AÇÕES DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL DURANTE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SAÚDE COLETIVA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Vânia Silva dos Santos Dantas1; Isabelle de Lima Brito2
1Técnica em Nutrição e Dietética– CAVN -CCHSA-UFPB, E-mail: [email protected], 2Docente do Departamento de Gestão Agroindustrial – CCHSA –UFPB. E-mail: [email protected]
Resumo: O Técnico em Nutrição e Dietética (TND) é um profissional que exerce suas atividades junto ao nutricionista, auxiliando-o na sua rotina diária e que têm os estágios supervisionados como pré-requisitos para a obtenção do título. Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo apresentar as atividades realizadas durante o estágio em Saúde Coletiva no Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica de Arara-PB. Foram realizadas atividades em auxílio à nutricionista da unidade, tais como visitas domiciliares, aferição de medidas antropométricas, além de participação em palestras e ações voltadas para o cuidado e promoção da saúde, direcionadas às crianças e usuários diabéticos. As práticas para as crianças foram produtivas e participativas e envolveram contação de história, teatro de fantoches, dinâmicas de adivinhação e jogos interativos. Já na ação de educação alimentar e nutricional para diabéticos usou-se a pirâmide alimentar e dinâmicas com os participantes, abordando os grupos alimentares e a problemática dos adoçantes sintéticos. As experiências adquiridas contribuíram de forma significativa para reforçar o conhecimento adquirido em sala de aula, bem como foram enriquecedoras quanto ao aspecto humano e profissional.
Palavras–chave: Alimento in natura; Fantoche; Saúde Coletiva
INTRODUÇÃO
O Técnico em Nutrição e Dietética (TND) é um profissional habilitado que exerce suas atividades, junto ao nutricionista, auxiliando-o na sua rotina diária, conforme a Resolução CFN Nº 605 de 22 de abril de 2018. Suas atribuições estão regulamentadas pelo Conselho Federal de Nutrição (CFN), podendo ser desempenhadas nas áreas de Nutrição em Alimentação Coletiva, Nutrição Clínica, Nutrição em Saúde Coletiva e Nutrição na Cadeia de Produção, na Indústria e no Comércio de Alimentos.
Limitando-se à área de Saúde Coletiva, o técnico pode contribuir no desenvolvimento de ações em educação alimentar e nutricional para a população, contribuir com o nutricionista na elaboração e na distribuição de material educativo e orientação à população, coletar dados antropométricos, participar da elaboração de material técnico, científico e educativo para orientação da comunidade escolar, realizar entrevistas, aplicar questionários e preencher formulários, levantando dados socioeconômicos, culturais, nutricionais e de saúde para auxiliar o nutricionista na consolidação dos dados. Ainda podem realizar oficinas culinárias pautadas nas diretrizes nacionais para uma alimentação adequada e saudável; participar de atividades que estimulem a melhoria de hábitos alimentares, o combate ao desperdício, o aproveitamento adequado dos alimentos e a promoção da Segurança Alimentar e Nutricional etc. (BRASIL, 2018).
Assim, este trabalho se propôs a apresentar as atividades realizadas na área de Saúde Coletiva, numa Unidade Básica de Saúde de Arara-PB, desenvolvidas durante estágio supervisionado do Curso Técnico em Nutrição e Dietética, bem como identificar os aprendizados e principais dificuldades encontradas.
MATERIAL E MÉTODOS
A Unidade Básica de Saúde, localizada no município de Arara-PB foi onde ocorreu o estágio em Saúde Coletiva. As atividades da unidade seguiram um cronograma semanal para diversos públicos e faixas etárias. Os dias da semana continham atividades de acompanhamento dos parâmetros antropométricos das crianças, gestantes, bem como momentos direcionados às visitas domiciliares e às atividades para grupos específicos, tais como diabéticos e hipertensos.
Assim, as atividades seguiam a rotina e o planejamento da unidade para cada dia. Foram realizadas aferições de peso e altura para auxiliar a nutricionista na avaliação nutricional dos usuários, visitas domiciliares, acompanhamento no atendimento clínico individual e as práticas educativas em forma de palestra, dinâmicas e com a utilização de materiais lúdicos, elaboradas para dois públicos distintos: crianças e diabéticos.
A globalização dos costumes trouxe grandes mudanças para a sociedade, para a cultura e também nos hábitos alimentares, uma vez que massifica e padroniza o consumo alimentar. Com isso, as comidas rápidas e prontas têm ganhado espaço, gerando um maior consumo de açúcares, sódio, gorduras saturadas, além de aditivos alimentares associados a doenças (GALISA e NUNES, 2014; MAHAN e RAYMOND, 2018).
Nesse sentido, a educação alimentar se apresenta como desafiadora, mas de extrema importância na contribuição para a promoção de práticas alimentares saudáveis, pois possibilitam trabalhar os problemas alimentares levando em consideração sua individualidade e complexidade (GALISA e NUNES, 2014).
RELATO DE EXPERIÊNCIA
As ações de educação alimentar e nutricional aconteceram em momentos distintos. Inicialmente foi planejado com as demais estagiárias e com a nutricionista do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB), a atividade voltada a crianças do ensino fundamental de uma escola pública de Arara-PB que foi previamente agendada com a diretora da escola.
O evento foi composto por vários momentos e contou com a participação de cerca de 40 crianças, com idade de 5 a 9 anos (Figura 1). Inicialmente houve a apresentação da equipe que também levou materiais lúdicos e confeccionados especialmente para a ocasião. Em seguida, a estagiária usando jaleco, inicia uma conversa sobre a importância dos alimentos para a saúde ao mesmo tempo em que introduzia na história, Filó, a principal personagem do teatro de fantoche. Ao ser iniciado o teatro, Filó muito falante e engraçada arrancou risadas das crianças que se mantiveram atentas. Ela iniciou perguntando sobre as preferências alimentares das crianças, sobre o que elas mais gostavam de consumir. Em seguida Filó mostrava de um lado alimentos in natura e do outro lado, os alimentos ultraprocessados, questionando sobre as preferências dos participantes.
Figura 1. Ação educativa com as crianças de escola da rede municipal de Arara-PB durante estágio supervisionado em saúde coletiva.
Fotos: Acervo pessoal
A proposta de Filó era exatamente deixar claro, que apesar dos alimentos ultraprocessados serem mais palatáveis e aceitos, como foi observado nas respostas das crianças, eles possuem substâncias que quando consumidas regularmente podem estar associadas ao surgimento de diversas doenças (MAHAN e RAYMOND, 2018). Além disso, foi reforçado a importância de se preferir na alimentação, aqueles alimentos mais naturais, conforme recomenda o Guia alimentar para a população brasileira, sobretudo numa fase tão importante quanto a infância que necessita de aporte adequado de nutrientes para atender às demandas de crescimento, desenvolvimento e aprendizagem inerente da fase (BRASIL, 2014).
Assim, a atividade trabalhou o incentivo a preferência de consumo dos alimentos in natura e minimamente processados e alertou quanto aos riscos associados ao consumo periódico dos processados e ultraprocessados. No segundo momento, as crianças foram convidadas a participarem de uma dinâmica de reconhecimento das frutas utilizando apenas o tato e olfato, enquanto permaneciam de olhos vendados e muitos demonstraram familiaridade com maçã, melancia, mamão e banana, mas o melão não era facilmente identificado.
No terceiro e último momento com as crianças, foi desenvolvida uma dinâmica, onde as crianças deveriam encontrar a estrutura de vegetais que se encaixassem nos moldes apresentados. Assim, foi montado um painel com o material montado pelas crianças, quando foi mais uma vez enfatizado a importância do consumo desses alimentos para a saúde e bem-estar, em todas as fases da vida.
Já a ação educativa para os diabéticos foi realizada na própria unidade do NASF, sendo composta por palestra intitulada “Os alimentos como aliados na diabetes”. Também foi apresentado uma pirâmide alimentar, em branco e em estrutura de isopor, para os próprios participantes encaixarem os itens descritos, de acordo com os grupos alimentares, aos quais pertenciam. Uma abordagem mais enfática foi realizada quanto ao consumo de adoçantes sintéticos, bem como os possíveis riscos e efeitos do consumo exagerado desses compostos.
CONCLUSÕES
O estágio em saúde coletiva permitiu o desenvolvimento de diversas práticas que contribuíram de forma significativa para o conhecimento adquirido, além de serem enriquecedoras quanto ao aspecto humano e profissional. Consolidando assim, muito mais que saberes inerentes da profissão do técnico em nutrição, mas toda uma realidade que envolve além dos conhecimentos básicos, como tomadas de decisões e a sensibilidade de entender e procurar a melhor forma de se conectar com o outro.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus e a Ele toda honra e toda glória; aos meus pais por esta sempre ao meu lado, meus irmãos, sobrinhos e minha avó; as minhas amigas Viviane, Nanda, Dida, Sandra, ao meu primo Raniery, ao meu amado Josa e a minha querida professora Isabelle Polari Brito pelo carinho e dedicação e a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização desde trabalho.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Resolução CFN Nº 605/ 2018, 22 de abril de 2018. Dispõe sobre as áreas de atuação profissional e as atribuições do Técnico em Nutrição e Dietética (TND), e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira – 2. ed. – Brasília: ministério da saúde, 2014.
GALISA, M. S.; NUNES, A. P. Educação alimentar e nutricional: da teoria a prática. Vila Mariana (SP): Roca, 2014. 293p.
MAHAN, L. K.; RAYMOND, J. L. [tradução MANNARINO V.; FAVANO A]. Krause alimentos, nutrição e dietoterapia. 14ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018.