FITASE NA NUTRIÇÃO DE AVES DE CORTE E POSTURA: REVISÃO DE LITERATURA
Capítulo de livro publicado no livro do II Congresso Brasileiro de Produção Animal e Vegetal: “Produção Animal e Vegetal: Inovações e Atualidades – Vol. 2“. Para acessá-lo clique aqui.
DOI: https://doi.org/10.53934/9786585062039-38
Este trabalho foi escrito por:
Alison Batista Vieira Silva Gouveia*1; Lorrayne Moraes de Paulo1; Allan Gabriel Ferreira Dias1; João Marcos Monteiro Batista1; Júlio César Lopes Brasileiro1; Cibele Silva Minafra2; José Henrique Stringhini1
*Autor correspondente (Corresponding author) – Email: [email protected]
1Departamento de Zootecnia, Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás.
2Departamento de Zootecnia, Instituto Federal Goiano Campus Rio Verde, Rio Verde, Goiás.
Resumo: O fósforo (P) é armazenado principalmente na forma de fitatos nas sementes das plantas, estando pouco disponível para animais monogástrico, como as aves. Como o fitato é uma molécula polianiônica, possui a capacidade de quelar cátions com carga positiva, especialmente cálcio, ferro e zinco comprometendo também a utilização de outros nutrientes da dieta, incluindo proteínas, amido e lipídios. Devido a eficiência reduzida de utilização de nutrientes pelas aves há necessidade de utilização níveis mais altos de suplementação e aumento da descarga dos nutrientes não digeridos no meio ambiente. A enzima fitase tem como objetivo catalisar a hidrólise gradual do fitato. Como a fitase da mucosa endógena nos animais monogástricos parece incapaz de hidrolisar quantidades suficientes de P e outros nutrientes ligados ao fitato, a suplementação de fitase exógena nas dietas é um método utilizado para aumentar a absorção de minerais e nutrientes. A atividade da fitase varia muito, resultando em diferentes hidrólises de fitato gastrointestinal das aves. Outro ponto de interesse para a avicultura moderna e a utilização da superdose de fitase, na alimentação de frangos de corte como de poedeiras e seus diferentes resultados diante as diferentes espécies. O foco principal desta revisão de literatura e evidenciar o papel do fitato na nutrição de aves, e como a utilização de fitase pode melhorar a utilização de P, e como a utilização da superdosagem de fitase pode apresentar diferentes resultados na mesma espécie, mostrando-se uma alternativa viável a ser utilizada na nutrição de aves.
Palavras–chave: ácido fítico; fósforo; minerais; superdose
Abstract: Phosphorus (P) is stored mainly in the form of phytates in plant seeds, being little available for monogastric animals, such as birds. As phytate is a polyanionic molecule, it can chelate positively charged cations, especially calcium, iron and zinc, also compromising the utilization of other nutrients in the diet, including proteins, starch and lipids. Due to the reduced efficiency of nutrient utilization by birds, higher levels of supplementation and increased discharge of undigested nutrients into the environment are required. The enzyme phytase aims to catalyze the gradual hydrolysis of phytate. As endogenous mucosal phytase in monogastric animals appears unable to hydrolyze enough P and other phytate-bound nutrients, exogenous phytase supplementation in diets is a method used to increase mineral and nutrient absorption. Phytase activity varies widely, resulting in different hydrolysis of bird gastrointestinal phytate. Another point of interest for modern poultry farming is the use of phytase overdose in the feeding of broilers and layers and its different results for different species. The focus of this literature review is to highlight the role of phytate in poultry nutrition, and how the use of phytase can improve P utilization, and how the use of phytase overdose can present different results in the same species, showing a viable alternative to be used in poultry nutrition.
Key Word: phytic acid; phosphorus; minerals; superdosing.
INTRODUÇÃO
As rações utilizadas na alimentação de aves de corte e postura são constituídas basicamente por milho e farelo de soja, representando aproximadamente cerca de 60 e 40% dos componentes das dietas, contribuindo com a maior parte do custo da produção (1,2,3). Sendo estes ingredientes as principais fontes de energia, proteínas e minerais, especialmente minerais de fósforo, porém a disponibilidade de fósforo presentes em cereais e leguminosas utilizadas na alimentação de aves, é limitada pela presença do ácido fítico que liga os elementos P e a outros elementos, tornando-os indisponíveis a absorção e utilização destes nutrientes no funcionamento normal do metabolismo animal(4).
Os minerais como o fosforo e o cálcio e como os demais nutrientes presentes na ração quando ligados ao ácido fítico não pode ser digerido e absorvido pelas aves. Pois estes animais não conseguem sintetizar a enzima fitase no trato gastrointestinal, e devido a indisponibilidade desta enzima no trato das aves os nutrientes que estão complexados ao fitato serão excretados no ambiente, acarretando perdas econômicas expressivas ao produtor como também aumento da poluição da cama no interior dos galpões(5).
Devido a estes fatores, os nutricionistas vêm utilizando enzimas exógenas para melhorar a digestibilidade dos nutrientes(6). Dentre as enzimas exógenas produzidas industrialmente, destaca-se a fitase em virtude da magnitude de sua utilização nas rações de aves de corte e postura e da consistência relativamente alta de sua bioeficácia, além da legislação de alguns países associada à poluição ambiental(7), gerada pelo excesso de minerais no solo.
As fitases são enzimas comumente usadas na alimentação de frangos de corte e poedeira, com o objetivo principal a liberação do fósforo inorgânico, ligado à molécula de ácido fítico, consequentemente, promovendo a redução de fontes de fósforo inorgânico nas dietas, influenciando no custo desta dieta(8,9,10).
As vantagens de se utilizar a fitase na alimentação de animais monogástricos não está somente na liberação de fosforo. A fitase exógena reduz o efeito antinutricional do fitato melhorando a digestibilidade do cálcio, magnésio, manganês, cobre, assim como dos aminoácidos e energia(11).
Segundo Walk et al.(12) atualmente outras formas de aplicações da enzima fitase foram desenvolvidas, como o uso de altas taxas de inclusão desta enzima para reduzir os efeitos antinutricionais do fitato, em vez de focar simplesmente na liberação de fósforo. Esta forma de utilização da fitase e chamada de superdosagem.
A superdosagem de fitase pode auxiliar na melhoria dos coeficientes de digestibilidade da matéria mineral e da proteína, está melhoria na digestibilidade pode estar relacionado à degradação do fitato e ao aumento da disponibilidade de mioinositol (13). Portanto, a utilização da enzima fitase, tanto em níveis recomendados pelas fabricantes quanto a utilização da superdosagem e de grande interesse para a sustentabilidade da cadeia produtiva avícola, pois está enzima pode contribuiu para maximizar a digestão dos componentes naturais das rações e redução das excreções para o ambiente(3).
Objetiva-se com está revisão evidenciar os efeitos negativos do fitato sobre a digestibilidade do fosforo e outros nutrientes, assim como a utilização da enzima fitase na alimentação de aves de corte e postura com o intuito de reduzir estes efeitos negativos, e mostrar os efeitos da superdosagem de fitase sobre o desempenho animal.
FITATO
O ácido fítico ou fitato é sintetizado a partir de mioinositol através de uma série de etapas de fosforilação; assim, consiste em um anel de inositol com seis ligações éster de fosfato. O fitato (hexafosfato de mioinositol, IP6) ocorre naturalmente nas plantas e serve como forma de armazenamento de fósforo (P). O principal local de armazenamento do fitato nas plantas são as sementes, que são amplamente utilizadas em dietas para aves(14).
Os fitatos representam classe complexa de componentes naturais presentes principalmente em cereais e leguminosas e que afetam as suas propriedades funcionais e nutricionais. A maior parte dos grãos de leguminosas contém de 0,5 a 5,0% de fitato, ou ácido fítico, pois podem armazenar o fósforo na forma de fitato. Os fitatos são sais do ácido fítico (mioinositol do ácido hexafosfórico – C6H18O24P6)(15).
O fitato pode atuar como um fator antinutricional, capaz de reduzir a biodisponibilidade dos nutrientes(16). A molécula do ácido fítico possui seis carbonos ligados a seis grupos fosfatos que podem conter em pH neutro um ou dois oxigênios negativamente carregados, capaz de interagir eletrostaticamente com cátions di e tri valentes, formando complexos estáveis. Estes oxigênios que são responsáveis por quelatar os cátions como Cu2+, Zn2+, Co2+, Mn2+, Fe3+ e Ca2+(17).
Podendo, se apresentar como um obstáculo nutricional para animais monogástricos, pois é uma fonte de P praticamente indisponível(14), e sem adição adicional de fontes inorgânicas de P, a maioria das dietas para aves não conteria níveis adequados de P digerível para atender aos requisitos nutricionais de cada fase de criação e produção. Além disso, a excreção de fitato não absorvido no meio ambiente causa poluição ambiental, especificamente a eutrofização de rios, lagos e bacias hidrográficas(16).
Presente na alimentação das aves o fitato pode influenciar de diferentes modos, de acordo com Catalan et al.(18) na alimentação de frangos de corte o fitato pode afetar tanto no consumo de ração das aves como também na biometria dos órgãos como o peso relativo de moela, fígado, coração e ceco. Gouveia et al.(19) relatam que os efeitos do fitato pode influenciar na biometria do fêmur de frangos de corte, diminuindo o peso deste osso e seu índice de seedor o que reflete diretamente na resistência óssea, influenciando no desempenho das aves.
FITASE
Animais de monogástricos, como as aves, suínos, peixes e bezerros pré-iluminantes, não possuem fitases em seu trato gastrointestinal e não podem digerir fitato-fósforo(20). Portanto, tem-se a necessidade de realizar o uso de fitase exógena na dietas, está prática tem sido eficiente em hidrolisar o fitato e disponibilizar fósforo, cálcio e outros minerais, além de melhorar a eficiência de utilização de proteínas, aminoácidos e energia das dietas, influenciando diretamente sobre o desempenho das aves(21).
As fitases (mioinositol (1,2,3,4,5,6) hexaquisfosfato fosfohidrolase) são fosfatases que possuem a capacidade de liberar, pelo menos um grupo fosfato por meio da hidrólise do fitato, diminuindo a concentração de inositol fosfato e potenciais minerais quelatados(22). Liberando fósforo e cálcio, bem como, minerais e aminoácidos que não seriam disponibilizados para absorção, com isso melhorar a disponibilidade destes nutrientes e promove maior aproveitamento da energia, melhorar a atividade das enzimas endógenas(23).
Existem duas classes primárias de fitases de acordo com a posição do grupo fosfato no anel do mioinositol, a primeira é a 3-fitase que hidrolisa o grupo fosfato da posição 3. A segunda é a 6 fitase, que atua primeiro na posição do carbono 6(24). As fitases podem ser obtidas através de processos biotecnológicos, tendo como fontes as fitases de origem animal e vegetal. No entanto, as fitases de origem microbiana representam a forma mais promissora de produção destas enzimas, as quais têm sido utilizadas de forma rotineira nas rações de animais monogástricos(25).
Contudo, apesar da capacidade de produzir está enzima tendo como fonte as bactérias e leveduras, são os fungos os mais utilizados para a produção de fitase, está preferência a estes microrganismos e devido às suas fitases apresentarem maior estabilidade térmica, maior estabilidade em faixas mais amplas de pH, elevada especificidade catalítica e maior resistência à proteólise, quando comparadas com as fitases de plantas(20).
Diversos fatores podem influenciar a eficiência da fitase, incluindo fatores relacionados à dieta, fatores relacionados a animais, como os seguintes: A composição da dieta, devido à variação na composição, nível e localização do fitato, bem como à contribuição da fitase intrínseca em algumas oleaginosas e cereais, a taxa de hidrólise do fitato pela fitase microbiana pode diferir em grande parte desses ingredientes vegetais(26).
Outro fator que pode influenciar e o conteúdo mineral da dieta, devido a capacidade da fitase de melhorar a disponibilidade de nutrientes alimentares nas aves depende do conteúdo mineral das dietas, especificamente Ca e P, que podem influenciar a eficácia da fitase em hidrolisar o fitato no trato digestivo(27). Condições endógenas como faixa de pH do trato gastrointestinal e outras enzimas, podem influenciar na eficiência da fitases comerciais, pois difere em uma faixa de pH de 2,5 a 4,5 (in vivo). As fitase produzidas por E. coli são mais ativas na faixa de pH 2,5-4,5 do que as fitases de fungos. Além disso, a curva de atividade da fitase em diferentes valores de pH também pode diferir para várias fitases de E. coli, devido à expressão bacteriana e à tecnologia de produção(28).
As fitases produzidas por Aspergillus niger e Saccharomyces cerevisiae exibem maiores atividades absolutas in vitro em valores de pH em cerca de 5,0a uma temperatura 41°C, que correspondem às condições fisiológicas ideais para a criação de frangos de corte, o que teoricamente permitiria uma maior taxa de hidrólise do fitato contido nos alimentos para animais(16).
A eficiência da enzima fitase pode ser influenciada pelas diferentes espécies de aves, onde o principal local de atividade da fitase microbiana suplementar está primeiro na cultura e depois na parte superior do trato digestivo(26). O local primário do trato digestivo das aves responsável pela degradação do fitato é a moela sendo está degradação e realizada por fitases bacterianas. A liberação de P realizado pela fitase em frangos de corte é claramente menor do que nas galinhas poedeiras(29).
A utilização de fitase na alimentação tanto de aves de corte ou postura pode afetar o desempenho, a retenção e a disponibilidade de nutrientes, reduzindo a variabilidade de energia dos alimentos, neutralizando os efeitos antinutricionais do fitato e aumentando assim a precisão da formulação da ração(30).
FITASE NA ALIMENTAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE
O desenvolvimento do sistema esquelético de frangos de corte atuais não acompanhou rápido ganho de peso destas aves, como resultado dessa incompatibilidade, os ossos, articulações e tendões são submetidos a sobrecarga devido ao acelerado ganho de peso, predispondo as aves a sofrer de deformidades e fragilidade óssea.
Portanto, os níveis nutricionais dos nutrientes, especialmente dos minerais cálcio e fosforo nas rações de frangos de corte devem ser um ponto, a ser observado na hora da formulação da dieta destas aves. Segundo Radović et al.(8) e Kriseldi et al.(31) o fósforo (P) é o terceiro componente mais caro da alimentação de aves e o macromineral essencial necessário para mediar as principais vias metabólicas do corpo e desempenha inúmeras funções como desenvolvimento ósseo, mineralização esquelética, regulação de enzimas-chave no metabolismo, vários processos genômicos e fisiológicos.
Devido à importância deste mineral para a criação de frangos de corte a utilização de fitase se tornou-se uma prática comum na produção industrial de frangos de corte. Lalpanmawia et al.(32) a adição de fitase às dietas de frangos de corte aumentou a cinza da tíbia em uma proporção proporcional à liberação de P, inferindo que o nível de cinza da tíbia era um indicador muito sensível do status P no organismo destas aves que possuem rápido crescimento.
Em pesquisa realizada recentemente Ribeiro et al.(33) verificou que a remoção do fosfato nas fases de crescimento e final tem impactos negativos sobre o desempenho e na conformação óssea, sendo assim está prática não parece ser benéfica como forma de reduzir o uso de fósforo inorgânico. Contudo Parra-Martín et al.(34) relatam que é possível diminuir a exigência de fosforo disponível em frangos de corte quando a dieta contenha 10 % a menos da exigência de fosforo disponível atendendo às necessidades de mineralização óssea do animal, quando se faz a utilização fitase ao nível de 500 FTU/kg de ração como estratégia para diminuir a quantidade de fosforo inorgânico adicionado às dietas.
A dieta com níveis reduzidos de aminoácidos e energia e adição de fitase reduziu o pH da moela e do proventrículo. A redução de Ca e P na dieta aumentou os pesos relativos do fígado e do coração, bem como os níveis sanguíneos de albumina. Os ossos de frangos de corte alimentados com dietas suplementadas com fitase apresentaram maior teor de cinzas. Os resultados do presente estudo sugerem que as necessidades nutricionais de frangos de corte precisam ser reavaliadas quando a dieta é suplementada com fitase(30).
FITASE NA ALIMENTAÇÃO DE POEDEIRAS
De acordo com a prática atual, as dietas de poedeiras comerciais são formuladas com base nas recomendações de tabelas de exigências nutricionais de cada linhagem, portanto, reduzir a densidade de nutrientes como o fosforo presentes na ração e utilizar a suplementação com fitase reduz o custo total da dieta, o que deve contribuir para a lucratividade da produção de ovos(35).
Para as galinhas poedeiras, os minerais cálcio (Ca) e fósforo (P) são essenciais e sua disponibilidade é mais crucial durante todo o período de postura(36). O cálcio constitui aproximadamente 1,5% do peso corporal das galinhas e 40% do peso da casca dos ovos(37). É armazenado principalmente na forma de fosfato de cálcio no esqueleto das aves(38) e na forma de carbonato de cálcio em casca de ovo(37;39).
Por outro lado, o fosforo quando em excesso, é prejudicial à qualidade da casca do ovo(40) porque forma de fosfato de cálcio e insolúvel no intestino, o que torna o Ca inutilizável(36). O fósforo é necessário em pequenas quantidades para a formação de casca de ovo(41), possuindo grande importância e influencia o processo de formação de ovos(42), porque os metabolismos de Ca e P estão inter-relacionados(43).
Durante a formação da casca de ovo, o P também é usado na diminuição da acidose sanguínea, eliminando o excesso de íons hidrogênio por meio da excreção e, portanto, contribuindo para a manutenção dos níveis de bicarbonato(44).
Portanto , a utilização de fitase na alimentação de poedeira visa encontrar efeito benéfico da suplementação de fitase na disponibilidade de energia, aminoácidos consumo de ração, produção de ovos, peso de ovos, qualidade de casca de ovo e principalmente na utilização de fósforo e dos outros minerais que compõem as dietas destas aves(45).
Segundo Vargas-Rodriguez et al.(46) e Englmaierová et al.(47) os níveis comuns de fitase utilizados nas dietas para galinhas poedeiras variam de 300 a 350 FTU, o que melhora a digestibilidade do P e reduzem significativamente a excreção de mineral.
A adição de Ca aumenta a digestibilidade e reduz a excreção de cálcio e N(46,48). Esses autores apontaram o papel da fitase na melhoria do tempo de retenção relativo de Ca, e consequência da liberação de Ca dos complexos de fitato. Segundo Kubiś et al.(49) pode-se especular que a idade da poedeira influencia diretamente na absorção tanto de fosforo e cálcio devido à maior capacidade do trato digestivo.
A utilização de fitase ao nível de 300 FTU/kg auxilia na digestibilidade pré-cecal de fósforo e cálcio em poedeiras no pico de produção, quando alimentadas com níveis sub ótimos de fósforo(50). Nusairat et al.(51) verificaram que a utilização deste mesmo nível de fitase na alimentação de galinhas reprodutoras e suficientes para realizar a liberação de cálcio e fosforo e energia metabolizável, o que influenciou no aumento da produção de ovos sem afetar a fertilidade dos mesmos, assim como no peso dos ovos.
Utilizando o nível de 350 FTU/kg de fitase Englmaierová et al.(47) verificaram que a enzima obteve efeito benéfico sobre a qualidade da casca dos ovos guando as galinhas foram alimentadas com uma dieta com 1,8 g/kg de fosfato, assim como houve melhoria na digestibilidade dos minerais e causando alteração na microflora do trato digestivo, estes resultados foram comparáveis à qualidade da casca dos ovos de galinhas que receberam dieta com apenas 2,1 g/kg de fosfato.
Segundo Dersjant-Li et al.(35) a utilizando do nível de 600 FTU/kg de fitase na alimentação de poedeiras utilizando a matriz completa da enzima resultou em melhor custo-benefício.
Usando este mesmo nível de fitase em uma dieta de milho e farelo de soja, contendo 0,12% ou 0,46% fosforo disponível, Kamberi et al.(52) concluíram que a suplementação de fitase foi benéfica para o desempenho de galinhas no primeiro ciclo de postura em termos de conteúdo e excreção de Ca, Mg, Zn e Cu. O efeito foi mais pronunciado quanto ao conteúdo e excreção de Cu, principalmente quando a fitase foi adicionada à dieta com 0,12% fósforo disponível, com redução observada para todos os minerais, auxiliando de maneira benéfica o meio ambiente.
SUPERDOSAGEM DE FITASE
A superdosagem de fitase é um conceito recente em nutrição, baseado no uso de altas doses da enzima com efeito como promotor de crescimento(53). Pois a liberação suplementar de fósforo e a destruição rápida e completa do ácido fítico e a síntese de mioinositol são mecanismos propostos para os resultados positivos encontrados no crescimento e desenvolvimento de frangos de corte(54).
A inclusão de doses elevadas de fitase na alimentação de frangos de corte melhora a produção de carne, reduz a conversão alimentar e melhora o ganho de peso corporal devido à restauração do equilíbrio entre minerais, redução das perdas endógenas causadas pelo fitato e fornecimento de inositol(55).
No entanto, benefícios adicionais foram demonstrados com a fitase em níveis mais altos, resultando no termo “superdosagem”. A superdosagem da fitase e realizada na alimentação de aves em níveis de 1.000 FTU/kg a 1.500 FTU/kg ou em níveis ainda mais elevados, na tentativa de obter efeitos extra fosfóricos, o que atraiu muita atenção(12). Pois é possível que uma grande parte do benefício da superdosagem da fitase seja obtida através da produção de mioinositol (MYO), que é posteriormente absorvido e utilizado em várias funções biológicas do animal(56).
Segundo Babatunde et al.(57) o maior impacto da superdosagem de fitase na alimentação de frangos de corte pode observada entre o segundo e o decimo quarto dia de vida, pois nesta idade a uma maior eficácia na utilização de minerais. Assim, a alimentação destas aves nesta idade pode ser um valioso modo de testar a eficácia da fitase, pois a curta duração da alimentação evita os efeitos confusos da homeostase e do metabolismo do frango de corte, especialmente durante a rápida fase de crescimento e desenvolvimento destas aves.
Em estudo realizado por Teixeira et al.(58) foi concluído que o uso de dietas suplementadas com 1.500 FTU/kg de fitase permite reduzir o nível de fósforo disponível até 0,30% sem prejudicar o desempenho de frangos de corte de 22 a 42 dias de idade.
No entanto, níveis ainda mais altos têm sido utilizados na alimentação tanto de frangos de corte como também na alimentação de poedeiras, apresentando resultados diversificados, que podem ser atribuídos tanto a origem da fitase quanto a empresas fabricantes.
A utilização da superdose de fitase não apresenta nenhum efeito negativo sobre o desempenho de crescimento, utilização de nutrientes, mineralização óssea e índices plasmáticos de frangos de corte alimentados com dietas contendo o nível de 2.000 FTU/kg(57). Resultados semelhantes foram observados por Taheri & Taherkhani,(59) e Adeola,(60), que verificaram que aves alimentadas com dieta suplementada com fitase a 2.000 FTU/kg tiveram respostas maiores ou semelhantes às aves alimentadas com dietas controle.
Utilizando níveis ainda mais altos Ribeiro et al.(33), concluíram que a adição do nível de 4.000 FTU/kg na alimentação de frangos de corte aos 21 dias superou os efeitos causados as aves pela remoção total de fosfato monocálcico. Fornecendo melhorias nos índices de ganho de peso, conversão alimentar e qualidade óssea semelhantes aos de animais alimentados com níveis minerais ideais(33). Carvalho Filho et al.(61) concluíram que a suplementação de fitase ao nível de até 4.000 FTU/kg, em dietas com 80% dos níveis recomendados de fósforo disponível para frangos de corte de um a 41 dias aumenta o rendimento de peito.
Nível ainda mais alto foi utilizado por Meneghetti et al.(7), este autores concluíram que concluíram que a suplementação de fitase na alimentação de frangos de corte ao nível de 4.500 FTU/kg de ração, pode ser utilizada entre 1 e 35 dias de idade, sem causar prejuízos sobre o desempenho, a digestibilidade dos nutrientes e o aproveitamento da energia, para frangos de corte, sendo possível aumentar a retenção do cálcio e fósforo devido aos altos níveis de fitase utilizados na ração.
Assim como na alimentação de frangos de corte a superdosagem de fitase tem sido utilizada na alimentação de poedeiras, contudo, os resultados encontrados em diversos estudos nesta espécie e mais variável do que em aves de corte. Esta variação dos resultados pode ser explica devido aos teores de cálcio em geral quatro vezes maior do que os teores utilizados na alimentação de frangos de corte.
Skřivan et al.(62) concluíram que em dietas com concentrações de 35 g/kg de calcio, uma superdose alimentar de fitase de 1500 FTU/kg é um fator que pode reduzir o desempenho de galinhas poedeiras.
Utilizando o nível de superdosagem de 20.000 FTU/kg de fitase nas dietas de poedeiras Kim et al.(63) observou a presença de efeito positivo na taxa de produção de ovos, porém, não houve efeito benéfico na qualidade dos ovos em galinhas poedeiras.
De acordo com Taylor et al.(48) a fitase melhora a produção de ovos a digestibilidade do P em níveis de superdosagem, aumentou a degradação do fitato em galinhas poedeiras alimentadas com dietas à base de trigo/cevada. O uso de enzimas exógenas como a fitase nas dietas para aves de corte e postura auxilia na utilização de alimentos alternativos que auxiliam na redução dos custos de produção.
CONCLUSÕES
A adição de fitase na alimentação de aves de corte e postura permite a disponibilização de uma grande quantidade de nutrientes presentes nas rações e que estão complexados juntamente ao fitato, o que permite a redução da adição desses nutrientes nas dietas, reduzindo assim os custos de produção e a poluição ambiental, devido a menor excreção de nutrientes na cama. A superdosagem de fitase apresenta resultados diversos quando utilizados na alimentação de frangos de corte ou de poedeiras, devido as diferenças de seu metabolismo.
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