EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL PARA CRIANÇAS DE UMA CRECHE DO MUNICÍPIO DE CARUARU – PE
Cássia Thaís Pessoa de Albuquerque Ferreira1; Amanda Tays Godoi de Espindola2; Flávia Gabrielle Pereira de Oliveira3.
1Nutricionista. Mestranda em Saúde e Desenvolvimento Socioambiental, UPE, Campus Garanhuns, Pernambuco; E-mail: [email protected], 2Nutricionista. Especialização em Nutrição Clínica, UNIFAVIP. E-mail: [email protected], 3Mestra em Saúde Pública pela FIOCRUZ – PE e Docente da UNIFAVIP. E-mail: [email protected].
RESUMO: O presente trabalho trata-se de um relato de experiência, vivenciado por estudantes do curso de nutrição de um centro universitário da região, através de um projeto de extensão voltado para a alimentação saudável das crianças desta localidade. Como propósito desta prática, buscou-se aprimorar os estudantes com esta experiência, servindo para a aprendizagem profissional com o público infantil. O presente relato apresenta as atividades desenvolvidas por meio da educação alimentar e nutricional de crianças em situação de vulnerabilidade social, localizado em um bairro do município de Caruaru – Pernambuco, Brasil. Como objetivo, o propósito foi o de apresentar as informações relativas à alimentação saudável para as crianças menores de seis anos, assim como os de seus familiares, além de demonstrar a importância do papel do nutricionista para esta fase da vida, tendo como propósito, a busca da qualidade de vida e da segurança alimentar, que são bases para um futuro saudável, prevenindo e minimizando danos futuros, como as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Foram analisados parâmetros relacionados aos gostos alimentares destas crianças, realizando um diagnóstico primário, através de métodos qualitativos.
Palavras-chave: nutrição da criança; pré-escolar; saúde da criança
INTRODUÇÃO
A alimentação na infância referencia-se como fator primordial para a predição de certas doenças oriundas da má ingestão dos macros e micronutrientes, podendo causar danos metabólicos que podem ser progredir para toda a vida adulta, o qual afetam as relações sociais, físicas, psicológicas e ergonômicas, considerando como extremos, tanto os distúrbios da desnutrição, quanto a obesidade (BENTO et al., 2015; CASTRO et al., 2014; WITTERet al., 2016).
É na fase pré-escolar que se inicia os hábitos e padrões alimentares que são interligados em sua vivência social, como os fatores relacionados a cultura alimentar em que a criança está inserida, religiosidade, escolhas pessoais relacionadas ao seu hábitos alimentar, mídias sociais, consumo alimentar dentro (muito relacionado ao modo de vida da família) e fora do lar (influência de outras crianças), intrinsicamente voltado ao convívio social, emoções pessoais, variabilidade alimentar e disponibilidade, assim como todas as condições que favorecem um determinado tipo de alimentação, todas elas favorecem uma análise de questões que interferem nas condições de consumo alimentar, principalmente das crianças que dependem mais do que nunca de um responsável para poder obter seu alimento (BENTO et al., 2015; GRAÇA et al., 2016).
A educação nutricional é fomentada como o suporte para incentivo de uma boa alimentação, resultando em um hábito alimentar propício para a melhoria da qualidade da saúde do indivíduo. Neste sentido, um dos lugares em que se aprende sobre alimentação fora de casa, é o âmbito escolar, onde a influência dos demais, pode (positivamente ou negativamente) ser influência direta nas escolhas alimentares (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021).
É por esse e outros fatores que existe a Educação Alimentar e Nutricional (EAN) que se configura como uma maneira de transmitir conhecimentos e práticas permanentes, possuindo como público alvo o infanto-juvenil, auxiliando na fixação das diferentes ideias de abordagem nutricional, envolvendo-se em um grande período de tempo, com grupos populacionais e comunidades, considerando todo o contexto que possa compor o comportamento alimentar, e que tem como intuito contribuir para que o ser humano tenha direito a uma alimentação adequada, segura e diariamente ofertada, contemplada pela Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) (OLIVEIRA et al., 2011; WITTER et al., 2016).
O objetivo deste presente trabalho foi o de relatar a vivência acadêmica de uma intervenção nutricional de estudantes universitários com uma determinada população infantil, ressaltando a importância que se tem em analisar essa faixa etária com um olhar diferenciado para se combater os problemas de saúde na infância, fazendo um diagnóstico, principalmente, nas regiões mais carentes de acordo com a situação socioeconômica observada na localidade.
MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um relato de experiência de uma atividade de extensão, realizado no período de outubro de 2016 a setembro de 2017, em uma creche religiosa, situada na cidade de Caruaru – Pernambuco, Brasil. Para a realização das atividades, foi utilizado um roteiro de intervenções de educação alimentar e nutricional, baseado mediante as reuniões para elaboração dos encontros nas creches e nos dias das visitas. Foram realizadas reuniões mensais para discutir os temas e abordagens planejadas para coletas posteriores dos dados coletados através da fala das crianças e quais os materiais que seriam demonstrados para elas antes dessa abordagem.
Na Tabela 1, foi explanado como foi o passo a passo dos momentos de entrosamento com o grupo de intervenção e as crianças, utilizando jogos lúdicos, de maneira dinâmica e interativa entre todos os que estavam presentes (além das crianças, estavam no local alguns pais e os professores). Além disso, foram mostrados vídeos interativos de desenhos animados com imagens de frutas, explicando a importância de uma boa alimentação diária.
Tabela 1 – Esquema com as atividades desenvolvidas como estratégia de intervenção nutricional, Caruaru, Pernambuco.
Atividades | Objetivo(s) | Aplicação |
Estudos de artigos originais | Estudar estratégias para pôr em prática nas visitas. | Por meio de estudos acerca do tema. |
Reuniões mensais | Encontros para propor as melhores didáticas. | Ao todo foram realizadas dezoito reuniões. |
Jogos lúdicos: | Para induzir as crianças a interagirem entre eles. | Feitos manualmente e aplicados nas visitas. |
– Jogo da memória | Conhecer uma variedade de alimentos e incentivar o consumo de dietas saudáveis. | Foram utilizados jogos da memória tradicionais, porém com figuras de alimentos. |
– Montando um prato com alimentos | Conhecer uma variedade de alimentos e incentivar a aquisição de alimentos saudáveis. | Figuras coloridas de alimentos in natura, processados e ultraprocessados, para analisar o que ia sendo colocado sobre os pratos. |
– Pirâmide alimentar | Fixar as informações sobre a importância da ingestão de todos os grupos alimentares, de acordo com as porções recomendadas. | Foi apresentado para as crianças para mostrar de forma lúdica, quais as porções dos alimentos e quais são mais saudáveis para serem consumidos. |
Vídeos interativos | Vídeos educativos dos alimentos para estimulação. | Foram passados por meio de um projetor. |
Fonte: A própria autora.
RELATO DE EXPERIÊNCIA
A inserção de um profissional nutricionista se faz precisa em locais onde haja crianças para que seja garantido um futuro promissor quando a questão é a saúde das pessoas, agindo no hoje, mas pensando no amanhã (SOUSA, 2006). Notou-se que as crianças consumiam impreterivelmente, alimentos processados, ultraprocessados, como refrigerantes, biscoitos e salgadinhos que possuem como ingredientes, corantes e acidulantes, dentre outros aditivos, e tinham noção de algumas frutas, e outros alimentos “base” da alimentação brasileira, como o feijão e o arroz. Essas práticas estimularam nos alunos do curso, uma noção real da condição alimentar existente em populações carecidas de um olhar mais adequado dos governantes, pois se avaliaram não só o perfil nutricional, mas a condição social da real realidade de grande parte das crianças do Brasil, que na maioria das vezes, sobrevivem com uma renda mínima de algum integrante familiar ou do auxílio do Bolsa Família, requerendo deste e de outros recursos para poder adquirir seus mantimentos no dia a dia.
Os encontros e as palestras contidas nelas, procuraram estimularam nas crianças o consumo de alimentos in natura e uma melhor conscientização dos danos que são causados pelo consumo de alimentos industrializados no geral, com finalidade de avaliar o entendimento delas sobre os alimentos e observar quais alimentos eram mais consumidos e os que tinham maior negação.
As creches, além de fazerem o papel primordial de acolher as crianças para que seus pais possam trabalhar e sustentar a família, garante de certa forma, que os menores tenham condições de se alimentar adequadamente, por terem como lei, o direito de oferecer este serviço no ambiente (SILVA et al., 2016). A PNAN, na sua 2° diretriz, discute que a EAN é vista também, no âmbito da promoção da saúde, desenvolvendo as habilidades interpessoais por meio de processos participativos, configurando-se como um dos pilares da promoção da alimentação adequada e saudável (OLIVEIRA et al., 2011; SILVA, NEVES, NETTO, 2016; WITTER et al., 2016).
CONCLUSÕES
Portanto, nota-se o quanto é importante a inserção de um nutricionista nas creches das comunidades do município, uma vez que estando disponível para a unidade de modo a intervir, mostrando os cuidados e os riscos que se deve ter em relação a ingestão de cada refeição, e quais os danos que uma má alimentação pode ocasionar.
Esta inserção serviu para a valorização da promoção da saúde de crianças e familiares de uma creche do município, realizando o diagnóstico nutricional, estimulando bons hábitos a respeito da saúde e da alimentação saudável. Todas as ações foram necessárias para promover a integração dos acadêmicos da área da saúde à realidade social em questão, apresentando a experiência vivenciada com a aplicação de procedimentos lúdico-pedagógicos para crianças encontradas em uma creche.
REFERÊNCIAS
BENTO, I. S.; ESTEVES, J. M. M.; FRANÇA, T. E. Alimentação saudável e dificuldades para torná-la uma realidade: percepções de pais/responsáveis por pré-escolares de uma creche em Belo Horizonte/MG, Brazil. Ciência e Saúde Coletiva, v. 20, n. 8, p. 2389-2400, 2015.
CASTRO, M. B. T. et al. Introdução de alimentos e excesso de peso em pré-escolares de uma comunidade vulnerável da cidade do Rio de Janeiro-Associação da introdução de alimentos e excesso de peso. Demetria; v. 9, n. 3, p. 645-660, 2014.
GRAÇA, P. et al. Alimentação Saudável em Números. Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável. Direção Geral de Saúde. Portugal, 2016.
MINISTÉRIO DA SAÚDE – MS. Promoção da Saúde e da Alimentação Adequada e Saudável. Secretaria de Atenção Primária à saúde – SASP, Departamento de Atenção Básica – DAB. 2021. Disponível em: http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_promocao
_da_saude.php.
OLIVEIRA, C. O.; COSTA, S. D.; ROCHA, S. M. B. Educação Nutricional com atividades lúdicas para escolares da rede municipal de ensino de Curitiba. Cadernos da Escola de Saúde, Curitiba, v. 2, n. 6, p. 100-116, 2011.
SILVA, A. V. M. et al.Ações de extensão para promoção da saúde em creche no município de Belo Horizonte, MG. Interagir: pensando a extensão, n. 22, p. 32-45, 2016.
SILVA, R. H. M.; NEVES, S. F.; NETTO, M. P. Saúde do pré-escolar: Uma experiência de educação alimentar e nutricional como método de intervenção. Rev. APS, v. 19, n. 2, p. 321-327, 2016.
SOUSA, P. M. O. Alimentação do Pré-Escolar e Escolar as Estratégias de Educação Nutricional. Brasília-DF: Universidade de Brasília, CET-Centro de Excelência e Turismo, 2006.
WITTER, M. M.; RICHTER, A. L.; AIRES, A. S. Educação nutricional para crianças em idade pré-escolar: um relato de experiência. XXIV Seminário de Iniciação Científica, Unijuí, 2016.