dos produtos agrícolas mais importantes do mundo, fazendo parte das commodities mais ricas em energia para produção de ração animal, além de conseguir atender a demanda alimentar de vários países e estar no topo da produção de biocombustível (32).

Segundo a CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento (33), evidenciou que na segunda safra de milho 2021/22 deve ser colhido 87 milhões de toneladas, conforme o 11º levantamento de grãos, houve aumento de 6,2 % em relação à safra anterior, ou seja, 15, 9 milhões de toneladas. A colheita da segunda temporada de milho segue crescendo e ultrapassa 79 áreas semeadas, segundo o relatório do Progresso de Safra. O volume estimado para a segunda safra de milho representa a maior produtividade registrada na série histórica. Esse número leva em consideração a redução da produtividade em relação ao levantamento anterior, devido aos efeitos da falta de chuva e do ataque de pragas em importantes áreas de produção, como o Paraná. Em relação ao ciclo anterior, o aumento da produção atingiu 44%.

Mais um aumento nas estimativas de produção de milho no Brasil. A Conab está estimada em 98,5 milhões de toneladas, o maior volume já produzido na história do Brasil. No entanto, ainda há espaço para novos máximos, pois a colheita ainda está em andamento, embora bem encaminhada (34).

Em virtude das exportações de grãos, o agronegócio brasileiro consegue equilibrar a balança comercial e deixar o país em condições aliviadas em relação ao comércio internacional de matérias-primas agrícolas (35). Além das exportações, a estabilidade do Brasil no mercado internacional é acompanhada da expansão de área cultivada, uso de novas tecnologias agrícolas como adubos, defensivos agrícolas, maquinas e o aumento da produtividade (36).

De acordo com Coelho (37), houve acréscimos demasiados de preço da saca de milho, atingindo um valor mais que o dobro dos vistos em 2018. O mercado obedece à oferta e demanda, à medida que as exportações aumentam, a demanda para ração animal.

O processo de ocupação produtiva do cerrado foi fundado ou dirigido pelo complexo “grão – carne”. Ao analisar a produção de cereais, destacam-se a soja e o milho, porém, considerando as principais culturas de grãos no cerrado – milho, soja, feijão, arroz e trigo, aumentou de oito milhões de toneladas para 112,7 milhões em intervalo de 40 anos, de 21% para 56% do total nacional (38).

A falta de infraestrutura para transportes com mais facilidade, como a carência de intermodalidade ou multimodalidade de transporte, déficit na capacidade estática de armazenamento e outros causam prejuízos para a comercialização do milho e de outras commodities, pois o país alcançou novas fronteiras agrícolas e expandiu o número de áreas agricultáveis, Centro-Oeste é uma região com alta capacidade produtiva, e encontra dificuldades para descolamento até as áreas portuárias, permitindo o vazio em unidades armazenadoras e instalações agrícolas (39).

CONCLUSÕES

É de fato importante analisar as melhores formas de impulsionar a produtividade de cereais como o milho sob adubação orgânica, uma vez que são produções que movimentam a economia do país, além de manter a demanda do exterior para produção de subprodutos. O baixo custo na aplicação de adubos orgânicos na agricultura, o efeito sustentável pela reutilização de dejetos em industriais agropecuárias e a produção de alimentos orgânicos mais saudáveis à saúde, são fatores que direcionam a adoção de fertilizantes orgânicos de origem animal como alternativa eficaz para produção de grandes culturas como o milho (Zea mays L.). Uma vez que, o ganho na produtividade é expresso no decorrer do trabalho, além de não prejudicar o meio ambiente.

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