APLICAÇÃO DE MARCADORES DE CONSUMO ALIMENTAR COM CRIANÇAS EM ESCOLA MUNICIPAL DE PIRPIRITUBA – PB
Iasmin Katarina Mouzinho de Lima1; Alef Ribeiro Do Santos2; João Pedro Cesário Félix 3; José Narciso Francisco da Silva Filho4; Gilmaria Firmo Marinho5; Fernando Luiz Nunes de Oliveira6; Geíza Alves Azerêdo7.
1Estudante do Curso Técnico em Nutrição e Dietética do Colégio Agrícola Vidal de Negreiros–CAVN; E-mail: [email protected], 2Estudante do Curso de Bacharelado em Agroindústria-CCHSA–UFPB; E-mail: [email protected] 3Estudante do Curso de Bacharelado em Agroindústria-CCHSA–UFPB; E-mail: [email protected],4Estudante do Curso de Bacharelado em Agroindústria-CCHSA–UFPB; E-mail: [email protected],5Estudante do Curso de Bacharelado em Agroindústria-CCHSA–UFPB; E-mail: [email protected] , 6Docente/pesquisador do Depto de Agricultura – CCHSA -UFPB; E-mail: [email protected]; 7Docente/pesquisadora do Depto de Gestão e Tecnologia Agroindustrial-DGTA – UFPB. E-mail: [email protected].
Resumo: A questão nutricional ocupa hoje um lugar de destaque no contexto mundial, em que deficiências alimentares trazem muitos prejuízos provocando desequilíbrios nutricionais. A identificação do perfil de consumo alimentar, bem como a do estado nutricional, é muito importante, pois é nessa fase da vida que se formam os hábitos alimentares saudáveis, os quais contribuem para uma vida saudável até a fase adulta. Foi aplicado um protocolo de avaliação do consumo alimentar para maiores de 2 (dois) anos ou mais, com o objetivo de identificar padrões de alimentação e comportamento saudáveis ou não saudáveis. A pesquisa analisou os hábitos alimentares através dos marcadores de consumo alimentar de 26 crianças com idade entre 8 e 12 anos incompletos, de ambos os sexos, matriculados em uma Escola Municipal do Estado da Paraíba. Ao final foram entregues brindes -lápis enrolados com fitas coloridas, indicando que quanto mais colorida a alimentação, com destaque para alimentos in natura, mais saudável ela é. Foi visto que o padrão alimentar das crianças necessita de ajustes, particularmente no consumo de doces e guloseimas, macarrão instantâneo, hambúrguer ou embutidos.
Palavras–chave: criança; consumo; nutrição; saúde
INTRODUÇÃO
A infância é um período muito importante para formação de hábitos alimentares saudáveis, os quais, inclusive, iniciam até mesmo na vida intrauterina. No entanto, nas últimas décadas, tem ocorrido modificações no consumo alimentar no Brasil e no mundo, caracterizadas pelo aumento do consumo de alimentos industrializados (MENDONÇA; DOS ANJOS, 2004).
Quando prevalece o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados, ricos em vitaminas, sais minerais e fibras, o papel da alimentação é o de prevenir contra doenças; ao passo que o consumo em excesso de produtos ultraprocessados, como guloseimas doces e salgadas, deixa o indivíduo propenso a adoecer, especialmente de hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e câncer, conhecidas como Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) (BRASIL, 2014).
Tem chamado atenção a predisposição do surgimento dessas doenças em crianças, devido ao aumento da prevalência de excesso de peso e obesidade na população infantil. Alguns fatores podem ser determinantes, como o desmame precoce, substituição do leite materno por oferta excessiva de carboidratos, má distribuição de alimentos na infância, como também o sedentarismo (MIRANDA et al., 2015).
Nesse contexto, considerando que o desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis da criança é formado a partir da educação nutricional que ela recebe nos ambientes familiar, comunitário e escolar (SANTOS; SILVA; PINTO, 2018), teve-se como objetivo investigar o consumo alimentar de crianças em uma escola municipal da cidade de Pirpirituba, seguida de uma ação educativa, por meio de atividades lúdicas, visando desenvolver a sensibilização sobre a importância de uma alimentação saudável.
MATERIAL E MÉTODOS
O estágio supervisionado em Nutrição em Saúde Coletiva foi realizado no Núcleo de Assistência à Saúde da Família – NASF, localizado na cidade de Pirpirituba – PB, que integrava a Secretaria Municipal de Saúde da Família, localizada na Rua José Cruz, S/N, Centro. As atividades desenvolvidas durante o estágio tiveram a supervisão da nutricionista Íris Taciana de Albuquerque Sales, componente do Núcleo de Apoio a Saúde da Família – NASF, as quais foram realizadas no período de abril a maio de 2019, totalizando 61 horas de estágio.
Uma das atividades realizadas durante o período de estágio ocorreu na Escola Municipal José Coutinho, que consistiu em coletar dados do consumo alimentar de crianças de 8 a 12 anos incompletos, seguido de uma ação sobre alimentação saudável, de forma lúdica, a partir da aplicação de jogos educativos.
A necessidade desta ação visou atender a um dos objetivos do PNAE, que é o de promover a saúde, por meio de ações de educação alimentar e nutricional. Ainda, havia relatos da Diretora da Escola de que havia alunos que não consumiam a merenda escolar, por não gostar e/ou não conhecer alguns dos alimentos que eram ofertados.
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Coleta de dados sobre o consumo alimentar
Para que o questionário fosse aplicado às crianças, foi pedido autorização da Escola, a partir da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que continha os objetivos e possíveis riscos aos participantes do estudo. Em seguida, deu-se início à aplicação do questionário. Antes, porém, as crianças foram informadas sobre a proposta do estudo, inclusive sobre a possibilidade de não responderem às questões se não quisessem ou não se sentissem à vontade, sobre a inexistência de questões certas ou erradas e sobre a garantia de anonimato.
O questionário utilizado foi o recomendado por Brasil (2015), que traz as orientações para avaliação de marcadores de consumo alimentar na atenção básica, visando obter dados sobre a alimentação e subsidiar ações de intervenção. Para tanto, constam perguntas sobre marcadores de um consumo saudável (frutas, legumes, verduras, carnes e miúdos, feijão e demais leguminosas, cereais e tubérculos) e não saudável (embutidos, sucos artificiais, refrigerantes, macarrão instantâneo, bolachas, biscoitos, salgadinhos de pacote e guloseimas).
Após análise dos dados, percebeu-se que o padrão alimentar das crianças necessitava de ajustes, particularmente em relação ao consumo de biscoitos recheados, doces e guloseimas, macarrão instantâneo, bebidas adoçadas, hambúrguer ou embutidos, além de um baixo consumo de hortaliças (Figura 1).
Figura 1 – Consumo alimentar de crianças da Escola Municipal José Coutinho, em Pirpirituba – PB.
Fonte: Própria
Ação educativa
Após verificar um baixo consumo de hortaliças pelas crianças e visando reforçar a importância do consumo de frutas, teve-se como foco trabalhar as funções que elas apresentam a partir de alguns jogos do tipo ‘quebra-cabeça’. Nele, o aluno montava a imagem de um alimento e sobre ela havia o nome de alguma função que aquele alimento exercia. Foram aplicados 5 desses jogos, a saber: imagem com hortaliças brancas que formava a palavra ‘cérebro’; imagem de frutas vermelhas com a palavra ‘pele’; imagem de hortaliças verde escuras com a palavra ‘sangue’; imagem de uvas roxas com a palavra ‘coração’; e a imagem de um jerimum, com a palavra ‘visão’.
Foi enfatizado que do mesmo modo que o jogo do quebra-cabeça precisa de todas as peças para formar a imagem, também é assim com nossa saúde. Caso não haja o consumo de todos os nutrientes necessários ao organismo, o indivíduo pode apresentar algum tipo de deficiência e vir a apresentar algum tipo de patologia. Ressaltou-se que os alimentos muito doces e salgados que relataram consumir são pobres em nutrientes e que não contribuem para um crescimento e desenvolvimento saudáveis.
Finalizou-se a ação convidando os alunos para um lanche saudável, com diversos tipos de frutas, além de proporcionar a alguns deles conhecimento de algumas frutas que não faziam parte de seus hábitos alimentares.
CONCLUSÕES
O consumo de alimentos tradicionais na culinária brasileira como feijão e frutas ainda estão presentes na rotina alimentar. No entanto, é cada vez maior o consumo de alimentos ultraprocessados como o consumo de bebidas açucaradas, biscoitos recheados, balas e guloseimas ou macarrões instantâneos, o que resulta em deficiências nutricionais. Esse quadro reforça a importância do planejamento de intervenções para a promoção de hábitos alimentares saudáveis, especialmente na escola, enquanto espaço estratégico de formação e promoção do bem-estar dos estudantes.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed., 1. reimpr. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 156 p.: il.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Orientações para avaliação de marcadores de consumo alimentar na atenção básica [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 33 p.: il.
MENDONÇA, C. P.; DOS ANJOS, L. A. Aspectos das práticas alimentares e da atividade física como determinantes do crescimento do sobrepeso/obesidade no Brasil. Cad. Saúde Pública, p. 698-709, 2004.
MIRANDA, J. M. Q.et al. Prevalência de sobrepeso e obesidade infantil e em instituições de ensino: Públicas vs. privadas. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 21, n. 2, p. 104-107, 2015.
SANTOS, B.; SILVA, C.; PINTO, E. Importância da escola na educação alimentar de crianças do primeiro ciclo do ensino básico – como ser mais eficaz. Acta Portuguesa de Nutrição. n. 14, 2018.