O caldo de cana é uma bebida popular no Brasil devido às suas características de refrescância e sabor doce, sendo consumido frequentemente por indivíduos de todas as idades e classes, e comumente comercializada por vendedores ambulantes em vias públicas. A alta atividade de água, pH adequado, elevada concentração de açúcares e temperatura ambiente de comercialização favorecem a proliferação microbiana. A produção do caldo de cana é a etapa em que há os maiores riscos de contaminação da bebida devido à falta de higiene dos equipamentos e condições inadequadas de manipulação ou estocagem. Assim, o objetivo deste trabalho foi discorrer sobre a qualidade microbiológica do caldo de cana. Foi realizado um levantamento bibliográfico de publicações científicas nacionais e internacionais, utilizando como base de dados as plataformas Science Direct, Periódicos CAPES, PubMed, SciELO e Google Scholar, utilizando-se os descritores “benefícios do caldo de cana”, “manipulação e caldo de cana”, “contaminação microbiana e caldo de cana” e “qualidade microbiológica caldo de cana” nas versões em inglês e português. O processo de revisão de dados da literatura no permite apontar que essa bebida apresenta um alto nível de contaminação bacteriana, com destaque para bactérias do grupo coliformes, estando acima dos padrões estabelecidos pela legislação vigente. Os resultados mostram a necessidade da conscientização e educação constante dos manipuladores em boas práticas de fabricação, bem como de se desenvolver metodologias de conservação adequadas a esse tipo de bebida, que possam inclusive ser feitas, de forma simples, pelos próprios vendedores.
Os insetos são fonte alternativa de alimento para humanos, principalmente por ser fonte de proteínas e lipídeos de boa qualidade nutricional. Entre os insetos comestíveis o bicho-da-seda (Bombyx mori) destaca-se por ser um dos mais consumidos ao redor do mundo, porém nos países ocidentais é pouco utilizado como alimento. O presente estudo objetivou caracterizar os constituintes nutricionais da pupa de bicho-da-seda e desenvolver doces com adição do inseto. As pupas foram doadas por criador particular da cidade de Dourados-MS. A elaboração de doce de amendoim foi realizada com ingredientes básicos para doce tipo paçoca com adição de 35% (F35), 40% (F40) e 55% (F55) de pupa de B. nori, o doce sem adição de pupa foi considerada a amostra controle (C). Análises da Composição nutricional, caracterização de aminoácidos e ácidos graxos foram realizadas na pupa de B. nori,no doce tipo paçoca sem adição de pupa e no doce da melhor formulação (F35), definida pelo teste de aceitabilidade e intenção de compra. A composição nutricional tanto da pupa quanto das paçocas evidenciou o potencial proteico e lipídico, podendo considerar as paçocas como fontes proteicas. A caracterização de ácidos graxos demonstrou quantidades significativas de ácidos graxos insaturados. F35 apresentou maiores teores de alguns aminoácidos essenciais em relação ao produto controle. Os resultados da análise sensorial mostraram que a F35 apresentou melhor aceitação sensorial. Essas constatações mostram potencial de aproveitamento de pupas de bicho-da-seda, um subproduto descartado na produção de seda, justificando o estudo e suas futuras aplicações.
Diante de uma maior preocupação com o consumo de alimentos seguros em aspectos físicos, químicos e biológicos por parte da população, práticas de rastreabilidade e monitoramento de resíduos de agrotóxico em alimentos de origem vegetal se tornam ferramentas fundamentais para sustentar a entrega de um produto seguro e de qualidade. Nesse contexto, o Programa de Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos, o RAMA, idealizado pela ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados), surge com o intuito de estabelecer diretrizes e práticas quanto aos pilares de rastreabilidade, monitoramento residual de agrotóxicos em frutas, legumes e verduras (FLVs), gerando, consequentemente, o incentivo as boas práticas agrícolas. O Programa é estruturado através da consolidação do processo de rastreabilidade em supermercados, da coleta amostral de produtos devidamente identificados com a sua origem e dispostos nos supermercados contratantes do RAMA e da análise residual de agrotóxico dessas amostras. A partir dos resultados das análises, toda cadeia de abastecimento interage de forma colaborativa para a resolução de casos de inconsistência. No ano de 2022, o Programa RAMA analisou um total de 2.350 amostras referentes a 994 fornecedores, coletadas em 66 redes de supermercados localizadas em 20 estados do Brasil, gerando dados e informações que promovem o crescimento do setor produtivo em um processo virtuoso com base nos princípios de colaboração e compartilhamento para a entrega de um alimento seguro ao consumidor final.
A E-co Tech é uma startup de Biotecnologia, que tem como objetivo desenvolver tecnologias de fácil uso e interpretação para análises microbiológicas. A nossa primeira solução – AcquaID – visa o controle de qualidade da água em pequenas e médias indústrias com um biossensor capaz de detectar bactérias contaminantes e informar a contaminação ao mudar de coloração. Nossa meta é democratizar o acesso a tecnologias de controle da qualidade, promovendo o desenvolvimento sustentável. Para alcançarmos esse objetivo, utilizamos de diferentes metodologia para modelagem da empresa – como o Business Model Canvas e Lean Canvas – e para gestão empresarial – metodologias ágeis (Scrum e KANBAN). Para a pesquisa e desenvolvimento da tecnologia, técnicas de química analítica, microfluídica e microbiologia são executadas. A experiência em empreender em Biotecnologia no Brasil é desafiadora, visto que o aporte financeiro é alto, assim como o risco tecnológico aliado ao tempo extenso para desenvolvimento. Entretanto, mesmo sendo desafiadora, a Biotecnologia é uma das áreas mais promissoras e em crescimento exponencial no Brasil e no mundo, visto que é por meio da mesma que diferentes soluções em ciências da vida são desenvolvidas. A E-co Tech é uma startup brasileira determinada a levar tecnologia de monitoramento de alta qualidade e baixo custo na palma das mãos dos clientes, sendo uma empresa propícia à inovação e de crescimento de profissionais em Biotecnologia e áreas afins.
Tendo em vista a demanda por produtos naturais, o açúcar mascavo tornou-se muito procurado, com pouco e/ou sem a presença de aditivos químicos. Por ser consumido também in natura, é importante que esses alimentos atendam a padrões de qualidade sem contaminações, que possam afetar diretamente a saúde de quem consome. Na presente pesquisa avaliou-se a qualidade de 9 marcas de açúcar mascavo, comercializadas no município de Frutal-MG. Foi verificado se as amostras atendiam os padrões microbiológicos determinados pela legislação para este produto, através da quantificação de (bactérias mesófilas totais, leveduras e bolores, bactérias Gram negativas fermentadoras ou não de lactose). Foi determinado o teor de umidade e feita a análise de microscopia. Os resultados microbiológicos mostraram que 5 marcas estavam fora do padrão internacional estabelecido para bactérias mesófilas, 3apresentaram presença de coliformes totais e termotolerantes e 5 marcas não conformes para bolores e leveduras. Para os teores de umidade, os valores variaram de 3,60 à 1,43%. Observou se correlação entre o teor de umidade e o crescimento de bolores e leveduras. Amostras com teores mais elevados de umidade, apresentaram maior crescimento destes microrganismos. A microscopia dos açucares evidenciou a falta de higiene no processo produtivo com presença de fragmentos de insetos e impurezas minerais e vegetais. Todas as amostras apresentaram ao menos uma condição com alguma não conformidade, sendo esta microbiológica ou microscópica. Faz se necessário a observância dos fatores que contribuem para a ocorrência de contaminação microbiana no açúcar mascavo tais como, normas básicas de manipulação dos alimentos.
A cultura em segurança de alimentos, tem sido elemento chave das empresas do ramo alimentício para ampliação da eficácia dos sistemas de gestão implantados, porém falar de cultura em segurança de alimentos, é falar de mudança de hábitos, que não é uma tarefa fácil, sendo necessário escolher metodologias e estratégicas corretas para que a empresa possa atingir seu objetivo. Este relato de experiência trata-se de um trabalho desenvolvido em um abatedouro frigorifico de bovinos, com aproximadamente 600 funcionários. O objetivo do trabalho, foi realizar atividades para o desenvolvimento da cultura dos funcionários em segurança de alimentos e, em intervalos periódicos realizar uma medição por meio de metodologias pré-estabelecidas para avaliação do nível de percepção dos funcionários sobre o tema abordado. O desenvolvimento da cultura em segurança de alimentos é um trabalho árduo e a equipe técnica responsável por esse trabalho, deve ser preparada, ter persistência e visão para mudanças de metodologias quando necessário e, total apoio da alta direção da empresa.
A bebida láctea é um produto obtido da mistura do leite, soro de leite e demais ingredientes. O uso de soro proveniente do processamento de ricota em sua formulação serve para agregar valor, além de eliminar os problemas ambientais gerados com o seu descarte inadequado. O presente trabalho teve por objetivo a elaboração de uma bebida láctea fermentada e não fermentada com soro de ricota e saborizada com murici. Foi realizado o processo de colheita, seleção e higienização dos frutos. Em seguida foi realizada a formulação das bebidas lácteas. O soro, polpa de murici e as bebidas lácteas foram analisados quanto ao pH, Acidez Titulável (g∕100 g), Sólidos Solúveis Totais (ºBrix), Aw e Umidade, todos seguindo a metodologia do Instituto Adolf Lutz. Ambas as bebidas lácteas apresentaram boas características físico-química, assemelhando-se as literaturas, tendo divergência apenas no valor de pH o qual foi inferior, sendo vantajoso do ponto de vista comercial, pois tem maior segurança microbiologica, e pode influenciar na aceitabilidade sensorial.
O café se destaca entre os produtos mais comercializados no mundo, entretanto o processamento do grão pode desencadear a formação de contaminantes, a exemplo dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs). Alguns dos compostos desse grupo apresentam potencial cancerígeno, genotóxico, citototóxico portanto, faz-se necessário estudos que avaliem a presença deles em alimentos. Diante disso, o presente trabalho tem por objetivo, levantar dados a respeito da ocorrência de HPAs em café, bem como de métodos analíticos e de preparo de amostra utilizados para investigação desses compostos. Para isso foi desenvolvida uma revisão de literatura sobre o processamento do café, associando as etapas do processo com a incidência de HPAs, também um levantamento de dados sobre o as metodologias descritas para análise de HPAs em amostras de café, tendo como base 56 e artigos, de diversos países. Esse levantamento mostrou que a técnica de cromatografia a gás (GC-MS) é a mais utilizada, e para preparo de amostra são principalmente empregadas técnicas de extração em fase sólida (SPE). Também evidenciou a baixa quantidade de estudos que avaliem HPAs em cafés comerciais brasileiros.
A ampla utilização de antibióticos e o subsequente surgimento de microrganismos que são resistentes a eles levou a um aumento do interesse em técnicas alternativas para controlar os patógenos e os deterioradores na indústria de alimentos e outros campos. Escherichia coli O157:H7 é um patógeno significativo que pode estar presente em alimentos e causar infecções intestinais graves em indivíduos. Uma possível alternativa para detectar esse patógeno em alimentos e eliminá-lo é através da utilização de bacteriófagos. Estes são vírus hospedeiro-específicos para e causam lise e morte celular. O objetivo desta pesquisa é empregar o bacteriófago UFV-AREG1 em nanotubos de carbono de paredes múltiplas (MWCNT) para estabelecer um nanosensor tensiométrico.
O Brasil é o segundo maior produtor de mamão do mundo, com uma produção anual de 1,6 milhões de tonelada, gerando uma receita de até 1,8 bilhões de reais. Mesmo com uma grande produção, só é importado 1% da produção nacional, devido a perecibilidade do fruto, amadurecendo rápido e sendo alvo constante de ataque de agentes fitopatógenos. Logo, uma tecnologia de revestimento biodegradável com nanotecnologia se demostra potencial para solucionar tal gargalo produtivo. Os mamões do ensaio controle, apresentaram a maior mudança de coloração, tendo uma diminuição nos índices L*, C* e h* de 48,69%; 21,64% e 24,44% respectivamente, uma perda de massa toda de 16,60 % e apresentou uma firmeza média de 6,94 ± 1,84 N e uma coloração alaranjada com um número maior de machas amarronzadas e pretas, uma pele mais enrugada e regiões degradadas, chegando até 1/3 do fruto, por agentes fitopatogênicos. Já os mamões recobertos com a solução de goma guar 1,5% m/v com nanoestruturas apresentaram uma mudança menor de seus índices L*, C* e h* de 29,31%, 13,51% e 11,06% (nanoZnO) e 22,09%, 7,12% e 14,20% (nanoquitosana), uma perda de massa de 11,56 % (nanoZnO) e 10,25% (nanoquitosana), uma firmeza de 10,53 ± 4,44 N (nanoZnO) e uma firmeza de 10,02 ± 1,62 N (nanoquitosana) no final do dia 10. Os revestimentos de goma guar enriquecidos com nanoestruturas apresentaram ser uma possível solução para preservação de mamão no pós-colheita, conseguindo retardar o feito do amadurecimento do fruto.