EFEITOS DOS COMPOSTOS BIOATIVOS NO CONTROLE DE DIABETES MELLITUS: UMA BREVE REVISÃO
Fernanda Tayla de Sousa Silva1; Ana Thaís Campos de Oliveira2; Ana Paula Ferreira de Almeida3; Maria de Fátima Costa Carneiro4
1Mestranda em Tecnologia de Alimentos – IFCE, Campus Limoeiro do Norte, Ceará, Brasil; [email protected], 2Mestranda em Tecnologia de Alimentos – IFCE, Campus Limoeiro do Norte, Ceará, Brasil; [email protected], 3Mestranda em Tecnologia de Alimentos – IFCE, Campus Limoeiro do Norte, Ceará, Brasil; [email protected], 4Graduada em Nutrição – IFCE, Campus Limoeiro do Norte, Ceará, Brasil; [email protected].
Resumo: O diabetes mellitus é uma doença endócrina, crônica de etiologia multifatorial, envolvendo a associação de fatores ambientais e genéticos. A principal característica dessa condição clínica é a hiperglicemia persistente que compromete a saúde e o bem-estar dos pacientes quando não tratada de forma adequada resultando em diversas complicações, incluindo, amputações de membros, retinopatia, comprometimento da função renal, hepática e doenças cardiovasculares. Desse modo, o controle glicêmico é fator fundamental e peça chave para um bom prognóstico da doença e a prevenção de agravos à saúde nesses pacientes. Os dados do presente estudo foram obtidos através da busca eletrônica na base PubMed, no período de abril a maio de 2021, foram incluídos estudos exclusivamente do idioma inglês que respondiam à pergunta norteadora. Sendo assim, esta revisão objetivou compreender o possível benefício dos compostos bioativos com propriedade antioxidante e hipoglicemiante para o controle glicêmico e manejo clínico do DM e suas comorbidades.
Palavras–chave: compostos naturais bioativos; hiperglicemia; resistência à insulina
INTRODUÇÃO
O diabetes mellitus (DM) é uma doença metabólica, crônica de etiologia multifatorial, envolvendo a associação de fatores ambientais e genéticos. A principal característica dessa condição clínica é a hiperglicemia resultante de falhas na secreção de insulina pelas células β pancreáticas, baixa sensibilidade a ação desse hormônio nos tecidos alvos ou ambos os mecanismos. Existem dois tipos principais de DM, o diabetes do tipo I (DM1) que acomete principalmente crianças, adolescente e adultos, a partir da destruição autoimune das células β pancreáticas com deficiência completa e permanente da secreção de insulina e diabetes mellitus tipo 2 (DM2) que representa 90 a 95% de todos os casos de DM, ocorre em pessoas com idade avançada e com sobrepeso, tratando-se de falha na secreção da insulina ou incapacidade do corpo responder a ação desse hormônio, chamada de resistência à insulina (GALICIA-GARCIA et al., 2020).
O DM é um crescente problema de saúde pública e a elevada prevalência dessa doença está associada a rápida urbanização, transição epidemiológica, mudanças no comportamento alimentar como aumento do consumo de fast food, estilo de vida sedentário, excesso de peso, crescimento e envelhecimento populacional. Em casos de DM tratados de forma inadequada a doença evolui e juntamente com hiperglicemia persistente os indivíduos podem desenvolver uma série de complicações, incluindo a perda da visão, doenças cardiovasculares (DCV), doença renal, neuropatia, comprometimento cognitivo além de amputações e câncer (LAMBRINOU; HANSEN; BEULENS, 2019).
A alimentação tem papel fundamental na manutenção da saúde e redução do risco de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) (ACEVEDO-FANI; DAVE; SINGH, 2020). Pesquisas têm mostrado que o consumo de alimentos de origem vegetal que são fontes de compostos bioativos influenciam de forma positiva na saúde devido a várias propriedades biológicas desses compostos, como atividade antioxidante, antitrombótica, anticoagulante, anti-inflamatória, antiproliferativa, anti-hipertensiva, antidiabética e cardioprotetora. (BASTOS; ROGERO; ARÊAS, 2009).
Os fitoquímicos ou compostos bioativos são moléculas produzidas por vegetais, e são grande parte derivados de produtos do metabolismo das plantas produzidas como proteção aos fatores agressores da natureza, bem como para atrair seus polinizadores. Esses compostos estão presentes em todas as partes dos vegetais e atuam na neutralização dos radicais livres produzidos pelo estresse oxidativo, todavia a ingestão de alimentos fonte de compostos bioativos promove a redução do risco de doenças e agravamento a saúde (GONÇALVES; SILVA; CARLOS, 2019).
Desse modo, esse trabalho teve o objetivo de buscar na literatura estudos que abordassem os efeitos dos compostos bioativos atuando na prevenção e melhora do quadro hiperglicêmico no diabetes mellitus para uma melhor compreensão da temática sobre o manejo clínico e controle de das comorbidades associadas ao DM através do uso de terapias naturais.
METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de uma revisão da literatura de natureza qualitativa.Foi realizado uma busca eletrônica no período de abril a maio de 2021, para identificação de dados disponíveis sobre diabetes mellitus e o uso dos compostos bioativos para o manejo e recuperação da doença. As seguintes palavras-chave: “bioactive compounds”, “Diabetes mellitus” e “hyperglycemia”, foram usadas em diferentes combinações na base de dados: Pubmed, para identificação dos trabalhos elegíveis. Todas as referências foram selecionadas no idioma inglês. Eram incluídos estudos que respondiam à pergunta norteadora: Os compostos bioativos têm relação com melhoria da hiperglicemia e quais são seus efeitos na prevenção e promoção da saúde no diabetes mellitus?
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Quadro 1 estão dispostos os estudos quanto autor/ano, referências, compostos bioativo, alimentos fonte dos fitoquímicos e seus efeitos biológicos e na saúde. Algumas classes de compostos bioativos descritos na literatura são polifenóis, carotenóides, fitoesteróis, prebióticos e vitaminas.
Segundo Li et al., (2019) no DM foi observado níveis aumentados de várias citocinas pró-inflamatórias como como TNF- α , interleucina-6 (IL-6) e interleucina-1 β (IL-1 β ) estão associadas a danos nas células células β , apoptose e secreção prejudicada de insulina, esse desequilíbrio na produção de espécies reativas de oxigênio é neutralizada por ação dos antioxidantes. Em virtude da fácil disponibilidade, segurança e poucos efeitos colaterais, o uso de compostos bioativos é sugerido para reduzir e retardar a progressão do DM (GOTHAI et al., 2016).
Quadro 1 – Compostos bioativos, alimentos e seus efeitos.
Fonte: Elaborado pelo autor
Atualmente, o tratamento do diabetes mellitus centra-se no controle dos níveis glicêmicos com o uso de medicamentos para redução da concentração de glicose no sangue por meio dos seguintes mecanismos: estimula células β a liberar insulina, inibição de hormônios contra-reguladores, aumento da sensibilidade à insulina órgão-alvo, inibição da hidrólise do glicogênio no fígado e aumento do uso de glicose por tecidos e órgão. Contudo, a maioria dos medicamentos possuem efeitos colaterais, dessa forma compostos naturais desempenham um importante papel como tratamento alternativo. (TRAN; PHAM; LE, 2020).
CONCLUSÕES
Os achados na literatura enfatizaram o uso dos compostos bioativos: resveratrol, cúrcuma, quercetina, catequina, no controle da hiperglicemia do diabetes mellitus por diferentes mecanismos. Desse modo, os compostos naturais mostram-se promissores como tratamento preventivo e coadjuvante ao medicamentoso.
REFERÊNCIAS
ACEVEDO-FANI, A.; DAVE, A.; SINGH, H. Nature-Assembled Structures for Delivery of Bioactive Compounds and Their Potential in Functional Foods. Frontiers in Chemistry, v. 8, 2020.
ADINORTEY, M. B. et al. Phytomedicines Used for Diabetes Mellitus in Ghana: A Systematic Search and Review of Preclinical and Clinical Evidence. Evidence-based Complementary and Alternative Medicine: eCAM, v. 2019, 2019.
BASTOS, D. H. M.; ROGERO, M. M.; ARÊAS, J. A. G. Mecanismos de ação de compostos bioativos dos alimentos no contexto de processos inflamatórios relacionados à obesidade. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, v. 53, p. 646-656, jul. 2009.
GALICIA-GARCIA, U. et al. Pathophysiology of Type 2 Diabetes Mellitus. International Journal of Molecular Sciences, v. 21, n. 17, set. 2020.
GONÇALVES, J.; SILVA, G. C. O.; CARLOS, L. A. Compostos bioativos em flores comestíveis. Biológicas e Saúde, v. 9, n. 29, 10 maio 2019.
GOTHAI, S. et al. Natural Phyto-Bioactive Compounds for the Treatment of Type 2 Diabetes: Inflammation as a Target. Nutrients, v. 8, n. 8, ago. 2016.
LAMBRINOU, E.; HANSEN, T. B.; BEULENS, J. W. Lifestyle factors, self-management and patient empowerment in diabetes care. European Journal of Preventive Cardiology, v. 26, n. 2_suppl, p. 55–63, 1 dez. 2019.
LI, R. et al. Effects and Underlying Mechanisms of Bioactive Compounds on Type 2 Diabetes Mellitus and Alzheimer’s Disease. Oxidative Medicine and Cellular Longevity, v. 2019, 2019.
NOCE, A. et al. Natural Bioactive Compounds Useful in Clinical Management of Metabolic Syndrome. Nutrients, v. 13, n. 2, fev. 2021.
OH, Y. S. Bioactive Compounds and Their Neuroprotective Effects in Diabetic Complications. Nutrients, v. 8, n. 8, ago. 2016.
SHARIFUDDIN, Y. et al. Potential Bioactive Compounds from Seaweed for Diabetes Management. Marine Drugs, v. 13, n. 8, p. 5447, ago. 2015.
TRAN, N.; PHAM, B.; LE, L. Bioactive Compounds in Anti-Diabetic Plants: From Herbal Medicine to Modern Drug Discovery. Biology, v. 9, n. 9, set. 2020.
UEDA-WAKAGI, M. et al. Green Tea Ameliorates Hyperglycemia by Promoting the Translocation of Glucose Transporter 4 in the Skeletal Muscle of Diabetic Rodents. International Journal of Molecular Sciences, v. 20, n. 10, maio 2019.