Back
Trabalhos publicados como capítulo de livro pela editora Agron Food Academy

AÇÕES DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL SOBRE ANEMIA FERROPRIVA NA GESTAÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Edlane Batista dos Santos1; Íris Albuquerque2; Catherine Teixeira de Carvalho3; Isabelle de Lima Brito4; Esther Pereira da Silva5

1 Estudante do Curso técnico em Nutrição e Dietética – CAVN – CCHSA – UFPB, E-mail: [email protected]; 2Nutricionista do NASF de Pirpirituba – PB, E-mail: [email protected]; 3Docente/pesquisadora do Depto de Tecnologia Agroindustrial – DGTA– CCHSA – UFPB; E-mail:[email protected]; 4Docente do Departamento de Gestão Agroindustrial – CCHSA –UFPB. E-mail: [email protected], 5Nutricionista Técnica administrativa– UFPB; E-mail: [email protected]

Resumo: A anemia ferropriva é a redução da concentração de hemoglobina plasmática em decorrência da deficiência de ferro no organismo, sendo considerada a mais comum das anemias, sobretudo em grupos específicos como gestantes. Diante disto, este trabalho teve como objetivo, relatar atividades desenvolvidas sobre a ingestão de alimentos ricos em ferro no tratamento e prevenção de anemia em gestantes em uma unidade de saúde da família durante o estágio supervisionado do curso técnico em nutrição e dietética. Foram elaborados folhetos educativos contendo informações sobre alimentos fontes de ferro e alternativas para melhorar seu aproveitamento pelo organismo. Os materiais foram entregues nos dias de acolhimento às gestantes ao mesmo tempo em que foi realizada uma conversa na sala de espera. Foram abordados temas relacionados à importância do ferro no organismo, sobretudo durante o período gestacional e sobre o papel dos alimentos na prevenção e tratamento da anemia. Como achados, foi observado que as gestantes foram bastante participativas e esclareceram diversas dúvidas. Portanto, torna-se importante a realização de ações educativas na atenção primária à saúde em relação à anemia gestacional, uma vez que esta patologia pode levar a diversas complicações materno-fetais.

Palavras-Chaves: atenção primária à saúde; deficiências nutricionais; nutrição em saúde pública

INTRODUÇÃO

A anemia, segundo a Organização Mundial da Saúde, é a condição na qual a concentração de hemoglobina no sangue se encontra abaixo dos valores esperados, sendo insuficientes para atender as necessidades fisiológicas do indivíduo, considerando sua idade, sexo, condição de gestação e/ou altitude (OMS, 2015).

Considerada um problema de saúde pública, a anemia afeta tanto os países em desenvolvimento quanto os desenvolvidos, com consequências devastadoras para a saúde e para o desenvolvimento social e econômico (ELMAGHRABY et al., 2021). 

Sua principal causa é a deficiência de ferro, estando associada a mais de 60% dos casos em todo o mundo. Esta carência pode ter efeito negativo no crescimento e desenvolvimento de populações, especificamente às gestantes que pode repercutir em complicações materno-fetais e em longo prazo de forma deletéria, afetar nas habilidades cognitivas, comportamentais, de linguagem e capacidades motoras das crianças, especialmente nas classes sociais de baixo nível econômico (MARANHÃO et al., 2018).

Estes achados reforçam a importância de cuidados referente à anemia e a deficiência de ferro desde a gravidez, pois estas alterações influenciam tanto na saúde materna e fetal, bem como nos desfechos de nascimento e o risco de doença crônica nas crianças (KANGALGIL et al., 2021). Assim, intervenções educacionais estruturadas podem auxiliar para a melhoria efetiva do conhecimento, bem como atitudes e práticas associadas a prevenção desta doença (ABU-BAKER et al., 2021).

Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi relatar a atividade sobre ingestão de alimentos ricos em ferro no tratamento e prevenção de anemia em gestantes desenvolvida durante o estágio supervisionado do curso técnico em nutrição e dietética, em uma unidade de Estratégia Saúde da Família (ESF) no município de Pirpirituba – Paraíba.

MATERIAL E MÉTODOS

O estágio de Saúde Coletiva foi desenvolvido em novembro de 2019, no Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF) de Pirpirituba – PB como exigência para obtenção do título de Técnico em Nutrição e Dietética do Colégio Agrícola Vidal de Negreiros, vinculado a Universidade Federal da Paraíba.

 As atividades eram desenvolvidas de acordo com a rotina e direcionamentos da supervisora local. Diante da grande ocorrência de anemia nas gestantes que frequentavam as unidades vinculadas ao NASF, a supervisora de estágio solicitou a elaboração de folhetos educativos sobre alimentos fonte de ferro, bem como informações que pudessem auxiliar no autocuidado e contribuir para o maior aproveitamento desse mineral através da alimentação.

De acordo com os horários de estágio, a nutricionista selecionou uma unidade de Estratégia Saúde da Família (ESF) que seria direcionada ao acolhimento e atendimento das gestantes. Assim, houve um planejamento prévio junto à supervisora com a elaboração de um roteiro que continha temas a serem abordados com as gestantes.

A atividade contou com a participação de 17 gestantes, com idade entre 18 e 25 anos e que aguardavam atendimento médico na sala de espera. Assim, foi iniciado uma conversa com a explanação de temas relacionados à “Gestação”, “Anemia” e “Alimentação”, ao mesmo tempo em que foram esclarecidas diversas dúvidas sobre os assuntos abordados. Ao final, era entregue um folder educativo com alimentos fontes de ferro e as formas que este mineral poderia ter seu aproveitamento pelo organismo potencializado. Estes folhetos ainda foram disponibilizados para a supervisora com o objetivo de ampliar esta ação educativa nas demais unidades de ESF do município.

RELATO DE EXPERIÊNCIA

A atividade educativa foi iniciada com a presença da nutricionista e estagiária enfatizando a importância da nutrição, sobretudo durante a gestação. As gestantes foram instigadas a participarem da conversa quando foram questionadas, com uma abordagem participativa e linguagem simples, sobre o que elas achavam que significava “anemia”, e depois foi perguntado “se tinham conhecimento quanto às possíveis complicações da anemia na gestação”. As dúvidas foram surgindo e o momento foi bastante participativo. Seguindo a ação educativa, foi abordado sobre a importância da alimentação na prevenção e tratamento da anemia ou manutenção da condição normal. Ainda, as gestantes foram orientadas quanto aos alimentos fonte de ferro e as possíveis combinações alimentares que poderiam contribuir ou prejudicar sua biodisponibilidade e aproveitamento pelo organismo. Neste momento, foi utilizado como apoio um cartaz em cartolina, confeccionado previamente pela estagiária e contendo imagens de recortes de alimentos fontes de ferro.

Finalizando o momento, foi entregue um folder educativo contendo imagens e lista de alimentos fonte de ferro, bem como as combinações alimentares interessantes para aumentar a absorção desse mineral, como uso de frutas cítricas (laranja, limão, abacaxi) após as refeições de almoço e jantar, quando normalmente há o aumento de maior ingestão de alimentos fonte de ferro. Sabe-se que a maior quantidade de ferro consumida, normalmente é oriunda de fontes vegetais, predominantemente encontrado na forma trivalente (Fe3+) ou chamado de ferro férrico ou ainda de ferro não heme, de baixa biodisponibilidade. Assim, a vitamina C exerce papel importante no papel de reduzir o ferro para sua forma heme ou Fe2+, mais biodisponível, auxiliando o seu aproveitamento pelo organismo. Diferentemente, os lácteos atuam dificultando a absorção do ferro pela competição nos sítios absortivos, devendo ser evitados próximos às refeições principais (MAHAN; RAYMOND, 2018).

Na atividade com as gestantes foi também enfatizado a importância da realização adequada do pré-natal, uma vez que este acompanhamento permite, a partir das consultas periódicas, detectar mais precocemente qualquer alteração nutricional da mãe, do bebê ou de ambos, favorecendo intervenções rápidas e adequadas, minimizando potenciais riscos à saúde dos dois.

Apesar da anemia ferropriva ser muito comum, foi observada grande quantidade de dúvidas por parte das gestantes participantes o que muitas vezes pode dificultar o tratamento e contribuir para ingestão alimentar inadequada. Dessa forma, a intervenção através de ações de educacional alimentar e nutricional pode melhorar efetivamente o conhecimento, a atitude e a prática da população frente a problemática da anemia por deficiência de, pois funciona como estratégias importantes de conscientização a para melhorar os hábitos nutricionais e incentivar a abstenção do consumo de alimentos e bebidas que dificultem a biodisponibilidade de ferro (ABU-BAKER et al., 2021; ELMAGHRABY et al., 2021).

CONCLUSÕES

            Diante da importância do consumo alimentar na prevenção ou redução da prevalência de anemia ferropriva, principalmente em gestantes, torna-se essencial a divulgação de informações educativas para este grupo, visando à promoção da saúde e seu bem-estar.

            Os achados apresentados neste estudo mostram a importância da realização de ações de educação alimentar e nutricional para gestantes na atenção primária à saúde, como forma de retirada de dúvidas e orientar esta população quanto aos hábitos alimentares adequados para a redução do desenvolvimento de deficiências nutricionais prejudiciais tanto à mãe quanto ao bebê.

Vale ressaltar, que a experiência vivenciada foi de grande importância para a formação profissional, pois permitiu colocar em prática conhecimentos de sala de aula, além de conhecer a realidade e funcionamento da atenção primária à saúde no cuidado da população, neste caso, especificamente das gestantes.

AGRADECIMENTOS

A UFPB e ao CAVN pela oportunidade, a nutricionista do NASF de Pirpirituba – PB pela supervisão e acolhimento e as gestantes que participaram da atividade.

REFERÊNCIAS

ABU-BAKER, N. N.; EYADAT, A. M.; KHAMAISEH, A. M. The impact of nutrition education on knowledge, attitude, and practice regarding iron deficiency anemia among female adolescent students in Jordan. Heliyon, v. 7, n. 2, p. e06348, 2021.

ELMAGHRABY, D. A.; ALBATHER, Y. A.; ELFASS, K. A.; HASSAN, B. H. Assessment of Community Awareness of the possible Relationship between black Tea Consumption and Iron Deficiency Anemia. Clinical Nutrition ESPEN, 2021.

KANGALGIL, M.; SAHINLER, A.; KIRKBIR, I. B.; OZCELIK, A. O.  Associations of maternal characteristics and dietary factors with anemia and iron-deficiency in pregnancy. Journal of Gynecology Obstetrics and Human Reproduction, v. 50, n. 8, p. 102-137, 2021.

MAHAN, L. K.; RAYMOND, J. L. [tradução MANNARINO V.; FAVANO A]. Krause alimentos, nutrição e dietoterapia. 14ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018.

MARANHÃO, H. S.;et al.  Consenso sobre Anemia Ferropriva: mais que uma doença, uma urgência médica! Rio de Janeiro (RJ): Sociedade Brasileira de Pediatria, 2018. OMS. Organização Mundial de Saúde. Theglobal prevalence of anaemia in 2011. Geneva: World Health Organization. p.43, 2015.

Leave A Reply

//
//
Jaelyson Max
Atendimento Agron

Me envie sua dúvida ou problema, estou aqui para te ajudar!

Atendimento 100% humanizado!