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Trabalhos publicados como capítulo de livro pela editora Agron Food Academy

CONSUMO ALIMENTAR E PRÁTICAS EDUCATIVAS COM ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE BANANEIRAS-PB

Lucas Martins da Silva1, Cleoneide Gomes Pereira2,Ana Carla da Silva3, Maciel Pereira de Oliveira4, Edylma Thaís da Silva Floriano5, Isabelle de Lima Brito6, Geíza Alves Azerêdo7

1Técnico em Nutrição e Dietética- CAVN – UFPB; E-mail: [email protected], 2Técnica em Nutrição e Dietética – CAVN – UFPB; E-mail:[email protected], 3Técnica em Nutrição e Dietética – CAVN – UFPB; E-mail: [email protected], 4Técnico em Nutrição e Dietética- CAVN – UFPB; E-mail: [email protected]; 5Técnica em Nutrição e Dietética- CAVN – UFPB; E-mail: [email protected], 6Docente/pesquisadora do Departamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial – CCHSA – UFPB.  E-mail: [email protected], 7Docente/pesquisadora do Departamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial – CCHSA – UFPB. E-mail: [email protected].

Resumo: O consumo alimentar de escolares vem sendo estudado nas diversas áreas da saúde, devido às implicações que os hábitos alimentares inadequados trazem para a saúde, tornando-se essencial a realização de ações que visem modificá-los. Neste sentido, foi realizada uma pesquisa com escolares de 6 a 10 anos, de uma Escola Municipal de Ensino Fundamental I, localizada no município de Bananeiras-PB, a fim de traçar um perfil das crianças quanto ao consumo saudável e não saudável. Utilizou-se um questionário adaptado do Ministério da Saúde, contemplando questões sociodemográficas (idade, sexo, escolaridade dos pais, local de residência), de consumo alimentar e do hábito de fazer as refeições assistindo televisão. Para a ação educativa, foi desenvolvido o jogo “Pescaria nutritiva”, que abordava o impacto da alimentação na saúde e no bem-estar físico e mental. Percebeu-se a necessidade de enfatizar práticas alimentares saudáveis no ambiente escolar, com vistas a inverter o quadro de escolares propícios ao excesso de peso, obesidade e demais doenças crônicas não transmissíveis.

Palavras–chave: alimentação; crianças; educação nutricional

INTRODUÇÃO

A importância da nutrição para a saúde é evidente e são claros os benefícios de uma alimentação adequada para o organismo em termos de quantidade e qualidade (SEGURA, 2019). Sendo que as respostas comportamentais associadas ao ato da alimentação interferem na qualidade de vida e, quando inadequadas, favorecem o surgimento de algumas Doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). Imprescindível, então, a construção de hábitos alimentares saudáveis desde a fase da infância, determinada inicialmente pela família e posteriormente por processos psicossociais, culturais e ambientes educacionais (DANTAS; SILVA, 2019).

A mídia, por sua vez, apresenta constantemente estratégias de marketing para atingir seu público-alvo de forma eficaz, principalmente, o público infantil.  Afinal, é considerado um alvo de fácil convencimento, influenciado pelos programas televisivos para o consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em sódio e gordura. Do próximo passo, as crianças se encarregam, que é fazer com que os seus pais realizem a compra e satisfaçam seus desejos (ULHOA; MARQUEZ, 2013).

Nesse contexto, Cavalcanti (2019) ressalta a escola como fator valioso e determinante na educação alimentar e nutricional, atendendo, inclusive, ao que preconiza o Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE, que tem por finalidade promover hábitos alimentares saudáveis, utilizando diversas situações nas quais as atividades educativas podem ocorrer, visando promover à saúde (BRASIL, 2009).

Portanto, objetivou-se realizar uma pesquisa com crianças de 6 a 12 anos, de uma escola pública da cidade de Bananeiras – PB, a fim de investigar o seu consumo alimentar e correlacionar com seus dados sociodemográficos. Em um segundo momento, após analisar os dados, desenvolver uma ação educativa de intervenção, para reforçar a importância dos alimentos in natura no crescimento e desenvolvimento infantil.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo foi realizado em uma Escola Municipal de Ensino Fundamental I, localizada na cidade de Bananeiras-PB, com 200 escolares de 6 a 12 anos. Para realização da pesquisa, foram entregues aos pais e/ou responsáveis o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para que participassem da pesquisa exclusivamente os alunos que apresentaram a aceitação dos pais nos referidos termos.

A ferramenta aplicada para coleta dos dados foi o questionário adaptado do Ministério da Saúde, que contempla perguntas sobre dados sociodemográficos (sexo, idade, escolaridade dos pais e/ou responsáveis e o local de residência, se em zona urbana ou rural) e sobre o consumo de alimentos saudáveis e não saudáveis.

O consumo alimentar foi avaliado pela frequência semanal do consumo de feijão, frutas e hortaliças, como marcadores de consumo saudável, e de refrigerantes, sucos industrializados, biscoitos doces, embutidos, salgadinhos de pacote e macarrão instantâneo, como indicadores de consumo não saudável. Foi possível investigar também sobre alguns hábitos, como o número de refeições diárias (café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e lanche da noite) e se costumavam fazer as refeições assistindo TV.

Após análise dos dados, elaborou-se uma brincadeira, intitulada de ‘Pescaria Nutritiva’, que aborda, de forma lúdica e bem ilustrada, a importância de uma alimentação saudável para o desenvolvimento da criança. A ‘pescaria nutritiva’ era constituída de uma caixa preenchida com pó de serra e sobre ele eram dispostas 44 figuras de alimentos, sendo 22 saudáveis e 22 não saudáveis. Essas figuras foram coladas em isopor e em sua parte superior foi colocado um clipe, para permitir ser pescado por um anzol com ímã.  As crianças eram orientadas a colocar a figura pescada dentro de uma caixa, verde ou vermelha. A caixa verde tinha uma carinha de uma criança feliz, já a vermelha de uma criança triste. As crianças deveriam colocar a figura na caixa que representava a sua sensação ao consumir aquele alimento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O consumo de refrigerantes e biscoitos doces por meninas acontece com mais frequência do que pelos meninos. Já os alimentos ricos em sódio, como os embutidos, salgadinhos de pacote e macarrão instantâneo são mais apreciados pelos meninos (Figura 1).

No estudo realizadopor Andretta et al. (2021), identificou-se elevada prevalência de consumo de alimentos ultraprocessados pelos escolares, que relataram consumir no mínimo um alimento ultraprocessado por dia, sendo maior entre meninas, corroborando com os dados deste trabalho. De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira deve se evitar os alimentos ultraprocessados e substituí-los nas refeições por alimentos in natura ou minimamente processados (BRASIL, 2014).    

Figura 1 – Hábitos alimentares de escolares do Ensino fundamental I da cidade de Bananeiras – PB, com a frequência de pelo menos 3 vezes na semana, estratificado por sexo.

Em relação ao consumo de alimentos saudáveis, também estratificado por sexo (Figura 2), foi visto que os meninos consumiam mais feijão que as meninas; enquanto frutas e hortaliças foi maior entre meninas. Dados semelhantes foram encontrados por DALLA et al., 2007), que verificaram que as meninas apresentaram tendência de consumir mais frutas e hortaliças do que os meninos.  

Segundo Figueira (2016) algumas barreiras têm sido identificadas para o consumo de frutas e hortaliças, geralmente relacionadas ao acesso e baixo poder aquisitivo. Dessa forma, a disponibilidade de alimentos in natura na alimentação escolar é uma importante estratégia de promoção do consumo de frutas para a parcela da população atendida pelo sistema educacional.

Figura 2 – Consumo alimentar saudável de escolares do Ensino fundamental I da cidade de Bananeiras – PB, estratificado por sexo.

Com relação aos dados sobre o hábito de assistir TV enquanto se alimenta, os meninos apresentaram uma prevalência maior de 32%, enquanto meninas alcançaram 28%. Por outro lado, cerca de 80%, tanto dos meninos quanto das meninas, fazem no mínimo 5 refeições diárias. No estudo de Rech et al. (2010) foi encontrada relação significativa entre ficar em frente ao computador, assistir televisão ou jogar vídeo game por mais de três horas diárias com mais de chances para desenvolvimento do excesso de peso.                                                                            

Por fim, a ferramenta educativa utilizada, intitulada de “Pescaria Nutritiva”, foi bem aceita pelas crianças, já que aprenderam sobre alimentação saudável de uma forma prazerosa e lúdica (Figura 3).

Figura 3 – Crianças participando da ação educativa ‘Pescaria nutritiva’.

CONCLUSÕES

Os dados obtidos com a pesquisa foram importantes para subsidiar a ação educativa, pois nela pode-se reforçar a importância da adoção de hábitos alimentares e a importância de evitar alimentos ultraprocessados, relacionando aos aspectos alimento, saúde e doença.

REFERÊNCIAS

ANDRETTA, V. et al. Consumo de alimentos ultraprocessados e fatores associados em uma amostra de base escolar pública no Sul do Brasil. Ciência e Saúde Coletiva, v. 26, p. 1477-1488, 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia Alimentar para a População Brasileira. Brasília: Ministério da Saúde. 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde. 2009.

CAVALCANTI, L. A. et al. Efeitos de uma intervenção em escolares do ensino fundamental I, para a promoção de hábitos alimentares saudáveis. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 20, n. 2, p. 5-13, 2012.

DALLA COSTA, M. C.; CORDONI JÚNIOR, L.; MATSUO, T. Hábito alimentar de escolares adolescentes de um município do oeste do Paraná. Revista de Nutrição, v. 20, n. 5, p. 461-471, 2007.

DANTAS, R. R.; SILVA, G. A. P. O papel do ambiente obesogênico e dos estilos de vida parentais no comportamento alimentar infantil. Revista Paulista de pediatria, 37 (3) • Jul-Sep 2019.

FIGUEIRA, T. R.; LOPES, A. C. S.; MODENA, C. M. Barreiras e fatores promotores do consumo de frutas e hortaliças entre usuários do Programa Academia da Saúde. Revista de Nutrição, v. 29, n. 1, p. 85-95, 2016.

RECH, R. R. et al. Prevalência de obesidade em escolares de 7 a 12 anos de uma cidade Serrana do RS, Brasil. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, v. 12, n. 2, p. 90-97, 2010.

SEGURA, I. E. Avaliação do estado nutricional e consumo alimentar de escolares da rede municipal de educação de São Paulo. 2019. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

ULHOA, D. R. L.; MARQUEZ, D.S. A influência do marketing nutricional na obesidade infantil. Revista Científica da Faculdade Atenas, v.1, n. 1, p. 1-20, 2013.

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