UTILIZAÇÃO DE REGULADORES VEGETAIS NA AGRICULTURA
Capítulo de livro publicado no livro do II Congresso Brasileiro de Produção Animal e Vegetal: “Produção Animal e Vegetal: Inovações e Atualidades – Vol. 2“. Para acessá-lo clique aqui.
DOI: https://doi.org/10.53934/9786585062039-15
Este trabalho foi escrito por:
Djanildo Francisco da Silva Júnior1*; Ivanildo Pereira de Mendonça Filho1; Lindemberg Timóteo dos Santos1; Gardênia Maul de Andrade1; Thyago Augusto Medeiros Lira2; Mileny dos Santos de Souza3
1Graduando em Agronomia – Faculdades Nova Esperança (FACENE); *E-mail: [email protected]
2 Docente do curso de Agronomia – Faculdades Nova Esperança (FACENE)
3Docente do Programa de Pós-graduação em Agronomia – Campus de Engenharias e Ciências Agrárias, Universidade Federal de Alagoas, CECA/UFAL
Resumo: As plantas são organismos complexos multicelulares, seu crescimento e desenvolvimento é totalmente dependente de um extraordinário meio de coordenação entre suas células. A sincronização entre as células, só é possível pela sinalização e atuação dos hormônios vegetais, que são produzidos em diferentes partes e estágios das plantas. Diante do exposto, o objetivo dessa revisão é mostrar como é a ação dos principais reguladores vegetais e seus benefícios na agricultura. Dentre os principais fito-hormônios os mais conhecidos e explorados na produção vegetal são as auxinas, giberelinas, citocininas, etileno e o ácido abscísico. Todos são produzidos naturalmente pelas plantas, e entender como isso ocorre, pode contribuir com o aumento da produtividade em diferentes culturas. A auxina tem aplicação na propagação de mudas, pois facilita o desenvolvimento meristemático. A giberelina é empregada no processo germinação de sementes, iniciação floral, determinação do sexo e frutificação. A citocinina, estimula a divisão celular, o desenvolvimento de tecidos e células isoladas, além de acelerar o desenvolvimento embrionário das plantas. O etileno pode ser considerado um gás, onde é muito utilizado na pós colheita para induzir a maturação dos frutos. O ácido abscísico, tem aplicabilidade na indução da germinação de sementes e regulação estomática. Contanto, o uso de hormônios vegetais na agricultura é uma alternativa que pode otimizar o processo produtivo nas lavouras, contribuindo com uma maior produtividade, e diversificação da produção agrícola em áreas com condições climáticas não tão favoráveis.
Palavras–chave: ácido abscísico; auxina; citocinina; etileno; giberelina;
Abstract: Plants are complex multicellular organisms, their growth and development is totally dependent on an extraordinary means of coordination between their cells. Synchronization between cells is only possible through the signaling and action of plant hormones, which are produced in different parts and stages of plants. Given the above, the objective of this review is to show how the main plant regulators work and their benefits in agriculture. Among the main phytohormones, the most known and exploited in plant production are auxins, gibberellins, cytokinins, ethylene and abscisic acid. All are naturally produced by plants, and understanding how this occurs can contribute to increased productivity in different cultures. Auxin has application in seedling propagation, as it facilitates meristematic development. Gibberellin is used in the process of seed germination, floral initiation, sex determination and fruiting. Cytokinin stimulates cell division, the development of tissues and isolated cells, in addition to accelerating the embryonic development of plants. Ethylene can be considered a gas, where it is widely used in post-harvest to induce fruit maturation. Abscisic acid has applicability in the induction of seed germination and stomatal regulation. However, the use of plant hormones in agriculture is an alternative that can optimize the production process in crops, contributing to greater productivity and diversification of agricultural production in areas with not so favorable climatic conditions.
Key Word: abscisic acid; auxin; cytokinin; ethylene; gibberellin;
INTRODUÇÃO
As plantas são organismos complexos multicelulares, sendo necessário, para que ocorra o desenvolvimento ordenado de cada organismo, um extraordinário meio de coordenação entre as células, para coordenar essas atividades, as células das plantas devem ser capazes de se comunicar, frequentemente a diferentes distâncias. Os hormônios são os principais meios de comunicação das plantas, mensageiros químicos que carregam a informação entre as células e dessa forma, coordenam o seu crescimento e desenvolvimento (RAMOS, 2011).
No século passado estudos já revelavam que o desenvolvimento das plantas é regulado por hormônios vegetais, as auxinas, giberélica, citocininas, etileno e ácido abscísico. As moléculas receptoras específicas correspondentes para cada um desses hormônios estão presentes nas células alvo. A ligação hormônio receptor parece desencadear algumas respostas, promovendo e inibindo vários aspectos no decorrer do desenvolvimento da planta, podendo atuar sozinhos ou em conjunto (LACERDA, 2002; LARCHER, 2000; SANTOS, 2004).
Os reguladores de crescimento são compostos orgânicos, naturais ou sintéticos, que em quantidades pequenas, impedem ou transformam processos morfológicos do vegetal. Essas substâncias tanto podem ser aplicadas em raízes, folhas, frutos e sementes, com a finalidade de incrementar a produção, melhorar a qualidade e facilitar a colheita (RAMOS, 2011).
A utilização de reguladores vegetais na agricultura tem mostrado grande potencial no aumento da produtividade, embora sua utilização ainda não seja uma prática rotineira em culturas que não atingiram alto nível tecnológico. A partir da descoberta dos efeitos dos reguladores vegetais sobre as plantas cultivadas, e dos benefícios promovidos, combinações desses produtos têm sido avaliadas com intuito de aumentar a produtividade das culturas (CASTRO e VIEIRA, 2001; SANTOS, 2004). Diante do exposto, o objetivo dessa revisão é mostrar como é a ação dos principais reguladores vegetais e seus benefícios na agricultura.
RESPOSTA ESPECÍFICAS E USOS NA AGRICULTURA
- Auxinas
Existem várias auxinas naturais, que podem ser encontradas dependendo da espécie, da idade da planta, da estação do ano e das condições sob as quais a planta se desenvolve, outras auxinas naturais podem ser encontradas, como um análogo clorado do AIA, o acido4-cloroindolil-3-acético (4-cloroAIA), o ácido fenilacético e o ácido indolil-3-butírico (AIB), no entanto a forma natural mais abundante é o AIA. Ainda faltam informações mais precisas a respeito da fisiologia e bioquímica desses últimos três compostos, existindo controvérsias se eles atuariam realmente como hormônios nas plantas (KERBAUY, 2004; RAMOS, 2011).
Esse hormônio induz à extrusão de prótons que acidifica e alarga a parede celular, e através da entrada da água com o afrouxamento da parede celular ocorre redução de turgor há aumento da extensão da célula. A auxina, tem como principais funções a regulação e promoção de crescimento, por alongamento do caule e coleóptilos, ainda atua no alongamento ou inibição de raízes (em função da concentração), nos tropismos, e na iniciação do crescimento de raízes laterais (TAIZ; ZEIGER, 2004; RAMOS, 2011).
O gradiente de auxina influencia a diferenciação dos tecidos vasculares nos ramos em alongamento. Isso se deve a atividade mitótica em função do aumento de volume das células meristemáticas do ápice. As auxinas são encontradas justamente nas regiões do caule que se alongam com maior frequência. Contudo, para que as células se expandam, a parede celular, que é rígida, deve ser afrouxada de alguma maneira, esse processo é induzido pela acidificação da parede celular (FERRI, 2000; RAVEN et al., 2001; TAIZ; ZEIGER, 2004; RAMOS, 2011).
A auxina induz a acidificação da parede celular, e o consequente afrouxamento, induz outros processos importantes que proporcionam a continuidade do crescimento da célula: como os aumentos na absorção de solutos osmóticos, e na atividade de certas enzimas que estão relacionadas com a biossíntese de polissacarídeos da parede; também atua na regulação de dominância apical, abscisão de folhas, diferenciação vascular, formação de gemas florais e desenvolvimento de frutos (KERBAUY, 2004; RAMOS, 2011). Por essas e outras funções sobre as plantas, o emprego de produtos a base de auxinas já é uma realidade no meio agrícola.
Rocha et al. (2021), submeteram a planta ora-pro-nóbis (Pereskia Aculeata Mill) a diferentes concentrações de ácido indolbutírico, e concluíram que as concentrações de 2000 e 4000 mg.L-1 demonstraram os melhores resultados para número de raízes por estacas semi-lenhosas e lenhosas. Martins (2021), observou que auxina retardou o processo de amadurecimento do fruto do melão amarelo cv. Eldorado. Santos (2021), testando enraizadores de estacas de café conillon em diferentes concentrações de ácido indolbutírico e ácido bórico constatou que a dosagem de 1000 mg.L-1 proporcionou o melhor enraizamento das estacas. Elias Júnior (2020), efetuando a produção de mudas de maracujazeiro amarelo com uso de bioestimulante observou que a dose de 2 mL/L de um produto a base de auxina promoveu a melhor resposta para massa seca e massa fresca da raiz, do caule e das folhas dessa espécie.
- Giberelinas
As giberelinas possuem funções importantes, pois são responsáveis por estimularem o alongamento e a divisão celular, promoverem germinação de sementes, iniciação floral, determinação do sexo e frutificação. Esse fito-hormônio ainda tem a capacidade de induzir floração em plantas mantidas em condições não indutivas. (LACERDA, 2002; RAMOS, 20011). Dependendo da espécie a aplicação de giberelinas pode regular a juvenilidade em ambos os sentidos, em plantas monoicas o ácido giberélico tem efeitos sobre a determinação do sexo, ocorrência geneticamente regulado, mas também influenciado por outros fatores, especialmente ambientais (KERBAUY, 2006; FERRI, 2001).
A germinação de sementes, está associada à ação das giberelinas, que em combinação com as citocininas, podem promover a germinação e minimizar os efeitos inibitórios do ácido abcísico ABA, de maneira geral, o efeito principal do AG nas sementes parece estar associado à indução das enzimas que degradam o amido no endosperma (KERBAUY, 2006). As giberelinas podem não estar presente em tecidos com ausência completa de auxina, e os efeitos da giberelina no crescimento podem depender da acidificação da parede celular induzida por auxina (TAIZ e ZEIGER, 2004).
Uma das principais funções das giberelinas, é controlar o crescimento do caule, pois, este tem a capacidade de reverter o nanismo. Dal Cin (2020), estudando a ação de giberelina e auxina no desenvolvimento da planta e na qualidade de tomates gaúcho, observou que os tomateiros tratados com giberelica a 106 M obtiveram um maior diâmetro do caule.
Além dessa característica, a giberelina, auxilia e outros processos metabólicos nos vegetais. Raul et al. (2021), usando benzilaminopurina e giberelina no processo germinativo do araçazeiro amarelo, observaram que o emprego da giberelina obteve efeitos positivos sendo recomendado o seu uso na concentração de 50 mg.L-1 para obter melhores respostas germinativas. Freitas et al. (2018), avaliaram o crescimento de Spondias tuberosa tratadas com doses de giberelina, e constataram que as doses de ácido giberélico proporcionaram potente crescimento vegetativo, permitindo maior crescimento e estabelecimento em campo.
Boromelo et al. (2022), observando os efeitos da giberelina sobre o número de flores e frutos na cultura do morango em sistema semi-hidropônico, inferiram que a aplicação desse regulador aumentou o número de flores e pseudofrutos, algo que contribui para o aumento da produtividade. Simão et al. (2019), estudando interferência do hormônio giberelina no desenvolvimento inicial da cultura da cana-de-açúcar, constataram que a o hormônio beneficiou um aumento significativo na cultura induzindo o maior perfilhamento e maiores valores de diâmetro do caule e altura das plantas.
Pires et al. (2020), testaram o crescimento de plantas de umbuzeiro sob diferentes concentrações de giberelina, e concluíram que esse hormônio influenciou no crescimento vegetativo das mudas. Esses autores supracitados, verificaram também que esse hormônio pode contribuir no aumento da raiz, do caule e da área foliar.
O emprego da giberelina, pode ser uma aliada no manejo de patógenos. Rodrigues et al. (2018), promoveram a indução de tolerância à murcha bacteriana em híbridos de tomateiros por aplicação de giberelina, verificaram que esse hormônio é capaz de induzir a resistência a essa doença, porém depende do período que é aplicado, do híbrido e da variedade utilizada. Porém, esses autores recomendam que a giberelina aplicada 24 dias após a semeadura, foi a que propiciou mais benefícios aos diferentes híbridos de tomateiros.
- Citocininas
As citocininas são responsáveis por estimular a divisão celular, promovendo o desenvolvimento de tecidos e células isoladas, como também acelerar o desenvolvimento de embriões nas plantas (TAIZ e ZEIGER, 2004). Segundo Ramos (2011), as proporções de auxinas e citocininas colocadas em cultura de tecidos, influenciaram o tipo de diferenciação celular. A proporção do ácido indolacético (AIA), quando é superior à de citocininas, certas regiões dos tecidos em cultura formam raízes. Proporções maiores de citocininas resultam no desenvolvimento de caules (KERBAUY, 2004), dessa forma a divisão e a diferenciação celular exigem a ação conjunta e harmônica de dois hormônios vegetais: auxinas e cinetina, porém a cinetina não existe em plantas, mas citocininas, apresentam atividades similares à cinetina.
As citocininas também atuam em associação com as auxinas no controle da dominância apical, formação de brotos, senescência das folhas, crescimento das raízes, germinação das sementes e respostas ao estresse (TAIZ; ZEIGER, 2004; BARCISZEWSKI et al., 2006). As citocininas, se caracterizam por apresentar uma alta capacidade de induzir a formação de grande número de brotos, e alta taxa de multiplicação em muitos sistemas de micropropagação. Outras citocininas foram identificadas como: zeatina ribosídeo e isopentenil adenosina, que na planta são sintetizadas principalmente nas raízes e transportadas no xilema para outras partes da planta (RAVEN et al., 2001; LACERDA, 2002; MARTINELLI et al. 1985). O uso da citocinina na agricultura tem um fator positivo em função desses mecanismos de atuação na planta.
Silva et al. (2017), avaliando o efeito da citocinina 6-benzilaminopurina (BAP) sobre o estabelecimento in vitro de segmentos nodais de Rosa sp., constataram que a variação da aplicação desse tipo de citocinina influenciou positivamente o número de explantes in vitro da espécie estudada, e proporcionou uma maior sobrevivência e brotações nós segmentos nodais da Rosa sp.
Cruvinel, Vasconcelos e Martelleto (2019), estudando o efeitos da citocinina benzilaminopurina na estaquia de plantas de pitaya (Hylocereus undatus) observaram que dentro dos limites das concentrações adotadas (0,50, 100 e 150 mg.L-1), a aplicação desse hormônio promoveu o aumento de brotações emitidas pela estacas da planta.
Façanha et al. (2018), fazendo uso de BAP e metatopolina na indução e proliferação de brotações in vitro da bananeira cultivar Pacovan, verificaram que a inclusão de citocinina na fase de indução de brotação na bananeira cultivada in vitro foi maior aos 150 dias. Além disso, o aumento gradual da dosagem do hormônio possibilidade elevação entre 40% e 60% na taxa de multiplicação in vitro da cultivar Pacovan.
- Etileno
O etileno é o composto orgânico mais simples, é um gás que age como regulador de crescimento e participa de regulação dos processos fisiológicos das plantas. É um gás (C2H4) sintetizado a partir de metionina na maioria dos tecidos em resposta ao estresse, especialmente em tecidos senescentes ou em amadurecimento, que se movimenta por difusão a partir do sítio de síntese. O etileno é o único hidrocarboneto, com efeito pronunciado nas plantas (RAVEN et al., 2001; TAIZ; ZEIGER, 2004).
A síntese do etileno começa com o aminoácido metionina, que reage com adenosina trifosfato (ATP) para formar um composto conhecido como S-adenosilmetionina (SAM), após isso, o SAM é quebrado em dois compostos diferentes, um dos quais é chamado de ACC (ácido 1- aminociclopropano-1-carboxílico), assim as enzimas do tonoplasto então convertem o ACC em etileno (RAVEN et al., 2001). O gás etileno, possui a vantagem como regulador do crescimento, isto reside no fato de que não exige atividade metabólica para seu transporte e, em certos casos, para sua inativação (RAMOS, 2011). Uma das principais aplicações desse hormônio é na maturação de frutos.
Ribeiro, Lima e Mizobutsi (2019), estudando o desverdecimento do cajá manga com o uso de etileno, concluíram que o uso de Ethrel® foi efetivo no processo de maturação. Os autores ainda ressaltaram, que as dosagens de 1,50 e 2,25 ppm do produto proporcionaram um acelerador da maturação sem causar danos físico-químicos aos frutos. Benassi (2020), estudando o comportamento do cafeeiro após aplicação de doses de maturador na primeira safra, constatou que a depender da dosagem aplicada do produto Ethrel®, este influencia positivamente no desenvolvimento vegetativo da planta e no seu potencial produtivo.
Silva et al. (2019), avaliando os efeitos da aplicação de etileno exógeno em tomates em cachos provenientes do sistema de produção sustentável, inferiram que o uso desse hormônio, teve efeito na diferenciação da coloração do tomate, onde os frutos expostos ao produto por 24 horas apresentaram maior uniformidade na coloração, cerca de 85% dos frutos ficaram maduros.
- Ácido Abscísico
O ácido abscísico (ABA) é sintetizado principalmente nas folhas e sementes, tem a capacidade de regular vários processos no ciclo de vida das plantas. Proveniente de plantas superiores, é um sesquiterpeno derivado a partir do 9´-cis-xanthoxina (C40) que origina na rota metabólica a xanthoxina (C15). O ABA está envolvido nas respostas a estresses ambientais, como déficit hídrico, temperatura reduzida e alta salinidade. Ele desempenha função importante no desenvolvimento e germinação das sementes (KERBAUY, 2001; RAVEN et al., 2001; RAMOS, 2011; SRIVASTAVA, 2002; LACERDA, 2002).
O ABA promove o fechamento estomático, induz o transporte de fotoassimilados das folhas para sementes em desenvolvimento, induz a síntese de proteínas e a embriogênese pode interferir a indução de dormência nas sementes e gemas de certas espécies. Sendo facilmente transportado pelo floema, xilema e células parenquimáticas, havendo intercâmbio entre folhas adultas, folhas jovens e raízes. Exerce múltiplos efeitos nas plantas, geralmente relacionados à atividade dos hormônios supracitados (RAVEN et al., 2001; TAIZ; ZEIGER, 2004; RAMOS, 2011).
A participação do ABA na senescência, não está bem elucidada quanto à promoção desse processo pelo etileno. O ABA inibiu o crescimento de sementes de soja, o que indica que o fito-hormônio atuou inibindo a atividade de dreno das sementes, no estádio de desenvolvimento utilizado, consequentemente, o fluxo de nutrientes das vagens diminuiu e o crescimento foi inibido (KERBAUY, 2001). A utilização de ABA na agricultura, ainda tem um direcionamento voltado para manejo de estresse hídrico nas plantas.
Susin (2020), estudando a aplicação de ácido abscísico e Ethefom® na qualidade de uvas Merlot para vinificação, constatou que a aplicação de ABA aos 15 dias antes da colheita na concentração de 600 mg.L-1 apresentou efeitos positivos no incremento de teores de compostos fenólicos e antocianinas nos vinhos feitos com a espécies em estudo. Melo et al. (2019), aplicando ácido abscísico via foliar na cultura da seringueira, observaram que esse procedimento desencadeia, por meio do hormônio, mecanismos que proporcionam uma tolerância a deficiência hídrica por parte das plantas de seringueira.
Froölech (2022), estudando correlação do ácido abscísico na caracterização da uva ‘Niágara Rosada’ em clima temperado, observou que a cultivar em estudo apresenta boas características de desenvolvimento e produção satisfatórias na região de Pelotas-RS, onde o emprego do S-ABA pode potencializar essas características devido a relação com os fatores físico-químicos dos frutos.
Bittencourt (2020), analisando as respostas fisiológicas de pimenteira ornamental (Capsicum chinense) envasada ao déficit hídrico e ácido abscísico, constatou que a aplicação de ABA causou redução da condutância estomática nas plantas permanentemente irrigadas favorecendo o decréscimo da fotossíntese uma vez que esse hormônio atua no controle da evapotranspiração. Além disso, aplicação desse fito-hormônio promoveu maiores níveis de carotenoides, clorofila a, clorofila b, clorofila total em plantas sobe déficit hídrico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O emprego de reguladores de crescimento, apresenta grande importância e influencia na produção vegetal. A partir do seu entendimento e uso, é possível modificar, antecipar e melhorar diversos processos fisiológicos naturais das plantas, culminando em uma maior produtividade e aproveitamento dos recursos.
O uso de auxinas atua no mecanismo de controle do crescimento de caule, folhas e raízes, estimulando a atividade cambial em plantas lenhosas, no desenvolvimento de flores, e na dominância apical, influenciando a permeabilidade das membranas, dessa forma as auxinas desempenha papel fundamental por agir na diferenciação de tecidos vasculares.
As giberelinas coordenam a expressão sexual, induzem a floração, afetam o tamanho e a forma dos frutos, estimulam a partenocarpia, e o alongamento do caule e promovem a germinação e a superação de dormência de sementes e gemas, além de influenciar a transcrição genética.
As citocininas estão comprometidas com o processo de tradução genética, além de estimular a divisão e o alongamento celular, controlar a morfogênese e a formação de órgãos em cultura de tecidos, atuando no retardamento da senescência foliar, mantendo a permeabilidade da membrana dos estômatos e promovendo a superação da dominância apical.
O etileno, mesmo sendo um gás, passou a ser considerado um hormônio vegetal por ser um produto de ocorrência natural nas plantas, promovendo alterações no seu crescimento e desenvolvimento. Os efeitos mais marcantes do etileno ocorrem no amadurecimento de frutos, na abscisão de folhas e frutos, na floração e na senescência.
Os inibidores (ácido abscísico) são substâncias que retardam os processos de crescimento e desenvolvimento das plantas. Podem agir como antagonistas de promotores como auxinas, giberelinas e citocininas ao inibir o alongamento de raízes e caules, a germinação de sementes e o brotamento de gemas.
Esses produtos podem ser utilizados na agricultura de forma a auxiliar no processo de crescimento e desenvolvimento das culturas. Os fito-hormônios podem ser inseridos no processo de produção de mudas, uniformização de frutos e reduzir perdas na pós-colheita.
REFERÊNCIAS
- Ramos, PC. Crescimento vegetativo de plantas de pinhão manso (Jatropha curcas L.) sob diferentes tipos de reguladores de crescimento em Gurupi-TO. [Dissertação]. Gurupi: Universidade Federal Do Tocantins. 2011.
- Lacerda, CF. (2002) Hormônios e Reguladores de Crescimento. In: Fisiologia Vegetal. UFC, Fortaleza, 356p.
- Larcher, W. Ecofisiologia Vegetal.São Carlos, RiMa. São Paulo. p. 529, 2000.
- Santos, CMG. Ação de bioestimulante na germinação de sementes, vigor de plântulas e crescimento do algodoeiro. [Dissertação]. Cruz das Almas: Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. 2013.
- Castro, PRC. Aplicações de reguladores vegetais na agricultura tropical. Guaíba: Agropecuária, 132 p. 2001.
- Kerbauy, GB. Fisiologia vegetal. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 452 p. Federal do Rio Grande do Sul: Evangraf, 2005.
- Taiz, L. Fisiologia Vegetal. Art Med Editora S.A., Porto Alegre, RS, 719p., 2004.
- Ferri, MG. Fisiologia Vegetal II. Ed. EDUSP, 350p. 2002.
- Raven, PH. Evert, RF. Eichhor, SE. Biologia vegetal. 6 ed. Guanabara Koogan; 2001.
- Rocha, LV et al. Indução de enraizamento de ora-pro-nobis (Pereskia Aculeata Mill) sob diferentes concentrações de ácido indolbutirico. Nature and Conservation. 2021: 14(1), 101-106.
- Martins, WS. Efeitos antagônicos de auxinas e sacarose exógenos sobre o amadurecimento do melão amarelo cv. eldorado não climatérico. [Dissertação]. Ponta Grossa: Universidade Estadual de Ponta Grossa, 2021.
- Júnior, E. Produção de mudas de maracujazeiro amarelo com o uso de bioestimulante. [Trabalho de Conclusão de Curso]. Varginha: Centro Universitário Sul de Minas. 2020.
- Kerbauy, GB. Fisiologia vegetal. Rio de Janeiro. Evangraf; 2005.
- Cerezer, B. Dal Cin, G. Ação de giberelina e auxina no desenvolvimento da planta e na qualidade de tomates’ Gaúcho’. [Trabalho de Conclusão de Curso]. São Miguel do Oeste: Instituto Federal de Santa Catarina. 2020.
- Rau, TG et al. Benzilaminopurina e giberelina no processo germinativo do araçazeiro amarelo. Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento. 2020: 10 (5).
- Freitas, IA. Crescimento de spondias tuberosa tratadas com doses de giberelina. Anais do V Congresso de Pesquisa e Extensão da UEG. 2019.
- Boromelo, AP et al. Efeitos da giberelina sobre o número de flores e frutos na cultura do morango em sistema semi-hidropônico Effects of gibberellin on flower and fruit number in strawberry crop under semi-hydroponic system. Brazilian Journal of Development. 2022: 8(4), 31133-31141.
- Simão, RM et al. Interferência do hormônio giberelina no desenvolvimento inicial da cultura da cana-de-açúcar. Humanidades e Tecnologia (FINOM). 2019: 18(1), 17-23.
- Souza Pires, E et al. Análise de crescimento de plantas de umbuzeiro sob diferentes concentrações de giberelina. Agrarian. 2020: 13(48), 141-150.
- Rodrigues, F. et al. Indução de tolerância à murcha bacteriana em híbridos de tomates por aplicação de giberelina. Revista de Ciências Agroveterinárias. 2018: 17(1), 54-60.
- Barciszewski, J. Massino F.; Clar, B. F. C. Kinetin-A multiactive molecule. International Journal of Biological Macromolecules. 11p, 2006.
- Martinelli, L. et al. Somatic embryogenesis from leaves and petioles of grapevine. Acta Horticulturae, Wageningen, v. 289, 1985
- Silva, JP. et al. Efeito da citocinina 6-benzilaminopurina (bap) sobre o estabelecimento in vitro de segmentos nodais de Rosa sp. Revista Agroecossistemas. 2018: 9(2), 370-380.
- Cruvinel, FF. Silva Vasconcellos, MA. Martelleto, LAP. Efeitos da citocinina benzilaminopurina na estaquia da pitaia. Nativa. 2019: 7(1), 43-49.
- Façanha, DC, Motta, DN., Pereira, MCN., & Quisen, RC. Uso de BAP e metatopolina na indução e proliferação de brotações in vitro da bananeira cultivar Pacovan. In Embrapa Amazônia Ocidental-Artigo em anais de congresso (ALICE). In: Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental, 14, 2017.
- Ribeiro, MCF. Lima, GMDS. Mizobutsi, GP. Desverdecimento do cajá-manga com o uso do etileno. Anais da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica. 2019: 16(2), 65-84.
- Benassi, BJPM. Almeida, GRR. Comportamento do cafeeiro após aplicação de doses de maturador na primeira safra. [Trabalho de Conclusão de Curso]. Varginha: Centro Universitário do Sul de Minas. 2020.
- Silva, MP. Soares, A G., Barboza, H. Coneglian, R. Efeitos da aplicação do etileno exógeno em tomates em cachos proveniente do sistema de produção sustentável. Anais… Seropédica: UFRRJ, 2019.
- Susin, E. Aplicação de ácido abscísico e etefom na qualidade de uvas Merlot para vinificação. [Dissertação]. Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul. 2021
- Melo, HCD, Rodrigues, FJ. Queirós, SF. Portes, TDA. A aplicação exógena foliar de ácido abscísico desencadeia mecanismos de tolerância à deficiência hídrica em seringueira. Ciência Florestal. 2019: 29, 40-49.
- Frölech, DB (2022). Ácido abscísico e caracterização da uva ‘Niáa Rosada’em clima temperado. [Tese de Doutorado]. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas. 2022.
- Bittencourt, MCDS. Respostas fisiológicas de pimenteira ornamental (Capsicum chinense) envasada ao déficit hídrico e ácido abscísico. [Dissertação]. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa. 2020.
Tag:CBPAV