Os resíduos de agrotóxicos podem ingressar na cadeia produtiva de alimentos de origem vegetal pela aplicação intencional, direta, nas diversas culturas, mas também pela contaminação não intencional dos recursos hídricos, do solo e do ar. Considerando-se as matérias-primas utilizadas na fabricação de cervejas, mais especificamente o malte e o processo de malteação, observou-se a remoção de resíduos de agrotóxicos, em especial para as substâncias com coeficiente de partição, log P, inferiores a 3, ou hidrofílicos. As etapas de germinação, secagem e estocagem do malte apresentaram-se como de menor impacto na remoção de resíduos e, diante dos resultados compilados, através de revisão de literatura, os agrotóxicos com características hidrofóbicas, são os que merecem maior atenção, uma vez que tendem a permanecer nos grãos do malte de cevada. No processo de fabricação de cerveja, foi evidenciada a redução dos resíduos de agrotóxicos pela adsorção no bagaço de malte e no trub, e pela decomposição térmica durante a fervura do mosto. A adsorção reportada de resíduos hidrofóbicos no bagaço de malte e no trub merece destaque, uma vez que estes subprodutos são comumente destinados à alimentação animal e, portanto, têm grande impacto na cadeia de produtiva. As etapas de fermentação, maturação e filtração apresentaram-se como de menor importância na remoção de resíduos. As estimativas da contribuição da cerveja para a ingestão diária máxima tolerável de resíduos de agrotóxicos, a partir dos resultados reportados para marcas de cervejas comerciais, são muito baixas.