ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE E O ENFRENTAMENTO DA OBESIDADE: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Everlândia Silva Moura Miranda1; Joene Vitória Rocha Santos2; Ana Thaís Campos de Oliveira3; Marlene Nunes Damaceno4; Denise Josino Soares5.
1Estudante do Curso de Mestrado em Tecnologia de Alimentos, IFCE- Campus Limoeiro do norte; E-mail: [email protected]. 2Estudante do Curso de Mestrado em Tecnologia de Alimentos. IFCE- Campus Limoeiro do norte; E-mail: [email protected]. 3Estudante do Curso de Mestrado em Tecnologia de Alimentos. IFCE- Campus Limoeiro do norte; E-mail: [email protected]. 4Docente, IFCE- Campus Limoeiro do norte; E-mail: [email protected]. 5Docente, UNILAB- Polo Limoeiro do Norte; E-mail: [email protected].
Resumo: A obesidade é uma doença crônica não transmissível, multifatorial, sendo considerada um problema de saúde pública que está associada a diversos agravos a saúde. Para a busca dos artigos utilizou-se os termos Atenção “Primária em saúde” AND/ OR “Obesidade”, indexado nas bases de dados, CAPES, LILACS, MEDLINE e Google Acadêmico, entre os anos de 2008 e 2018. Critérios de Inclusão: Integralmente disponível no idioma português. Critérios de exclusão: Relatos de experiência, reflexões e editoriais de jornais sem caráter científico. Obteve-se um total de 537 artigos, destes, 14 correspondiam aos critérios deste estudo. Verificou-se deficiências nas ações desenvolvidas pela Atenção primária, dentre essas ações desenvolvidas destacam-se: diretrizes nacionais para a alimentação saudável, repasse de recursos federais para o financiamento de determinadas ações para promoção da alimentação saudável e de atividade física e a resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Programa Bolsa Família, capacitação dos profissionais da Atenção Primária à Saúde, ações locais como, aconselhamento individualizado e em grupo, dentre outros. Considera-se essencial o desenvolvimento de ações continuadas, aliado a capacitações da equipe multiprofissional no âmbito da atenção primária. Assim, este estudo teve como finalidade revisar sistematicamente as ações da Atenção Primária em Saúde no enfrentamento da obesidade.
Palavras–chave: Estratégias de saúde; Obesidade; Sistema Único de Saúde.
INTRODUÇÃO
A obesidade é uma Doença Crônica Não Transmissível (DCNT) caracterizada pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo. Trata-se de uma patologia multifatorial que está associada a diversos agravos a saúde, podendo afetar o indivíduo tanto em aspectos físicos, como psicossociais. Diversos fatores ambientais, biológicos, dietéticos, socioculturais, pré-disposição genética, dentre outros, pode favorecer ao desenvolvimento da obesidade, entretanto, os fatores que recebem maior ênfase são os relacionados ao estilo de vida, ou seja, os aspectos comportamentais (HENRIQUES et al., 2015).
A obesidade como problema de saúde pública é relativamente recente, sendo vista atualmente como principal desordem nutricional e estando entre os dez principais problemas de saúde pública do mundo devido a seus elevados índices e passando a ser considerada como epidemia. Além de afetar a qualidade de vida, também está vinculada significativamente ao Sistema único de Saúde, no qual, diversos países têm sua economia abalada pelos gastos elevados no tratamento dessa doença. Estima-se que em 2025 o Brasil será o quinto país no mundo com problemas de obesidade (ALMEIDA et al., 2017; ABESO, 2009/2010; WHO, 2003).
Considerando que a obesidade é uma comorbidade com índices crescentes estando associada com outras patologias e por manifestar-se em diversas fases da vida e principalmente indivíduos de baixa renda. Torna-se essencial o desenvolvimento de ações que visam o controle dessa patologia, seu aumento resultaria em agravos a saúde e consequente carência maior de leitos em hospitais, maiores gastos públicos com medicamentos, tratamentos da obesidade e patologias associadas. Assim, a Atenção Primária de Saúde (APS) tem papel fundamental para controle e prevenção desses agravos decorrentes da obesidade. O presente estudo tem como objetivo analisar ações promovidas pela atenção primária a saúde no tratamento da obesidade pela gestão da atenção primária em saúde.
Foi realizada uma revisão integrativa com a finalidade de agrupar e resumir os resultados desse estudo de forma sistemática, ordenada e aprofundar o conhecimento, além disso propiciar a síntese de diversos estudos que abrange essa temática.
A coleta de dados ocorreu de agosto a outubro de 2018. Foram utilizados os descritores em ciência de Saúde (DeCS): Atenção primária a saúde”; “Estratégias e políticas públicas” AND/OR “obesidade”. Foi realizada seleção de artigos publicados em periódicos indexados nas bases de dados, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), e Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e Google Acadêmico. Foram inclusos: Artigos publicados entre 2008 a 2018, no idioma português disponível integralmente e relacionados com a temática. Foram exclusos artigos de relatos de experiência, reflexões e editoriais de jornais sem caráter científico.
Obteve-se um total de 537 artigos para análise de resumo e após análise foram excluídos os que não condiziam com a finalidade do presente estudo, previamente selecionados pelo título, seguido do resumo e por fim, lidos na íntegra. Foram selecionados ao final, 14 artigos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O enfretamento da obesidade pela APS ainda é bastante limitado tendo em vista que a mesma só é tratada quando em associação com outras doenças crônicas como doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, câncer e em fases de vida específica, como gestação e puerpério (PIMENTEL; CARDOSO, 2010).
Diversas políticas públicas gerais que podem estar relacionadas com a atenção primária são abordadas na literatura dentre estas, diretrizes nacionais para a alimentação saudável, o repasse de recursos federais para o financiamento de determinadas ações para promoção da alimentação saudável e de atividade física e a resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que regulamenta a publicidade de alimentos com baixo valor nutricional (PIMENTA; ROCHA; MARCONDES, 2015; REIS; VASCONCELOS; BARROS, 2011) (Tabela 1).
Tabela 1- Ações da Atenção Primária no enfrentamento da obesidade
Ações públicas | Estudo |
Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) | Reis, Vasconcelos, Barros (2011). |
Programa Bolsa Família (PBF) | Freitas, et al., (2013). |
Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) | Freitas, et al., (2014). |
Implementação de políticas de segurança Alimentar e Nutricional; Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) | Pimenta, Rocha, Marcondes (2015). |
Guia Alimentar para a População Brasileira | Freitas, et al., (2014). |
Polos de Academia de Saúde | Freitas, et al., (2014). |
Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) | Freitas, et al., (2014). |
Plano de ações e estratégias para enfrentamento de doenças crônicas não transmissíveis | Freitas, et al., (2014). |
Caderno de Atenção Básica | Dias, et al., (2017). |
Capacitações de Profissionais da APS | Almeida et al., (2017) Andrade et al., 2012. |
Estímulo a Alimentação saudável, prática de exercícios físicos, apoio emocional individual e familiar, cooperação dos familiares e incentivo das escolas. | Brunetta et al., (2012). |
Aconselhamento individualizado e em grupo | Andrade et al., (2012). |
Participação das mulheres como promotoras da alimentação saudável | Ferreira e Magalhães (2013). |
Fonte: Autor
Os hábitos e comportamentos promotores de saúde são fundamentais para prevenção e tratamento de diversas patologias. Também é válido destacar a percepção dos profissionais de saúde em relação ao paciente obeso. As ações não podem ser restritas e reduzidas, precisa-se de ampliação nas suas medidas, além disso, capacitação e qualificação para os agentes de saúde e um trabalho compartilhado entre médicos e demais profissionais que compõem a atenção primária (ALMEIDA et al., 2017).
CONCLUSÕES
Verifica-se a necessidade crescente de ações contínuas com a finalidade prioritária de prevenir e combater de forma precoce, a obesidade, tornando viável mudanças no comportamento alimentar e hábitos de vida das comunidades atendidas pela APS.
REFERÊNCIAS
ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica). (2009/2010). Diretrizes Brasileiras de Obesidade. (3ª ed.) São Paulo.
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ANDRADE, K. A.; TOLEDO, M. T. T.; LOPES, M. S.; CARMOO, G. E. S.; LOPES, A. C. S. Aconselhamento sobre modos saudáveis de vida na Atenção Primária e práticas alimentares dos usuários. Rev Esc Enferm., v. 46, n. 5, p.1117-1124, 2012.
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