Back

INFLUÊNCIA DO SISTEMA DE CULTIVO DE DIFERENTES REGIÕES BRASILEIRAS NAS CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS DE FILÉS DE GAROUPA-VERDADEIRA (Epinephelus Marginatus)

Capítulo de livro publicado no livro: Ciência e tecnologia de alimentos: Pesquisas e avanços. Para acessa-lo  clique aqui.

DOI: https://doi.org/10.53934/9786585062060-12

Este trabalho foi escrito por:

Diana Carla Fernandes Oliveira *; Jeison Bruno de Paulo Ribeiro  ; Ana Luiza de Souza Miranda ; Louise Paiva Passos ; Francielly Corrêa Albergaria ; Letícia Tavares Martins ; Maria Emília de Sousa Gomes  

*Autor correspondente (Corresponding author) – Email: [email protected]

Resumo: Garoupas são peixes bastante apreciados na culinária devido às suas propriedades sensoriais agradáveis. Entretanto, as características sensoriais das espécies de peixe são influenciadas pela idade, sistema de criação, regime alimentar, dentre outros, os quais podem afetar a aceitação pelo mercado consumidor. Diante do exposto, o presente trabalho objetivou avaliar diferenças sensoriais no filé de garoupas criadas em três sistemas de cultivo, sob diferentes regimes alimentares, localizadas em três regiões do Brasil, através das conclusões de um grupo de foco. O estudo foi dividido em duas etapas. Na primeira, os participantes do grupo de foco analisaram amostras in naturade exemplares de cada sistema de criação, sem a utilização do paladar, orientados a avaliar aparência, textura aparente e aroma das amostras. Na segunda etapa, os participantes analisaram amostras assadas e foram autorizados a degustá-las. Nesta última etapa, cada participante recebeu 3 amostras, sendo duas delas da mesma região e a outra de uma região diferente, sendo orientados a apontar, de forma descritiva, os atributos sensoriais, além de inferir notas a cada amostra baseados em uma escala hedônica de nove pontos. Sendo estas notas utilizadas para calcular o Índice de Aceitabilidade (IA) de cada amostra. Observou-se que, na primeira etapa, não foi possível identificar diferenças entre as amostras ocasionadas pelo modo de cultivo. Entretanto, na segunda etapa houve percepção de diferenças entre as amostras de cada região com seu respectivo método de cultivo e regimes alimentares distintos.

Palavras–chave: avaliação hedônica; consumidor; método de cultivo; regime alimentar

INTRODUÇÃO

A garoupa-verdadeira (Epinephelus marginatus),pertence à família Serranidae, que compreende 159 espécies, distribuídas em 15 gêneros (1). Com ampla distribuição geográfica, tem ocorrência do Sul da Bahia até a Patagônia Argentina (2,3). É uma espécie marinha muito apreciada, bastante utilizada pela gastronomia brasileira, sendo considerada um peixe nobre, por ter uma carne saborosa e proporcionar benefícios a saúde humana, principalmente ao apresentar baixos níveis de gordura e alto valor nutritivo (4). Além de fortalecer o turismo local, ao ser apresentada como diferencial gastronômico em muitas regiões do país (5,6).

A espécie E. marginatus é caracterizada como hermafrodita sequencial protogínica monândrica (7,8,9), ou seja, os indivíduos primeiro se reproduzem como fêmeas e, após a inversão sexual, tornam-se machos. Além disso, possuem alta fidelidade ao local, crescimento lento, maturidade sexual tardia e suscetível à sobrepesca, isto é, a espécie é pescada além da sua capacidade natural de reprodução (10). Sua população vem diminuindo consideravelmente, pois a espécie é vulnerável à pesca, mesmo a artesanal (11). Por isso, desde 1996, a garoupa verdadeira está listada na lista vermelha da International Union for Conservation of Nature (IUCN) (12), e classificada como EM A2d o que significa que a espécie corre risco de extinção na natureza. (13).

A produção da piscicultura marinha mundial tem apresentado uma taxa de crescimento anual superior a 10% nos últimos 20 anos (FAO, 2012) (14). E pode ser uma boa alternativa para amenizar os impactos da sobrepesca em populações naturais (15). Segundo dados da FAO (2021) (16), a produção mundial de garoupas (não só E. marginatus) mais que dobrou nos últimos 10 anos, sendo o continente asiático o único produtor na atualidade. Os principais países produtores foram a China (65% da produção total), Taiwan (17%) e Indonésia (11%) (17). A produção em cativeiro (aquicultura) de E. marginatus pode diminuir a pressão de pesca sobre a espécie, fornecendo ao mercado um produto com rastreabilidade e certificado de origem (18). O cultivo de garoupas tem sido realizado na Ásia principalmente em sistemas de tanque-rede no mar ou em viveiros escavados, e recentemente alguns criadores da China e Hong Kong têm investido em sistemas de recirculação (19).

A criação da garoupa em cativeiro utilizando o sistema de fluxo contínuo, na qual a água é bombeada direto do mar até os reservatórios, surge como uma alternativa viável para fins comerciais, a Redemar Alevinos, empresa privada localizada em Ilhabela SP, realiza reprodução e criação neste sistema. Ainda, há a possibilidade da utilização de tanques de rede no mar, técnica aplicada pela empresa Fazenda Maricultura Costa Verde, localizada em Angra dos Reis, RJ. Além da possibilidade de utilização de tanques escavados, comumente usados na criação de camarões (20), método utilizado pela empresa Mar do Brasil, localizada em Laguna, SC.

A aquicultura enfrenta grandes desafios, dentre eles é fazer com que o produto que chega ao acesso do consumidor seja semelhante ao capturado na natureza, seja no aspecto nutricional e no sensorial. Entretanto, sabe-se que existem diferenças na composição de nutrientes, propriedades físico-químicas e sensoriais entre os peixes ‘selvagens” e os provenientes da aquicultura, e o principal fator para tais diferenças, é a dieta que o animal é submetido (21).

A análise sensorial é uma disciplina científica, amplamente utilizada na indústria de alimentos para interpretar, analisar, medir e qualificar as características sensoriais dos produtos, através dos sentidos humanos: a visão, o olfato, o paladar, o tato e até mesmo a audição (22). Existem diversas técnicas que podem ser aplicadas dentro da análise sensorial, dependendo do objetivo que se deseja atingir, do tipo de alimentos, entre outros fatores que influenciam na escolha da metodologia.

A carne de pescado apresenta atualmente um grande potencial de mercado, pois esse produto industrializado ou in natura pode atender às necessidades do consumidor com relação aos aspectos nutricionais, sensoriais (sabor agradável, suave e característico) e conveniência (fácil preparo ou pré-pronto).

A técnica do grupo focal, foi primeiramente explorada pelos profissionais do marketing, cerca de 50 anos atrás, entretanto, ao longo do tempo foi se consolidando em outras áreas, por ser uma técnica adaptável a qualquer tipo de abordagem. O principal objetivo de um grupo focal é identificar percepções, sentimentos, atitudes e ideias dos participantes a respeito de um determinado assunto, produto ou atividade (23).

Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo verificar a influência do sistema de cultivo e da alimentação nas características sensoriais de garoupas verdadeiras produzidas em três regiões brasileiras. Para tanto, utilizou-se do grupo de foco para analisar as diferentes percepções observadas pelos julgadores e elucidar os descritores sensoriais de cada amostra.

MATERIAL E MÉTODOS

Animais

As garoupas-verdadeiras (Epinephelus marginatus) usadas no trabalho, foram criadas em diferentes sistemas de cultivo comercial, sendo elas: I) sistema de fluxo contínuo (SFC), em Ilhabela/SP, a uma densidade de 50 peixes/m³ em tanque com água bombeada continuamente do mar para o sistema de criação, e alimentados com ração comercial extrusada para peixes carnívoros marinhos, II) sistema de tanque rede no mar (TRM), posicionados próxima a costa no mar, em Angra dos Reis/RJ, a uma densidade de 8 peixes/m³, alimentados com resíduo de pesca (trash fish);e III) viveiro escavado (VE) revestido com gel membrana, em Laguna/SC, a uma densidade de 4 peixes/m³, com água bombeada de lagunas que se comunicam com o mar por meio de canais, tornando a água salobra ou salgada, e os animais foram alimentados com ração extrusada para peixes carnívoros marinhos (Figura 1).

As garoupas foram abatidas com cerca de 2 anos de idade, evisceradas e congeladas pelos criadouros e transportadas, de cada localidade, em caixas térmicas à Planta Piloto de Processamento de Pescado, no Departamento de Ciência dos Alimentos, da Universidade Federal de Lavras, em Lavras-MG.

Os peixes inteiros e eviscerados foram descongelados por 24 h em refrigerador (modelo RDV48, Continental, Curitiba, PR, Brasil) com temperatura controlada a 7 °C (± 2 °C). Após, foram lavados em água corrente clorada e submetidas à mesa serra fita (modelo 1,69, CAF Máquinas, Rio Claro, SP, Brasil) para retirada da cabeça e das nadadeiras, retirada de pele e filetagem. Os filés foram armazenados em freezer (modelo GTPC – 575, Gelopar, Chapada Araucária, PR, Brasil) a -18 °C.

Grupo de foco

O projeto foi aprovado, sob o parecer número 5.265.757, pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) em seres humanos vinculado à Pró-Reitoria de Pesquisa da UFLA (CAAE: 31930114.3.0000.5148).

Para a realização das análises pelo grupo de foco do filé in natura e assado, as amostras foram descongeladas sob refrigeração com temperatura controlada a 7 °C (± 2 °C) por 12 h. Os filés assados, foram envoltos por papel alumínio em forno convencional a gás (modelo Facilite, Consul, Joinville, SC, Brasil), sob temperatura de 150 °C por, aproximadamente, 40 minutos. Após o processo de cocção, as amostras foram partidas em aproximadamente 50 g e dispostas em copos plásticos de 50 mL para apresentação aos julgadores.

O grupo de foco foi composto por uma moderadora, e por 6 julgadores não treinados, consumidores frequentes de carne de peixe, e devidamente orientados a não se alimentarem, não tomarem café e a não fazerem o uso de cigarros por, no mínimo, 4 h antes dos testes, para não influenciar na percepção sensorial.

O grupo de foco foi divididos em dois momentos: 1) análise das amostras in natura e 2) análise das amostras assadas, sem a utilização de sal ou qualquer especiaria para tempero. Na primeira etapa, as 3 amostras in naturados filés de garoupa cultivadas em diferentes regiões (Figura 2), foram apresentadas aos julgadores e, em seguida, os mesmos foram orientados a analisar as características visuais, olfativas e táteis das amostras, e descreverem a caracterização percebida da aparência, textura aparente e aroma das amostras, podendo fazer uso do artifício da análise referencial, isto é, se amostra remetia ao participante o aroma de peixe marinho, por exemplo, ele poderia relatar tal referência. Os participantes foram orientados a relatar o maior número de características que conseguirem individualmente, ou seja, não comparar as amostras entre si.

Na segunda etapa do experimento, cada participante recebeu 3 amostras de garoupa assadas codificadas com três dígitos de forma aleatória, conforme demonstrado na Figura 3.

Inicialmente, os participantes foram orientados a analisar as características visuais e táteis, e em seguida, degustarem cada amostra individualmente da esquerda para a direita, e, entre uma amostra e outra, beber água mineral para a limpeza das papilas gustativas. Após, descreverem todos aspectos sensoriais e afetivos que as amostras lhe remetessem nos seguintes quesitos: Aparência; Aroma; Textura e Sabor.

Além disso, os julgadores conferiram a cada amostra uma nota de 1 a 9, utilizando uma escala hedônica, em que a nota 1 significa desgostei extremamente máxima, e a nota 9 significa gostei extremamente. Para mais, calculou-se o índice de aceitabilidade (IA) de cada amostra baseando-se nos resultados da análise sensorial, adotando-se a expressão: IA (%) = A x 100/B; sendo “A” à nota média obtida para o atributo da amostra, e “B”, a nota máxima dada à amostra. Para que o IA seja considerado satisfatório, os atributos sensoriais têm que apresentar um resultado maior ou igual a 70% (24,25). Somente após a etapa da apresentação dos resultados de cada participante, foi revelado a eles que, duas das três amostras eram da mesma região, e a outra era de uma região diferente.

Considerando que o teste de aceitação por escala hedônica pode medir, com certo nível de segurança, o grau de gostar e a aceitação de um produto, é possível indicar através dos resultados desses testes, se o produto tem potencial para se tornar sucesso comercial (26). Existem opiniões contraditórias a respeito das características que mais influenciam a qualidade e aceitabilidade dos alimentos (27). Segundo Dutcoski (2007) (28), e Castro et al., (2007) (29) para que um produto seja considerado como aceito, em termos de suas propriedades sensoriais, é necessário que obtenha um Índice de Aceitabilidade (I.A.) de no mínimo 70%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Caracterização sensorial dos filés in naturade garoupa cultivadas em diferentes regiões brasileiras

A avaliação sensorial é baseada na observação de diversos atributos do peixe como aparência da pele, mucosidade superficial, aspectos dos olhos, brânquias, opérculos, vísceras, musculatura e odor (30).

A cor e textura da carne do peixe são muito avaliados pelos consumidores, sendo que o armazenamento do pescado em gelo pode modificar sua coloração e a textura, além, é determinada também pela composição química de cada espécie. Logo, os teores de umidade e gordura, os tipos e quantidades de carboidratos estruturais e as proteínas que compõem a carne do peixe agem na sua textura, alterações na mesma são causadas por fatores como perda de umidade ou gordura, formação ou quebra de emulsões e géis, hidrólise de carboidratos poliméricos e coagulação ou hidrólise de proteínas (31, 32). Diante disto, se percebe que a análise sensorial é um fator determinante na aceitação do produto pelo consumidor, além se der fundamental no controle de qualidade dos alimentos (33).

O objetivo da análise das amostras in natura, foi, além de realizar a caracterização sensorial através de descritores, verificar se os métodos de criação e alimentação influenciam nos aspectos visuais, olfativos e táteis do filé, a ponto de os julgadores conseguirem distinguir as amostras.

De acordo com os julgadores, o filé de garoupa (amostra 408) cultivada no sistema de Fluxo Contínuo (SFC), proveniente de Ilhabela, SP, pode ser descrita como: Coloração avermelhada, mioseptos visíveis, pouco úmida, porém mais firme, carne mais magra, aroma típico de peixe marinho. Já o filé de garoupa (amostra 351) cultivada no sistema de Viveiros Escavados (VE), proveniente de Laguna, SC, apresenta uma coloração levemente marrom, mioseptos pouco visíveis, pouca umidade aparente, firmeza aparente bem flácida, com manchas pretas ou cinzas, carne gorda aparentemente. E o filé de garoupa (amostra 092) cultivada no sistema de Tanque de Rede no Mar (TRM), proveniente Angra dos Reis, também possui uma coloração levemente marrom, entretanto mais opaca, com os mioseptos pouco visíveis, firmeza aparente bem rígida, carne magra aparentemente, coloração mais viva, aroma mais suave que remete e maresia.

Não houve acertos ao apresentar amostras de diferentes regiões, solicitando aos julgadores que apontassem se as amostras eram diferentes. Com base nessas observações, constata-se que não se pode inferir que o sistema de cultivo e a alimentação influencia na aparência, textura, cor e odor dos filés de garoupa in natura.

Caracterização sensorial de filés assados de garoupa cultivadas em diferentes regiões brasileiras

O objetivo da segunda etapa foi verificar através das características percebidas, e da nota correspondente dada a cada amostra, se era possível distinguir as amostras provenientes de cada região e modo de cultivo.

Os descritores para os atributos sensoriais analisados – aparência, aroma, textura e sabor – dos filés assados de garoupas cultivadas em diferentes regiões brasileiras, estão apresentados na Tabela 1.

A nota global atribuída à cada amostra de filé assado de garoupa cultivada em diferentes regiões brasileiras, está demonstrada na Tabela 2.

Analisando as notas aplicadas às amostras e a caracterização feita pelo grupo de foco, pode-se notar algumas diferenças entre os animais de cada meio de cultivo. Os peixes provenientes de Ilhabela, SP, criados no sistema de fluxo contínuo (SFC), receberam notas variando de 3 a 6, o que correspondem a “desgostei moderadamente” e “gostei ligeiramente”, respectivamente. Quanto aos descritores sensoriais, verifica-se que foram notadas, pelos julgadores, características negativas em todos os atributos sensoriais avaliados.

Já os animais oriundos de Angra dos Reis (RJ), criados no sistema de Tanque de Rede no Mar (TRM), dividiram opiniões entre os participantes, recebendo notas variando de 1 a 9, que representavam “desgostei extremamente” e “gostei extremamente”, respectivamente, tendo agradado demasiadamente dois participantes em relação as suas outras amostras, levando em conta também aos descritores sensoriais atribuídos. Entretanto, em dois dos três casos onde os participantes receberam amostras de Angra dos Reis e de Laguna criados no sistema de viveiros escavados (VE), para análise, tanto as notas conferidas quanto as características relatadas, mostram que ambos provadores demonstraram aprovação superior nas amostras de Laguna, esta, que recebeu notas variando entre 6 e 8, que correspondem a “gostei ligeiramente” e “gostei muito”, respectivamente, e teve seus descritivos sensoriais majoritariamente positivos.

Na análise sensorial de douradas oriundas de pesca e da aquicultura, Dias (2012) (34) avaliou quatro atributos sensoriais (cor, sabor, textura, apreciação global), e observou que as diferenças entre os dois tipos de dourada não foi consistente. Para a cor, a dourada selvagem apresentou uma classificação pior e inferior quando comparada com a de aquacultura, enquanto que para o sabor verificou-se o contrário. No atributo textura obtiveram-se resultados semelhantes, mas a dourada de aquacultura obteve uma gama de classificação menor (entre 6 e 8) do que a dourada selvagem (entre 4 e 9). Os dados revelam que a cor da dourada selvagem obteve melhor aprovação.

Em relação ao índice de aceitabilidade (IA), as amostras provenientes de Angra dos Reis e Ilhabela obtiveram um percentual de 68,9% e 68,7%, respectivamente, abaixo do considerado, sendo classificado como “repercussão favorável” (IA% ≥ 70%) (24,25). Ao passo que o IA% do filé assado de garoupa cultivado em Laguna, atingiu 92,9%, apresentando alta aceitabilidade por parte dos julgadores.

Ribeiro & Tobinaga (2002) (35), utilizaram o teste de aceitabilidade para avaliar as características sensoriais das amostras de filés de peixe matrinxã (Brycon cephalus) secos e defumados. Os resultados mostraram que houve diferença significativa entre as amostras em relação ao odor e a aceitabilidade, que variou de 67,78% a 82,22%, e em relação ao sabor, houve uma variação de 65,56% a 94,44%. Observou-se também que houve uma ótima aceitabilidade em relação à textura das amostras, a qual variou de 73,33% a 92,22%.

Com isso, o modo de cultivo, bem como a alimentação submetida ao animal podem ter influência direta nas características sensoriais dos animais. Em conjunto, as condições climáticas do ambiente, modelo de captura, processo de abate e manipulação, também podem ocasionar efeitos na qualidade do filé.

CONCLUSÕES

Os resultados obtidos após a análise dos perfis descritivos, através das conclusões do grupo de foco, juntamente com as avaliações conferidas fazendo uso de escala hedônica, baseadas na aplicação da equação do índice de aceitabilidade, e das características relatadas pelos participantes, mostram que foram perceptivas as diferenças entre as amostras assadas oriundas de cada local, cultivadas em meios de cultivo diferentes, fazendo uso de sistemas de alimentação distintos. Todavia, o mesmo não pode ser inferido para as amostras in natura.

O estudo indica que um experimento realizado em maior escala, com maior número de provadores, utilizando métodos estatísticos, conseguiria obter padrões significativos da diferença entre os três tipos de cultivo.

REFERÊNCIAS

  1. Heemstra PC, Randall, JE. Groupers of the world (Family Serranidae, Subfamily Epinephelinae). An annotated and illustrated catalogue of the grouper, rockcod, hind, coral grouper and lyretail species known to date. FAO Species Catalogue, 1993;16:382.
  2. Irigoyen AJ, Galván DE. & Venerus, LA. Occurrence of dusky grouper Epinephelus marginatus (Lowe, 1834) in gulfs of northern Patagonia, Argentina. Journal of Fish Biology, 2005;67;6:1741-1745.
  3. Condini MV, Fávaro LF, Varela JR, A. S. & Garcia AM. Reproductive biology of the dusky grouper (Epinephelus marginatus) at the southern limit of its distribution in the south-western Atlantic. Marine and Freshwater Research, 2013; 65;2:142-152.
  4. Jasmine. (2018). Os melhores peixes para a manutenção da saúde. < http://bit.ly/30wMbyQ.
  5. Condini MV, García-charton JA & Garcia A.M. A review of the biology, ecology, behavior and conservation status of the dusky grouper, Epinephelus marginatus (Lowe 1834). Reviews in Fish Biology and Fisheries, 2018; 28;301:301-330.
  6. Schunter C, Carreras-Carbonell J, Planes S, Sala E, Ballesteros E, Zabala M, Harmelin JG, Harmelin-Vivien M, Macpherson E, PascuaL M. Genetic connectivity patterns in an endangered species: the dusky grouper (Epinephelus marginatus). Journal of Experimental Marine Biology and Ecology. 2011; 401:126-133.
  7. Marino G, Azzurro E, Massari A, Finoia MG, Mandich A. Reproduction is the dusky grouper from the Southern Mediterranean. Journal of Fish Biology. 2001; 58: 909–927.
  8. Andrade AB, Machado LF, Hostim-Silva M, Barreiros JP. Reproductive biology of the dusky grouper Epinephelus marginatus (Lowe, 1834). Brazilian Archives of Biology and Technology. 2003; 46: 373-381.
  9. Filho JAR, Sanches EG, Garcia CEOG, Pannuti CV, Sebastiani EF, Moreira RG. Threatened fishes of the world: Epinephelus marginatus (Lowe, 1834) (Serranidae: Epinephelinae). Environmental Biology of Fishes. 2009; 85:301–302.
  10. Harmelin JG, Harmelin-Vivien ML. A review on habitat, diet and growth of the dusky grouper Epinephelus marginatus (Lowe, 1834). Mar Life. 199; 9:11–20.
  1. Begossi A, Salivonchyk S, Silvano RAM. Collaborative research on dusky grouper (Epinephelus marginatus): catches from the small-scale fshery of Copacabana beach, Rio de Janeiro, Brazil. Journal of Coastal Zone Management. 2016; 19 :12.
  1. Pollard DA, Afonso P, Bertoncini A A, Fennessy S, Francour, P, Barreiros J. Epinephelus marginatus. The IUCN Red List of Threatened Species 2018.
  2. Kerber CE, Azevedo HKS, Santos PA, Sanches EG. Reproduction and larviculture of dusky grouper Epinephelus marginatus (Lowe 1834) in Brazil. Journal of Agricultural Sciences and Technology. 2012; 2: 229-234.
  3. FAO. The State of World Fisheries and Aquaculture 2010. Rome: FA O, 2012.
  4. FAO. Food and Agriculture Organization of the United Nations. Fishery Statistical Collections (2021). Disponível em: http://www.fao.org/fishery/statistics/global-aquaculture-production/en. Acesso em: 22 jan. 2023.
  5. Pierre S, Gaillard S, Prévot‐D’alvise N, Aubert J, Rostaing‐ Capaillon O, Leung‐Tack D, Grillasca J P. Grouper aquaculture: Asian success and Mediterranean trials. Aquatic Conservation: Marine and freshwater ecosystems.2008; 18: 297-308.
  6. Ahn BI, Liao PA, Kim H. Impacts of the cross-straits economic cooperation framework agreement on the grouper fish markets in Taiwan and mainland China. China Agricultural Economic Review. 2014; 6: 574-597.
  7. SancheS EG, Henriques MB, Fagundes L, Silva A. Viabilidade econômica do cultivo da garoupa verdadeira (Epinephelus marginatus) em tanques-rede, região sudeste do Brasil. Informações econômicas. 2008;36: 8.
  8. Begossi A, Lopes PFM. Garoupa e pescadores (Epinephelus marginatus). São Carlos: RiMa Editora. 2020:130.
  9. Kerber CE. Garoupas em cativeiro. Boletim APAMVET. 2011; 2: 18-21.
  10. Borghesi R, Hisano H, Sucasas LFA, Lima LK, Oetterer M. Influencia da nutrição sobre a qualidade do pescado: especial referência aos ácidos graxos. – Corumbá : Embrapa Pantanal; Dourados : Embrapa Agropecuária Oeste, 2013. 21 p.; 29 cm – (Documentos / Embrapa Pantanal, ISSN 1981-7223 ; 124; Documentos / Embrapa Agropecuária Oeste, ISSN 1679-043X; 121).
  11. Teixeira LV. Análise sensorial na indústria de alimentos. Ver. Inst. Latic. “Cândido Tostes”, Jan/Fev, nº 366.2009; 64: 12-21.
  12. Dias CA, GRUPO FOCAL: Técnicas de coleta de dados em pesquisas qualitativas. 2000; 10 :2.
  13. Teixeira E, Meinert E, Barreta PA. Análise sensorial dos alimentos. Florianópolis: UFSC, 1987.
  14. Dutcosky SD. Análise sensorial de alimentos. Curitiba: DA Champagnat, 1996.
  15. Grizotto RK, Menezes HC. Avaliação da aceitação de “chips” de mandioca. Revista Ciência e Tecnologia de Alimentos. 2003; 23: 79-86.
  16. Roman JÁ, Mendonça SNTG, Sgarbieri VC. Avaliação físico-química, micróbiológica, sensorial e atitude do consumidor de gelatina de elevado valor nutricional. Revista Alimentos e Nutrição. 2009; 20: 41-51.
  17. Dutcoski SD. Análise sensorial de alimentos. Curitiba: Champagnat, 2007. 123p.
  1. Castro LI, Vila Real CM, Pires IS, Pires CV, Pinto NA, Miranda LS, Rosa BC, Dias PA. Quinoa (chenopodium quinoa willd): digestibilidade in vitro, desenvolvimento e análise sensorial de preparações destinadas a pacientes celíacos. Revista Alimentos e Nutrição. 2007; 18: 413-419.
  2. Farias MCA, Freitas JA. Qualidade microbiológica de pescado beneficiado em indústrias paraenses. Rev. Inst. Adolfo Lutz. 2008; 67:113-117.
  3.  Fellows PJ. Tecnologia do processamento de alimentos: princípios e prática. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
  4. HONORATO et al., 2014 HONORORATO, C. A. et al. Caracterização física de filés de surubim (Pseudoplatyostoma sp.), pacu (Piaractus mesopotamicus) e pirarucu (Arapaimas gigas). Arq. Ciênc. Vet. Zool. Umuruama, v. 17, n. 4, p. 237-242, 2014.
  5. Abreu MG. et al. Caracterização sensorial e análise bacteriológica do peixe-sapo (Lophius gastrophysus) refrigerado e irradiado. Ciência Rural.2008; 38.
  6. Dias MF. Qualidade sensorial de peixes de aquacultura vs peixes capturados no mar. 2012. Tese de Doutorado. Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril.
  7. Ribeiro SCA, Tobinaga, S. Avaliação sensorial de filés de matrinchã (Brycon cephalus) processados por métodos combinados. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais. 2002; 4: 101-106.

Fundada em 2020, a Agron tem como missão ajudar profissionais a terem experiências imersivas em ciência e tecnologia dos alimentos por meio de cursos e eventos, além das barreiras geográficas e sociais.

Leave A Reply

//
//
Jaelyson Max
Atendimento Agron

Me envie sua dúvida ou problema, estou aqui para te ajudar!

Atendimento 100% humanizado!