A OBESIDADE E OS RISCOS CAUSADOS PELO AGRAVAMENTO DA COVID-19 BEM COMO SUA RESPOSTA INFLAMATÓRIA: REVISÃO DE LITERATURA
Maria Eduarda Moraes Pereira1; Lauany Maria dos Santos Barreto2; Andressa Almeida Barbosa3; Jhulia Evilys Dias da Silva4; Jhennifer Vitória Gomes Silva5; Socorro da Piedade Berto da Silva6; Magda Letícia Barreto de Freitas7
1Estudante do Curso de Nutrição – CES – UFCG; E-mail: [email protected], 2Nutricionista Formada pela Universidade Potiguar – UNP. E-mail: [email protected]
Resumo: Com a pandemia da COVID-19, causada pela infecção do novo coronavírus (SARS-CoV-2), que se espalhou rapidamente pelo mundo, acometendo milhares de pessoas e ceifando a vida de muitas delas. A doença do SARS-CoV-2 avança sobre as vias aéreas, iniciando com um quadro gripal que pode evoluir para síndrome respiratória aguda grave. A partir das manifestações, os pacientes com quadro de obesidade, e com suas complicações, podem estar mais predispostos a desenvolver uma doença mais grave e complicada, exigindo a internação hospitalar e até ventilação invasiva. Entretanto, as evidências relacionam a obesidade com a COVID-19 e a vários outros mecanismos, desde a atividade do sistema imunológico até a inflamação crônica, devido ao aumento de produção de citocinas TNF-α e IL-6. Com isso, o presente resumo teve como objetivo verificar os riscos acarretados pelo agravamento da COVID-19 em pessoas obesas, além da sua resposta inflamatória envolvida na doença.
Palavras–chave: Covid-19; obesidade; inflamação; riscos.
INTRODUÇÃO
No fim do ano de 2019, surgiu um tipo de síndrome respiratória aguda grave na China, acometida pelo vírus SARS-CoV-2 (Coronavírus), denominada também como COVID-19 (McMICHEL et al., 2020). Em março de 2020, com a disseminação do novo coronavírus e a pandemia no início de março; com o levantamento de casos diariamente, a atual pandemia da SARS-CoV-2 tem desafiado os sistemas de saúde em todo o mundo (DOCEA et al., 2020). Segundo Zhou et al. (2020), os quadros mais críticos do acometimento da doença, têm sido observados nas doenças bases, como as doenças cardiovasculares, pulmonares e diabetes. Além disso, os novos dados também revelam os sintomas graves para pessoas com obesidade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é definida como o acúmulo excessivo da gordura corporal, que representa a uma quantidade suficiente para acarretar prejuízos ao estado de saúde do paciente obeso, que, além disso, caracteriza-se como um fator agravatório para inúmeras comorbidades, por exemplo, problemas de ordem respiratória e alterações metabólicas (SANTANA; PIRES; SCHUENGUE, 2018). Contudo, a obesidade torna-se uma das condições mais comuns com um aumento extremamente alto, em relação ao risco de mortalidade dos pacientes com SARS-CoV-2 (GOUMENOU, 2020). Portanto, são de relevância os levantamentos de estudos em relação da obesidade com a COVID-19, para a realização de possíveis tratamentos contra a síndrome respiratória aguda grave em pessoas obesas.
O presente trabalho teve como objetivo analisar a obesidade e os riscos acometidos pelo agravamento da COVID-19, além da sua resposta inflamatória envolvida na doença.
MATERIAL E MÉTODOS
Tratou-se de um estudo de revisão bibliográfica. Para tanto, foram consultados artigos científicos disponíveis no banco de dados da SciELO, PubMed e NCBI e Google Acadêmico. Foram selecionados os textos completos em português e inglês, publicados nos últimos 2 anos, que abordassem o tema: obesidade em pacientes acometidos pelo SARS-CoV-2 e os processos inflamatórios envolvidos. Os descritores utilizados foram: COVID-19; Inflamação; Obesidade; Riscos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
OBESIDADE E COVID-19
A obesidade vem tendo um crescimento nas taxas de hospitalização, do agravamento e de mortalidade pelo novo coronavírus. Segundo Simonnet et al. (2020), em um estudo francês, apresentou-se em seus resultados que a obesidade é um fator do agravamento da SARS-CoV 2, com uma maior consequência em pessoas com IMC ≥35 kg / m2, aumentando o risco maior de necessidade da ventilação mecânica invasiva. Em uma metanálise realizada por Kass et al. (2020), a obesidade esteve associada a uma maior taxa de internações em UTI ‘s (1,74), com necessidade de ventilação mecânica maior e mortalidade para COVID-19. A carga de doença da obesidade é clara em pacientes com COVID-19 hospitalizados e possuem uma grande relação com o desenvolvimento de complicações letais e graves relacionadas a elas (PETRAKIS et al., 2020).
OBESIDADE E RESPOSTA INFLAMATÓRIA EM RELAÇÃO AO COMPROMETIMENTO DA COVID-19
Os mecanismos que estão envolvidos no maior risco da prevalência de COVID-19 e mortalidade em obesos estão relacionados com células T reguladoras residentes em gordura específica. Segundo Brandão et al. (2020), a relação entre citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias torna-se desequilibrada. Como consequência disso, acarretam-se danos ao sistema vascular, causando disfunção do endotélio, causada pela diminuição da produção de óxido nítrico e o aumento na síntese de espécies reativas de oxigênio, o que se pode determinar a um estado inflamatório. Além disso, percebe-se que a resposta imune inata às pessoas com obesidade, apresenta-se de forma alterada, chegando a um desequilíbrio na linha de defesa contra infecções, no aumento da resposta inflamatória e na ativação fora do comum dos linfócitos T. Ademais, o aumento primário da resposta inflamatória pode ser um dos fatores que contribuem para um estado hiper-inflamatório. Com isso, a obesidade favorece o desenvolvimento da inflamação no tecido adiposo, através do aumento da produção de adipocinas pró-inflamatórias, sendo exemplo, IL-6 e TNF-α, representado na Figura 1.
Figura 1. COVID-19: obesidade e inflamação. Diferenças no equilíbrio do sistema imune no tecido adiposo de pessoas magras e obesas. A desregulação metabólica do obeso prejudica a resposta imune antiviral ao SARS-CoV-2. Fonte: BRANDÃO, S. C. et al. Obesidade e risco de Covid-19: grave. 2020.
CONCLUSÕES
Portanto, o impacto da obesidade na gravidade da COVID-19 e nas taxas de mortalidade é importante e necessário ter à atenção especial para pacientes obesos, para determinar quais estratégias específicas devem ser abordadas para um diagnóstico e tratamento precoce. Os estudos apresentados relataram como os pacientes obesos possuem uma tendência maior em evoluir para as formas mais graves da COVID-19, devido ao vírus acarretar um risco maior de resposta inflamatória (própria da obesidade).
REFERÊNCIAS
BRANDÃO, S. C. S. et al. Obesidade e risco de Covid-19 grave. 2020. 115 p. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/37572. Acesso em: 21 mai 2021.
DOCEA, A. O., TSATSAKIS, A., ALBULESCU, D., CRISTEA, O, ZLATIAN, O., VINCETI, M., MOSCHOS, S. A., TSOUKALAS, D., GOUMENOU, M., DRAKOULIS, N. et al. A new threat from an old enemy: Remergence of coronavirus (Review) International Journal Molecular Medicine,2020.
GOUMENOU, M., SARIGIANNIS, D., TSATSAKIS, A., ANESTI, O., DOCEA, A. O., PETRAKIS, D., TSOUKALAS, D., KOSTOFF, R., RAKITSKII ,V., SPANDIDOS, D. A., et al. COVID 19 in Northern Italy: An integrative overview of factors possibly influencing the sharp increase of the .outbreak (Review) Molecular Medicine Reports, v. 22, p. 20-32, 2020.
KASS, D. A.; DUGGAL, P.; CINGOLANI, O. Obesity could shift severe COVID-19 disease to younger ages. Lancet. Epub ahead of print: 1544-1545, 2020.
MCMICHAEL, T. M., CURRIE, D. W., CLARK, S., POGOSJANS, S., KAY, M., SCHWARTZ, N. G. et al.; Public Health–Seattle and King County, Evergreen Health, and CDC COVID-19 Investigation Team. Epidemiology of Covid-19 in a Long-Term Care Facility in King County, Washington. New England Journal of Medicine, 2020.
PETRAKIS, D. et al. “Obesity – a risk factor for increased COVID-19 prevalence, severity and lethality (Review).” Molecular Medicine Reports, v. 22, n.1, p. 9-19, 2020. doi:10.3892/mmr.2020.11127.
SANTANA, B. S. B.; PIRES, C. M. L.; SCHUENGUE, C. M. O. L. A obesidade como um fator de impacto e problema na saúde pública, e seus fatores de influência. Anais do Seminário Científico do UNIFACIG, n. 4, 2018.
SIMONNET, A.; CHETBOUN, M.; POISSY, J., et al. High prevalence of obesity in severe acute respiratory syndrome coronavirus-2 (SARS-CoV-2) requiring invasive mechanical ventilation. Obesity, v. 28, n. 7, p. 1195-1199, 2020.
ZHOU, Y. et al. Pathogenic T-cells and inflammatory monocytes incite inflammatory storms in severe COVID-19 patients. National Science Review, v. 7, n. 6, p. 998-1002, 2020.
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