Uso do mel como veículo para probióticos
O mel tem grande potencial para atuar como um veículo de probióticos intrínsecos e adicionados para a alimentação de humanos
O mel é consumido pela população a mais de 4000 anos e pode ser caracterizado como um exsudato líquido natural doce, viscoso e altamente nutritivo, produzido por abelhas (1). Ele vem sendo reconhecido como um potencial prebiótico, pois possui oligossacarídeos que podem promover o crescimento de lactobacilos e bifidobactérias, além de componentes antimicrobianos que podem atuar sinergicamente com os probióticos contra determinados patógenos (2).
Além disso, o mel contém uma microbiota própria, tendo grande potencial probiótico. No trabalho de Amin et al. (3), investigou-se a presença de microrganismos probióticos no mel e os resultados da pesquisa demonstraram que o mel de diferentes origens geográficas na Malásia pode ser considerado um reservatório de bactérias com atividades antimicrobianas, com potencial para uso como culturas probióticas. Duas cepas de Bacillus ( B. amyloliquefaciens HTI-19 e B. subtilisHTI-23) foram isolados do mel de abelhas sem ferrão e possuem grande potencial como probióticos para uso humano e animal e como culturas iniciadoras de fermentação.
O mel pode ser um ingrediente interessante para formulações probióticas. O trabalho de Machado et al. (4) avaliou os efeitos da adição do mel produzido pela abelha sem ferrão M. scutellaris , em diferentes concentrações, sobre algumas propriedades tecnológicas, físico-químicas, microbiológicas e sensoriais do iogurte caprino contendo a conhecida cepa probiótica L. acidophilus La-05 durante o armazenamento refrigerado. Os resultados foram interessantes, a incorporação de mel de abelha sem ferrão afetou positivamente diversas características do iogurte caprino contendo L. acidophilus La-05. Todas as formulações de iogurte apresentaram contagens de L. acidophilus La-05 acima de 6,0 log ufc/g aos 28 dias de armazenamento, mas a presença de mel aumentou as contagens (ca. 1 log ufc/g) de L. acidophilus La-05 e iogurte bactérias starter até 21 dias de armazenamento.
Os fatos mostram o potencial do mel para ser um carreador de probiótico, isso se dá as suas características prebióticas, por conter bactérias benéficas na sua constituição e é uma matriz alimentar encontrada em todo o mundo!
Ele já foi testado como veículo para o probiótico Bacillus coagulans no estudo de Arani et al. (5). A pesquisa investigou os efeitos da ingestão de mel probiótico no estado metabólico em pacientes com nefropatia diabética (ND). No geral, os resultados do estudo demonstraram que o consumo de mel probiótico por 12 semanas entre pacientes com ND teve efeitos benéficos no metabolismo da insulina, colesterol total/HDL, níveis séricos e níveis plasmáticos.
Poucos estudos são encontrados na literatura, abrindo um espaço para novas pesquisas, variando os tipos de mel e a adição de cepas probióticas.
Referências:
1 – BEGUM, S. Benazir et al. Validation of nutraceutical properties of honey and probiotic potential of its innate microflora. LWT-Food Science and Technology, v. 60, n. 2, p. 743-750, 2015. ttps://doi.org/10.1016/j.lwt.2014.10.024
2 – MOHAN, Anand et al. Effect of honey in improving the gut microbial balance. Food Quality and Safety, v. 1, n. 2, p. 107-115, 2017. https://doi.org/10.1093/fqsafe/fyx015
3- Zulkhairi Amin, Fatin Aina, et al. “Probiotic properties of Bacillus strains isolated from stingless bee (Heterotrigona itama) honey collected across Malaysia.” International journal of environmental research and public health 17.1 (2020): 278. https://doi.org/10.3390/ijerph17010278
4- Machado, T. A. D. G., de Oliveira, M. E. G., Campos, M. I. F., de Assis, P. O. A., de Souza, E. L., Madruga, M. S., … & do Egypto, R. D. C. R. (2017). Impact of honey on quality characteristics of goat yogurt containing probiotic Lactobacillus acidophilus. Lwt, 80, 221-229. https://doi.org/10.1016/j.lwt.2017.02.013
5- Mazruei Arani, N., Emam-Djomeh, Z., Tavakolipour, H. et al. Os efeitos do consumo de mel probiótico no estado metabólico em pacientes com nefropatia diabética: um estudo randomizado, duplo-cego e controlado. Probióticos e Antimicrobianos. Prot. 11 , 1195–1201 (2019). https://doi.org/10.1007/s12602-018-9468-x
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