SALA DE IMUNIZAÇÃO: O DIA A DIA PARA O ALCANCE DA COBERTURA VACINAL
Capítulo de livro publicado no livro: Tecendo cuidados e semeando saúde: experiências e relatos inspiradores de atenção primária. Para acessa-lo clique aqui.
DOI: https://doi.org/10.53934/9786599965838-16
Este trabalho foi escrito por:
Grazielle Sábta Alves da Silva; Lívia Kétyle Santos da Silva ; Luana Kelly Borges Moreira; Marília Araújo Santos NegreirosGigliola Marcos Bernardo de Lima4 ; Natalia Fernandes do Nascimento⁵ ; Sabrina Márcia Resende de Almeida Santos Cunha⁶ Egberto Santos Carmo
RESUMO
Introdução: A vacinação é extremamente importante e foi através dela que muitas doenças foram erradicadas no Brasil e no mundo. O Programa Nacional de Imunização busca, através do Sistema Único de Saúde (SUS), levar a vacinação a todos os indivíduos presentes em território brasileiro e, com isso, garantir o máximo de cobertura vacinal que assegure proteção à população. Objetivos: O presente trabalho objetiva relatar acerca de experiência vivenciada por alunos do PET-Saúde da Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Educação e Saúde, campus Cuité, realizado na 4ª Gerência Regional de Saúde, contribuindo na logística das campanhas vacinais, além de bater meta de vacina nas cidades. Metodologia: Foi realizado um estudo de caráter descritivo do tipo relato de experiência, através do PET-Saúde, realizado por alunos e trabalhadores do serviço da Gerência Regional de Saúde. Resultados: Para que a cobertura vacinal fosse alcançada, diversas estratégias foram utilizadas, entre as quais, a “Campanha D” mostrou-se um método bastante eficaz na busca pelo público-alvo dos municípios integrantes da 4ª Gerência Regional de Saúde do Curimataú e Seridó Paraibano. Através do diálogo entre a Gerência Regional de Saúde e os municípios que a compõem sobre as situações adversas a problemática envolvendo a cobertura vacinal. Conclusão: Quando se trata de vacinação, evidencia-se a necessidade que os indivíduos sejam imunizados para prevenção de doenças. Em virtude disso, estratégias foram traçadas e colocadas em prática, contribuindo para alcançar a meta dos 95% de vacinação da população-alvo.
Palavras–chave: Regionalização de saúde, Programa Nacional de Imunização, Cobertura vacinal.
INTRODUÇÃO
Aliada à saúde pública, a vacinação é um direito civil que garante a prevenção de inúmeras doenças com potencial pandêmico; diante disso, as vacinas são uma estratégia de prevenção coletiva que promovem ao Estado um satisfatório custo-benefício. Criado em1973,o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Brasil foi e continua sendo fundamental para a erradicação de várias doenças que assolavam a população brasileira, principalmente os mais pobres como a poliomielite e a varíola.
Ademais, com a oficialização do Sistema Único de Saúde (SUS), com a Constituição Federal de 1988, que foi um grande e importante marco para a saúde brasileira, garantiu-se a universalização da assistência à saúde, levando a prevenção e a promoção para todas as pessoas, desde a gestação até complexos procedimentos, do recém-nascido ao idoso, todos realizados de forma gratuita e sem discriminação.
Após o surgimento de tão grande e fortalecedor sistema de saúde, o Programa Nacional de Imunizações (PNI), obteve mais efetividade, expandindo, assim, a sua atuação no país para garantir a realização de uma saúde de cunho comunitário, voltada para a prevenção e promoção da saúde coletiva brasileira, que realiza a garantia de uma política pública de livre acesso a todos os brasileiros e em todas as unidades de saúde com equipes treinadas nas salas de vacinação.
Indubitavelmente, a eficácia do PNI destaca-se na esfera mundial, pois o calendário nacional de vacinação contempla os brasileiros de todas as faixas etárias e etnias, realizando a oferta de 45 imunobiológicos diferentes, de tal forma que 19 vacinas começam a ser ofertadas na rotina de imunização desde o nascimento e podem perpassar a vida adulta.
Outrossim, o Programa Nacional de Imunizações visa promover a universalidade do acesso aos insumos vacinais para a população brasileira, com o objetivo de diminuir as disparidades regionais e fortalecer um dos princípios doutrinários do SUS, o qual se refere à garantia universal no acesso aos serviços de saúde para todas as camadas da sociedade. Além disso, em aperfeiçoamento aos serviços do SUS, o PET-Saúde surge para qualificar os serviços de profissionais de saúde em início de carreira, dirigido a discentes universitários, tendo como perspectiva inserir as necessidades dos serviços do SUS como fonte de produção de conhecimento e pesquisa nas instituições formadoras, promovendo aos seus participantes a inserção na dinâmica administrativa e assistencial do Sistema Único de Saúde nos diversos ambientes sociais em que estão inseridos os seus usuários.
Embora seja uma estratégia de aprimoramento da saúde coletiva brasileira, o PNI vem enfrentando inúmeros obstáculos que impedem o seu correto e exitoso funcionamento, dentre deles destacam-se o crescimento do movimento antivacina, que após o acontecimento da pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2, que levou muitas pessoas a doença que hoje conhecemos como Covid-19, e diversos rumores que surgiram após vacinas serem criadas para impedir sérios complicações da doença, com grande divulgação nas mídias sociais, bem como as diferentes formas de realização da estratégia vacinal realizadas nos municípios das gerências regionais de saúde espalhadas pelo Brasil, vê-se um déficit na cobertura nacional de vacinação.
Em virtude das adversidades enfrentadas pela saúde vacinal brasileira, o presente estudo objetiva expor a realidade dos problemas vivenciados e destacar as ações realizadas pelos apoiadores regionais, institucional e gerente no setor de Imunização da Quarta Gerência Regional de Saúde do Estado da Paraíba.
MATERIAL E MÉTODOS
Estudo de caráter descritivo, tipo relato de experiência, realizado através do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET–Saúde), realizado na Universidade Federal de Campina Grande do município de Cuité – PB, com vigência de 1 ano, desde 03 de agosto de 2022 a 03 de agosto de 2023. Programa de extensão universitária que promoveu a seleção de alunos bolsistas mediante processo seletivo específico, constituído de três fases: seleção via análise do currículo acadêmico, avaliação teórica virtual e entrevista. Após o processo avaliativo, os alunos selecionados iniciaram suas atividades sob supervisão de coordenadores tutores e preceptores. Houve a divisão de todos os componentes em cinco grupos tutoriais, dois do eixo gestão e três voltados ao eixo assistência.
As vivências relatadas nesse estudo referem-se ao terceiro grupo tutorial do eixo gestão, composto por estudantes dos cursos de bacharelado em Enfermagem, Farmácia e Nutrição, que realizam suas atividades integrativas na 4ª Gerência Regional de Saúde da Paraíba do município de Cuité. Esse grupo tem como preceptoras as profissionais nos cargos de gerente regional de saúde e a apoiadora institucional da Escola de Saúde Pública, respectivamente, ambas profissionais desenvolvem ações na área de gestão de pública do SUS e saúde coletiva. Em virtude disso, há a participação ativa do grupo tutorial na dinâmica administrativa da coordenação de imunização e apoio às coordenações municipais dos doze municípios do Seridó e Curimataú Paraibano que compõem a quarta região de saúde do Estado, realizando ações multidisciplinares como reuniões, distribuição de insumos vacinais, fiscalização e visitas técnicas que envolvem o planejamento da melhoria na cobertura vacinal dessa região.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Criada para atender a um dos princípios organizativos do SUS, da Regionalização, a 4ª Gerência Regional de Saúde da Paraíba abrange as cidades de Baraúna, Barra de Santa Rosa, Cubati, Cuité, Damião, Frei Martinho, Nova Floresta, Nova Palmeira, Pedra Lavrada, Picuí, São Vicente do Seridó e Sossego; em virtude disso, esses municípios dialogam entre si expondo as adversidades enfrentadas e as metas alcançadas pelos serviços de saúde municipais, sobretudo, na realização de campanhas vacinais e ações que melhoram a cobertura vacinal paraibana. Com isso, aconteceram diversas e ricas trocas sobre as experiências adquiridas em cada contexto municipal, corroborando, assim, para que as gestões de saúde municipais adquirem mecanismos estratégicos que melhoram o desenvolvimento administrativo.
Ao primeiro contato com a realidade regional da imunização, evidenciou-se um déficit alarmante na cobertura vacinal infantil, sobretudo na vacinação de Poliomielite, doença extinguida no território nacional em 1994. Uma das possíveis justificativas para isso, pode ser a disseminação de notícias falsas sobre a geração de supostos impactos nocivos para a saúde dos indivíduos que tomassem vacinas, o que provavelmente contribuiu, assim, para a baixa procura pelos pais da população alvo da campanha vacinal, as crianças de 1 a 4 anos de idade.
Contudo, é importante lembrar também, que muitas dessas informações falsas, conhecidas como “fake news” surgiram após a relevante visibilidade que as vacinas tiveram com a pandemia da Covid-19, na qual diversas pessoas, com medo e sem conhecimento científico apropriado, iniciaram uma rede de transmissão de falsas informações acerca da imunização contra tal doença, o que provavelmente colaborou para o ressurgimento de doenças erradicadas ou que estavam controladas no Brasil, levando ao desinteresse da população a procurar por taís imunobiológicos e consequentemente ao aparecimento da doença no país mais uma vez.
Outro fator importante a ser considerado para a baixa cobertura vacinal da Poliomielite, foi o medo das pessoas de saírem de suas casas em busca dessas vacinas, visto que o país e o mundo passavam ainda por um momento de pandemia e muitos indivíduos tinham receio de levar seus filhos às unidades básicas de saúde para serem vacinados.
Com isso, os municípios da 4ª Gerência Regional de Saúde do Curimataú e Seridó Paraibano foram também “atingidos” por uma baixa cobertura vacinal. Realizaram-se reuniões de equipe para identificação das demandas e traçar planejamento estratégico para atenuar essa problemática e, com isso, foram feitas visitas técnicas feitas pela a Coordenadora Regional de Imunização e a Técnica regional de Frios, auxiliadas pelas discentes participantes do PET-Saúde, nas salas de vacinação dos serviços de saúde das doze cidades integrantes da 4ª Região de Saúde, além da busca ativa, realizada pelas ACS, que faziam visitas domiciliares a fim de vacinar os que ainda não estavam imunizados e, assim, conseguir atingir a meta de vacinação.
Não foram apenas expressos aos principais problemas enfrentados em cada realidade municipal em relação a recusa popular acerca da vacinação, como também foram propostos meios de atrair a população à vacinação, bem como foram momentos de escutar tais municípios e entender seus desafios para que juntos (gerência regional e município) pudessem elaborar uma estratégia que fosse impactante em seu contexto. Com isso, foram estabelecidas metas a serem cumpridas com os enfermeiros, técnicos, auxiliares, agentes comunitários de saúde de cada município visitado; sendo a principal delas, a maior adesão vacinal nos períodos da campanha vacinal que fossem realizados em um dia específico, denominados de “Dia D”.
Desenvolvida pelo Ministério da Saúde e em parceria com a SES-PB, o “Dia D” é uma estratégia realizada pelo Programa “Vacina Mais Paraíba”, que possui o intuito de promover a atualização da caderneta vacinal e realizar o maior número de imunizações em crianças e adolescentes. Com o apoio dos municípios, houve a realização do “Dia D” em toda a 4ª Gerência de Saúde, com a oferta de vacinas de rotina e da Covid- 19, utilizando-se de estratégias como divulgação da campanha vacinal em mídias sociais, carros de aviso que percorriam as cidades e em rádios locais. Também se utilizou da ambientação temática das salas de vacinas, com brinquedos, algodão doce, pipoca e música para a maior adesão vacinal infantil. Foram realizadas visitas técnicas onde participantes do PET-Saúde estavam também presentes e puderam compreender um pouco de como cada município buscava trazer seu público-alvo.
O envolvimento de todos os municípios com o “Dia D” foi algo nítido em basicamente todos os municípios da 4ª Gerência Regional de Saúde, e fez com que muitos responsáveis levassem suas crianças e adolescentes aos pontos de vacinação para que fossem vacinadas e, com isso, houve o alcance dos resultados esperados, construídos a partir de uma jornada repleta de esforços, planejamento e embasamento científico visando, acima de tudo, a efetividade do Sistema Único de Saúde (SUS) que refletiu-se no alcance da cobertura vacinal, antes defasada por fatores agravantes propiciados pela desinformação.
CONCLUSÕES
Através do presente estudo e da experiência que foi obtida pelos alunos do PET-Saúde, ficou clara a importância e a dimensão da necessidade que os indivíduos devem dar e ter com a vacinação. A imunização foi responsável por erradicar diversas doenças não somente no Brasil, mas como em todo o mundo, o que nos faz entender o quão importante é que cientistas e pesquisadores continuem lutando para conseguir e desenvolver imunobiológicos capazes de salvar vidas.
Fica evidente também que quando a população se une em favor de um objetivo, no qual todos fazem sua parte, seja de transmitir informações pertinentes acerca do assunto ou ir de casa em casa, como foi o caso de alguns ACS de determinados municípios, em busca do público-alvo que ainda não havia sido vacinado, o os objetivos e metas são alcançados. Logo após todos os “Dias D” realizados nos municípios de abrangência da Quarta Gerência Regional de Saúde do Curimataú e Seridó Paraibano foi possível obter-se uma alta e clara busca por vacinas e com isso, todos os municípios conseguiram alcançar à meta de cobertura vacinal necessária que era de 100% da população-alvo vacinada.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao Ministério da Saúde, que através do PET-Saúde (Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde), possibilitou aos autores envolvidos terem as experiências necessárias, as quais culminaram no desenvolvimento deste capítulo.
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