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ADUBAÇÃO FOSFATADA NO CAPIM-MOMBAÇA

Capítulo de livro publicado no livro do II Congresso Brasileiro de Produção Animal e Vegetal: “Produção Animal e Vegetal: Inovações e Atualidades – Vol. 2. Para acessá-lo clique aqui.

DOI: https://doi.org/10.53934/9786585062039-28

Este trabalho foi escrito por:

Carlos Manoel Galvão Caldeira*; Camila Fernandes Domingues Duarte; Anne Caroline Dallabrida Avelino  Paulo Henrique Guimarães da Silva; João Victor de Oliveira Barcelos; Giovanna Pimentel Lima Peloi; Carlos Eduardo Avelino Cabral

*Autor correspondente (Corresponding author) – Email: [email protected]

Resumo: O fósforo é um dos macronutrientes que mais influencia o estabelecimento das pastagens especialmente em solos do Cerrado. Desta forma, as recentes pesquisas têm focado na busca de produtos inovadores com mais eficiência e economia. Assim, objetivou-se avaliar o estabelecimento do capim Mombaça sob adubação fosfatada com diferentes fontes e proporções de aplicação de fósforo na semeadura. O experimento foi realizado em casa de vegetação, na Universidade Federal de Rondonópolis, sob delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 4 x 2 com três repetições. Os tratamentos consistiram em duas fontes de fertilizantes fosfatados (VitauroPhós® e Fosfato monoamônico) e quatro proporções de fósforo na semeadura (0, 33, 67 e 100%). Quando as plantas atingiram altura média de 45 cm, realizou-se o corte ao nível do solo e contou-se o número de perfilhos. Após o corte, procedeu-se a separação morfológica das plantas. Na sequência, o material foi submetido a secagem em estufa de circulação forçada de ar a 55 ± 5ºC, por 72 horas, e, depois pesado. Após, quantificou-se a extração de fósforo na forragem e nas raízes.  A análise estatística foi realizada por meio de teste Tukey a 5%. Verificou-se interação entre fonte de fertilizante fosfatado e proporção de aplicação de fósforo no capim-mombaça na densidade populacional de perfilhos, massa seca de resíduo, e extração de fósforo pelas folhas e raízes. Recomenda-se a aplicação de 100% da dose recomendada de fósforo no estabelecimento de capim Mombaça, pois esse nutriente é requerido em grandes quantidades e indispensável para formação inicial dos pastos. Em relação as fontes, tanto VitauroPhós® quanto fosfato monoamônico podem ser utilizados no estabelecimento do capim Mombaça.

Palavras–chave:  adubação de pastagens; fontes de fósforo; Panicum maximum.

Abstract: Phosphorus is one of the macronutrients that most influences the establishment of pastures, especially in Cerrado soils. In this way, recent research has focused on the search for innovative products with more efficiency and economy. Thus, the objective was to evaluate the establishment of Mombasa grass under phosphate fertilization with different sources and proportions of phosphorus application at sowing. The experiment was carried out in a greenhouse, at Universidade Federal de Rondonópolis, in a completely randomized design, in a 4 x 2 factorial scheme with three replications. The treatments consisted of two sources of phosphate fertilizers (VitauroPhós® and Monoammonium Phosphate) four phosphorus proportions at sowing (0, 33, 67 and 100%). When the plants reached an average height of 45 cm, the cut was made at ground level and the number of tillers was counted. After cutting, the morphological separation of the plants was carried out. Subsequently, the material was subjected to drying in an oven with forced air circulation at 55 ± 5ºC for 72 hours, and then weighed. Afterwards, phosphorus extraction in forage and roots was quantified. Statistical analysis was performed using the 5% Tukey test. There was an interaction between source of phosphate fertilizer and proportion of phosphorus application in mombasa grass on tiller population density, dry mass of residue, and phosphorus extraction by leaves and roots. It is recommended the application of 100% of the recommended dose of phosphorus in the establishment of Mombasa grass, as this nutrient is required in large quantities and indispensable for the initial formation of pastures. Regarding the sources, both VitauroPhós® and monoammonium phosphate can be used in the establishment of Mombasa grass.

Key Word: pasture fertilization; phosphorus sources; Panicum maximum.

INTRODUÇÃO

A longevidade dos pastos e sua produtividade são decorrentes das práticas de manejo na sua formação e das estratégias aplicadas na manutenção. Contudo, a falta de correção e adubação no estabelecimento das áreas de pastagens é relevante para uma pecuária à pasto sustentável. No estabelecimento de pastagens, a adubação com fósforo é imprescindível, especialmente nos solos do bioma Cerrado, onde há baixos níveis desse nutriente associado com elevados teores de ferro, alumínio e acidez, que reduzem sua disponibilidade para a planta (1).

A aplicação de fósforo na implantação das pastagens é relativamente menor em relação as doses de nitrogênio e potássio (1). Porém, a deficiência de fósforo pode comprometer o desenvolvimento do sistema radicular, perfilhamento inicial e, consequentemente, a produção de massa de forragem (2).

Para otimizar a adubação fosfatada na implantação, Maciel et al. (3) recomendaram o uso de fontes solúveis de fósforo para aumentar a disponibilidade desse nutriente. No entanto, Duarte et al. (4) enfatizaram a viabilidade técnica e econômica da adubação fosfatada de fontes de diferentes solubilidades em plantas forrageiras, minimizando a frequência de adubações, reduzindo as chances de degradação e a demanda por abertura de novas áreas para produção.

Atualmente, existem três diferentes tipos fertilizantes fosfatados quanto a solubilidade: rápida solubilidade, média solubilidade e de lenta solubilidade. Destacando-se, como fontes solúveis, os superfosfatos simples e triplo, e os fosfatos monoamônio e diamônio. Essas fontes solúveis quando reagem com o solo apresentam elevada capacidade de liberar fósforo na solução, porém com baixo efeito residual. Já as fontes com baixa solubilidade se dissolvem gradualmente no solo e disponibilizam fósforo para as plantas no decorrer do tempo, tendo efeito residual maior quando comparado com as fontes solúveis, destacando-se os fosfatos naturais.

Para contornar o efeito negativo das fontes solúveis (baixo efeito residual) e dos fosfatos naturais (lenta solubilidade), diversas empresas de fertilizantes fabricam fertilizantes fosfatados com solubilidade mista, ou seja, formulados com fontes de solubilidade rápida e baixa, disponibilizando fósforo em curto, médio e longo prazo, para as plantas. Neste sentido, objetivou-se avaliar o estabelecimento do capim Mombaça adubado com fósforo com diferentes fontes e proporções de aplicação na semeadura.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado em casa de vegetação, na Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), sob delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 4 x 2, com três repetições. Os tratamentos consistiram em esquema fatorial 2 x 4, sendo duas fontes de fósforo (P) (VitauroPhós® e fosfato monoamônico) e quatro proporções de fósforo (0, 33, 67 e 100%) na semeadura de Panicum maximum cv. Mombaça (capim Mombaça). As unidades experimentais corresponderam aos vasos com capacidade de 5,6 dm3, contendo cinco plantas.

O VitauroPhós® é comercializado pela Valloura Soluções Agropecuárias® e possuí a composição: 1% de nitrogênio; 18% de P2O5 (dos quais, 9% de P2O5 solúvel em CNA+Água); 12% de cálcio; 5% de enxofre; aminóacidos; bactérias solubilizadoras de fosfato; ácidos húmicos e fúlvicos. O fosfato monoamônico utilizado possuía a composição: 54% fósforo (P2O5 solúvel em CNA+água); 12% de nitrogênio.

O solo utilizado no experimento foi coletado no campo experimental da UFR. Retirou-se uma amostra deste solo e encaminhou-se ao laboratório para análise química e granulométrica e, o restante do solo coletado foi peneirado e transferido para as unidades experimentais (vasos).

A semeadura e a adubação fosfatada foram realizadas no dia 14 de outubro de 2021, com vinte sementes de Panicum maximum cv. Mombaça por unidade experimental (vaso). A dose padrão para o experimento foi de 300 mg dm-3 e, por isso, as doses aplicadas na semeadura foram: 0, 100, 200 e 300 mg dm-3. Estas sementes foram inseridas em sulcos à 1cm de profundidade ao nível do solo, e a distribuição dos fertilizantes fosfatados foi realizada analogamente ao método de adubação à lanço. Sendo que, a fonte VitauroPhós® não fora incorporada, e as demais fontes, levemente incorporadas. Paralelamente à adubação fosfatada, adequou-se as quantidades de enxofre dos tratamentos com o uso de enxofre elementar, de modo que existisse igualdade entre eles. Sete dias após a semeadura foi feito o desbaste, mantendo-se cinco plantas por unidade experimental (vaso). Neste momento, realizou-se a adubação de cobertura, em que se aplicou 50 e 25 mg dm-3 de nitrogênio e potássio, respectivamente.

Durante o experimento a irrigação foi realizada elevando-se a umidade do solo para determinada capacidade de retenção de água. Nos primeiros quinze dias, elevou-se para 65% da capacidade de retenção, e depois para 100% da capacidade de retenção. Cinquenta e cinco dias após a semeadura, as plantas atingiram altura média de 45 cm, então, realizou-se a contagem dos perfilhos e o colheita da forragem, admitindo-se uma altura de resíduo de 20 cm. Após o corte, não se procedeu a separação morfológica, pois havia somente lâminas foliares. Na sequência, a massa vegetal foi submetida a secagem em estufa de circulação forçada de ar a 55 ± 5ºC, por 72 horas, e, depois pesada.

Após o primeiro corte, aplicou-se, em cobertura, o restante do fósforo requerido nos tratamentos, nitrogênio na dose de 100 mg dm-3,na forma de ureia e 50 mg dm-3 de potássio, na forma de cloreto de potássio. Trinta dias após a primeira avaliação, foi realizada a segunda avaliação com o mesmo procedimento descrito. Em seguida, as doses de nitrogênio e potássio foram reaplicadas e depois de trinta dias foi realizada a terceira avaliação. Nesta última avaliação, além da parte aérea, quantificou-se a massa de resíduo e raízes. O resíduo corresponde a massa de forragem presente rente ao solo até 20 cm. S raízes foram lavadas por peneiramento com auxílio de uma lavadora de pressão. As amostras de raízes e resíduo foram submetidas ao mesmo procedimento de secagem em estufa e pesagem descrita para a massa de forragem.

Todas as amostras secas de folhas, resíduo e raízes foram moídas em moinho tipo faca com peneira de 2 mm e quantificou-se o teor de fósforo (5) para a estimativa da extração de fósforo. Para análise de fósforo, uniu-se as amostras de folhas e resíduo para estimativa da extração de fósforo na forragem. Para análise estatística considerou-se a somatória da massa de forragem das três avaliações e as média da densidade de perfilhos. A análise estatística foi realizada por meio de teste de regressão, a 5% de probabilidade de erro, utilizando Software SISVAR 5.6.

RESULTADOS E DISCUSSÃO                                                         

Para massa de forragem houve efeito isolado da proporção de fósforo na semeadura e dos fertilizantes testados (Figura 1). A menor massa de forragem foi identificada quando não se aplicou fósforo na semeadura (0% de proporção) e houve aumento até a dose de 33%, estabilizando nas demais proporções. Isso demonstra a importância de fósforo na formação do pasto, visto que tem função importante na massa de raízes(6), o que favorece a absorção dos demais nutrientes.

Figura 1. Massa seca de forragem (MSF) de capim Mombaça submetido a diferentes proporções de fósforo e fertilizantes na semeadura.

Houve interação entre fonte de fertilizante e proporções de fósforo na semeadura sobre a densidade populacional de perfilhos, massa seca de resíduo, extração de fósforo pelas folhas e raízes (Tabela 2). Tanto para o MAP quanto o VitauroPhós®, observou-se menor número de perfilhos quando não foi realizada a adubação fosfatada na semeadura (0%), o que compromete a massa de forragem (Figura 1), com aumento a proporção de 33% de fósforo na semeadura, com posterior estabilização. Isso torna flexível para o produtor a possibilidade de aplicar todo o fósforo na semeadura ou reduzir a quantidade quando houver aumento de preço, desde que posteriormente a aplicação seja realizada em cobertura. Além disso, a ausência de fertilizante fosfatado na semeadura reduz a eficiência de formação do pasto, sabendo que a disponibilidade de fósforo na solução do solo é imprescindível para o perfilhamento inicial (1), o que pode influenciar na emergência de plantas invasoras e o processo erosivo, visto que pastos com menor perfilhamento apresentam menor cobertura do solo.

Figura 2. Densidade populacional de perfilhos (DPP) e massa seca de resíduo (MSR) do capim Mombaça submetido a proporções de fósforo na semeadura

No tratamento com fosfato monoamônico observou-se incremento de 23,07% no número de perfilhos ao se comparar o tratamento sem adubação fosfatada na semeadura (0%) com a máxima proporção estudada (100%), enquanto para o VitauroPhós® houve redução de 50% (Figura 2). Como parte do fósforo presente no VitauroPhós® tem baixa solubilidade, isso comprometeu o desenvolvimento do capim diante de aplicação de cobertura, visto que fósforos insolúveis requerem maior tempo no solo para liberação gradual, comparativamente às fontes solúveis.

Sobre a variável massa seca de resíduo, independente da fonte, o tratamento sem adubação fosfatada na semeadura (0%) propiciou menor massa de resíduo e houve incremento até a proporção de 33% de fósforo na semeadura, não alterando nas demais proporções (Figura 2). Comparando os tratamentos – proporção de fósforo na semeadura – no tratamento com a fonte VitauroPhós® observou-se diferença estatística com incremento de 50%, aproximadamente, na massa seca de resíduo ao se comparar o tratamento sem adubação fosfatada com a máxima proporção estudada (100% ou dose total de fósforo em semeadura). Versando sobre o tratamento com fosfato monoamônico, observou-se incremento de 12,04% na massa de resíduo ao se comparar o tratamento sem adubação fosfatada na semeadura com a máxima proporção estudada.  A massa de resíduo é uma variável importante para o processo de rebrota do capim, visto que a área foliar remanescente propicia maior desenvolvimento inicial e menor uso de reservas orgânicas de raízes.

Para massa de resíduo, comparando as fontes de fósforo estudadas, verificou-se que na proporção de 0 e 33% de fósforo na semeadura não houve diferença estatística entre os fertilizantes (Tabela 2).  Nas demais proporções de fósforo na semeadura obteve-se maior massa seca de resíduo no tratamento com a fonte VitauroPhós®. Esse acréscimo representou 8,87% e 21,22% na massa seca de resíduo encontrado nas proporções de 66 e 100% de fósforo na semeadura, respectivamente.

A quantidade de fósforo extraída pela forragem do MAP e VitauroPhós® foi descrita por regressão quadrática e linear, respectivamente (Figura 3). A maior extração de fósforo com MAP ocorreu quando de aplicou 51% do fósforo na semeadura, enquanto para o VitauroPhós® ocorreu redução na extração do fósforo quanto maior a proporção de fósforo na semeadura. Com exceção da proporção zero na semeadura, o tratamento com a fonte fosfato monoamônico proporcionou maior extração de fósforo na forragem (Tabela 2), o que é justificado pela maior quantidade inicial de fósforo assimilável pela planta.

Figura 3. Extração de fósforo na forragem de capim Mombaça submetido a proporções de fósforo na semeadura

A proporção de fósforo na semeadura não influenciou a extração de fósforo pelo sistema radicular para nenhum dos fertilizantes testados. Somente quando se utilizou 67% de fósforo na semeadura, o capim Mombaça adubado com MAP extraiu maior quantidade de fósforo na raiz (Tabela 2).

CONCLUSÕES

Recomenda-se a aplicação de 33 a 100% da dose recomendada de fósforo em semeadura. Ambas as fontes estudadas podem ser utilizadas no estabelecimento de plantas forrageiras. Estimula-se novos estudos considerando o efeito residual de VitauroPhós®.

AGRADECIMENTOS

Agradecimentos a Valloura Soluções Agropecuárias e a Universidade Federal de Rondonópolis.

REFERÊNCIAS

  1. Rodrigues LRA, Quadros DG, Ramos AK. Recuperação de Pastagens Degradadas. In: Simpósio Pecuária-Perspectiva Para O Iii Milênio. Pirassununga, 2000. Anais… Pirassununga: FZEA p. 18. 2000.
  2. Rezende AV, Lima JF, Rabelo CHS. Características morfofisiológicas da Brachiaria brizantha cv. Marandu em resposta à adubação fosfatada. Rev Agrar. 2011; 4:335-343.
  3. Maciel GA, Costa SEGVA, Furtini Neto AE, Ferreira MM, Evangelista AR. Efeito de diferentes fontes de fósforo na brachiaria brizantha cv. Marandu cultivada em dois tipos de solos. Cien Ani Bras. 2007; 8: 227-233.
  4. Duarte, CFD. Capim-piatã adubado com diferentes fontes de fósforo. Rev Investig. 2016;15:58-63.
  5. Sarruge JR, Haag HP. Análise química das plantas. Piracicaba: ESALQ, 1974. 56 p.
  6. Oliveira PSR, Deminicis BB, Castagnara DD, Gomes FCN. Efeito da adubação com fósforo do capim Mombaça em solos com texturas arenosa e argilosa. Arch. Zootec. 2012; 61: 397-406.

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