FITOQUÍMICOS EM FRUTOS DE PUPUNHA (Bactris gasispaes)
Juliana Rodrigues Santana1; Tiago Barcellos Valiatti2; Gisele Teixeira de S. Sora3
[1]Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas Amazônicos (PPGAA) UNIR; E-mail: [email protected],2Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Infectologia (UNIFESP); E-mail: [email protected], ³Docente da Engenharia de Alimentos e Programa de Pós-graduação em Agroecossitemas Amazônicos (PPGAA) UNIR; E-mail: [email protected].
Resumo: Fitoquímicos ou compostos bioativos, presentes em pequenas quantidades nos alimentos, especialmente em frutos, têm a capacidade de modular vias metabólicas, resultando em diversos benefícios a saúde. Essas substâncias possuem ação antioxidante e, portanto, contribuem para a prevenção de doenças crônicas degenerativas e cardiovasculares decorrentes do estresse oxidativo. Os frutos de pupunha (Bactris gasipaes), espécie nativa da região Amazônica, são conhecidos por possuírem diversos fitoquímicos, e devido a isso, a comunidade científica tem investigado cada vez mais os benefícios desse fruto, tais estudos beneficiam a divulgação da relevante biodiversidade da região Amazônica. Diante disso, foi realizada uma busca nas plataformas científicas sobre frutos de pupunha e os artigos selecionados foram analisados quanto as características fenotípicas, principais compostos bioativos encontrados e seus benefícios a saúde humana assim como dados inéditos do potencial biológico e industrial dessa espécie. Concluiu-se que a pupunha possui alto valor nutricional e funcional.
Palavras-chave: antioxidantes; compostos bioativos; fruto não convencional; pupunha.
INTRODUÇÃO
A busca por alimentos que sejam fontes de compostos bioativos tem impulsionado pesquisas em frutos nativos da Amazônia, que são ricos em propriedades nutritivas e terapêuticas além de possuírem potencial para ser explorados como alimentos funcionais. Entre as espécies que tem sido alvo de pesquisas, destaca-se a Bactris Gasipaes, conhecida popularmente como pupunha, e cultivada há séculos principalmente pela população indígena (SANTOS et al., 2015).
Os benefícios dos compostos bioativos presentes na pupunha, já foram notados em alguns estudos. Santos et al. (2015) e Matos et al. (2018) encontraram elevadas concentrações de carotenoides no fruto e relatam a necessidade de explorar essa espécie em razão de possuir bioativos funcionais, os quais previnem doenças cardiovasculares e degenerativas, além de funções, anti-microbiana, anti-genotóxica, entre outras.
A indústria de cosmético e farmacêutica também tem demonstrado interesse nos frutos de pupunha, pois estudo apontam diversas propriedades, entre elas, a capacidade de reduzir os efeitos maléficos dos radicais livres gerados pelo processo de oxidação (MATOS et al., 2018; RABELO, 2012; SANTOS et al., 2015; SANTOS et al., 2020).
Apesar dos inúmeros benefícios, há uma escassez de informações sobre fitoquímicos presentes na fruta pupunha, além disso muito dos dados científicos relevantes sobre essa espécie estão dispersas em publicações. Frente a isso o objetivo desse trabalho é, reunir informações sobre características fenotípicas da pupunha, e a eficácia já avaliada dos compostos bioativos presente nessa espécie, quanto a saúde humana.
METODOLOGIA
Foi realizada a busca de artigos científicos presentes nas plataformas digitais científicas: Scielo, Google Acadêmico, Portal Periódicos Capes, que estavam relacionados a temática do estudo, empregando o uso das seguintes palavras-chaves: Bioativos, Antioxidantes, Compostos fenólicos, Carotenóides, Ácido ascórbico, Flavonóides, bactris gasipaes (MATOS et al., 2018; SANTOS et al., 2020). Foram considerados artigos publicados entre os anos de 2015 a 2021, e após leitura criteriosa dos mesmos, foram selecionados os dados mais relevantes para compor essa revisão bibliográfica. Buscou-se informações sobre possíveis patentes registradas com o fruto em questão no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
PUPUNHA (Bactris Gasipaes)
A Pupunheira é encontrada nos Estados Pará, Amazonas, Acre, Rondônia e Mato Grosso, seus frutos variam de formato, tamanho, cor da casca, cor da polpa, composição química e sabor, e tais parâmetros são influenciados por diversos fatores, entre eles o clima, solo e época de colheita (MATOS et al., 2018; RABELO, 2012; SANTOS et al., 2017).
Figura 1. Representa a fruta Pupunha (Bactris gasipaes).
Fonte: autores.
Devido as substâncias bioativas em sua composição, pupunha é considerada um alimento funcional, e consequentemente vem despertando interesse da comunidade científica sobre essa espécie, se destacando economicamente no setor de frutas, palmitos, óleos e também como fonte de substâncias antioxidantes, que são essenciais para inibir radicais livres, decorrentes do metabolismo humano (ARAUJO et al., 2012; BEZERRA; BRITO, 2020; SANTOS et al., 2017). O gráfico 1, apresenta o crescimento comparativo de pesquisas científicas envolvendo a espécie Bactris gasipaes, publicadas entre o ano de 2000 e 2020.
Gráfico 1: Pesquisas Científicas sobre pupunha no período de 2000 a 2020.
Fonte: Autores.
COMPOSTOS BIOATIVOS EM PUPUNHA
Diversos bioativos são encontrados na pupunha, entre eles destacam-se os carotenoides, que são pigmentos naturais responsáveis pela coloração vermelho-alaranjado de muitos frutos e vegetais, funcionam como precursores da vitamina A sendo, portanto, fundamental no fortalecimento do sistema imunológico e essenciais para a visão (BEZERRA; BRITO, 2020; MATOS et al., 2018; SANTOS et al., 2017).
Além desse composto, diversos outros fitoquímicos estão presentes na composição deste fruto, evidenciando o alto potencial biológico desta espécie a ser explorada (BEZERRA; BRITO, 2020; HOLANDA et al., 2020; SANTOS et al., 2020). O quadro 1 apresenta os principais compostos bioativos presentes na pupunha, as estruturas moleculares e os benefícios quanto a saúde humana.
Quadro 1. Características Biológicas da Pupunha
Fonte: autores.
Holanda et al. (2020) e Finco e Graeve (2016) afirmam que nos últimos anos, muitas pesquisas vêm sendo realizadas visando identificar os benefícios dos compostos bioativos presentes em frutos não-convencionais, principalmente devido as evidências de que os antioxidantes contidos nestas espécies contribuem para a redução do aparecimento de doenças crônicas e degenerativas. Nesse sentido, a Amazônia é uma plataforma natural de pesquisa, devido sua rica biodiversidade, onde incluem frutos de palmeiras os quais são fontes promissoras de compostos bioativos.
Foram encontrados 17 processos de patentes relacionados a espécie Bactris gasipaes, porém nenhum desses relata sobre o potencial antioxidante deste fruto.
CONCLUSÕES
Após levantamento de dados em artigos científicos e informações sobre patentes industriais verificou-se que há necessidade de realização de pesquisas que busquem quantificar e qualificar os fitoquímicos presentes na pupunha, além de formas de extração para posterior utilização destes antioxidantes naturais, favorecendo a utilização dessas substancias em indústrias alimentícias, de cosméticos, farmacêutica e biotecnológica, além de que, tais pesquisas agregam valor à frutos não convencionais da Amazônia.
REFERÊNCIAS
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BEZERRA, J. A.; BRITO, M. M. Potencial nutricional e antioxidantes das Plantas alimentícias não convencionais (PANCs) e o uso na alimentação: Revisão. Research, Society and Development, v. 9, n. 9, e369997159, 2020.
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MATOS, K. A. N.; LIMA, D. P.; BARBOSA, A. P. P.; MERCADANTE, A. Z.; CHISTE, R. C. Peels of tucumã (Astrocaryum vulgare) and peach palm (Bactris gasipaes) are byproducts classified as very high carotenoid sources. Food Chemistry 23p., 2018.
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