Microrganismos Oferecem Nova Abordagem para Estabilizar Emulsões

Emulsões são sistemas heterogêneos compostos por duas ou mais fases líquidas imiscíveis. As fases líquidas podem ser óleo, água, ou qualquer outra substância líquida. Emulsões são amplamente utilizadas em uma variedade de aplicações, incluindo alimentos, cosméticos, e fármacos.

As emulsões podem ser estabilizadas por diversos métodos, incluindo o uso de surfactantes. Surfactantes são moléculas que possuem uma parte hidrofílica (polar) e uma parte hidrofóbica (apolar). As moléculas de surfactante se orientam na interface entre as fases líquidas, formando uma camada monomolecular que impede a coalescência das gotas.

No entanto, os surfactantes apresentam algumas desvantagens, como a toxicidade potencial e a incompatibilidade com alguns sistemas. Além disso, os surfactantes podem ser degradados por enzimas digestivas, o que limita seu uso em emulsões alimentares.

Uma alternativa aos surfactantes são as emulsões de Pickering (PEs). PEs são emulsões estabilizadas por partículas sólidas na interface entre as fases líquidas. As partículas sólidas atuam como agentes dispersantes, impedindo a coalescência das gotas.

As PEs apresentam várias vantagens em relação às emulsões estabilizadas por surfactantes. Elas são mais estáveis, têm melhor sabor, e são mais biocompatíveis. Além disso, as PEs podem ser personalizadas para atender a diferentes requisitos.

O uso de microrganismos comestíveis como estabilizadores de PEs é uma nova abordagem promissora. Microrganismos comestíveis são seguros para consumo humano e apresentam diversas vantagens, como biocompatibilidade, biodegradabilidade, e potencial atividade probiótica ou prebiótica.

Um estudo recente investigou a eficácia de dezenove microrganismos comestíveis para estabilizar emulsões de óleo MCT em água. O estudo constatou que todos os microrganismos testados foram capazes de estabilizar PEs em algum grau. A estabilidade física das PEs variou dependendo do tipo de microrganismo usado, com lactobacilos geralmente oferecendo a melhor estabilidade.

O estudo também constatou que as características da superfície dos microrganismos, como seu tamanho, forma e carga superficial, desempenharam um papel importante em sua capacidade de estabilizar PEs. Microrganismos com tamanho menor, forma mais irregular e carga superficial mais alta foram geralmente estabilizadores mais eficazes.

Os resultados deste estudo sugerem que microrganismos comestíveis têm o potencial de ser usados como estabilizadores de PEs. Essa abordagem pode oferecer várias vantagens em relação às emulsões estabilizadas por surfactantes tradicionais.

Aplicações potenciais

PEs estabilizadas por microrganismos comestíveis podem ter uma ampla gama de aplicações. Em alimentos, elas podem ser usadas para melhorar a estabilidade e o sabor de emulsões, como molhos, maionese, e sorvetes. Em cosméticos, elas podem ser usadas para melhorar a estabilidade e a biocompatibilidade de emulsões, como loções, cremes, e protetores solares. Em fármacos, elas podem ser usadas para melhorar a estabilidade e a biodisponibilidade de emulsões, como medicamentos orais e tópicos.

Pesquisa futura

Mais pesquisa é necessária para desenvolver completamente a abordagem de uso de microrganismos comestíveis como estabilizadores de PEs. Estudos futuros devem se concentrar nos seguintes aspectos:

• Mecanismos pelos quais os microrganismos comestíveis estabilizam PEs
• Desenvolvimento de emulsões PEs com propriedades otimizadas
• Avaliação da segurança e eficácia das emulsões PEs estabilizadas por microrganismos comestíveis

A pesquisa nessa área tem o potencial de levar ao desenvolvimento de novas emulsões com propriedades aprimoradas, que podem ter um impacto significativo em uma variedade de indústrias.

Para saber mais sobre os resultados desse estudo e sobre o potencial das emulsões estabilizadas por microrganismos comestíveis, acesse o artigo completo, disponível no link a seguir: Promising application of probiotic microorganisms as Pickering emulsions stabilizers

O artigo apresenta detalhes adicionais sobre os métodos e resultados do estudo, bem como uma discussão sobre as implicações desses resultados.