Biofilme de amido de mandioca para o aumento do Shelf Life de bananas.
Autores: Larissa Dias Campos¹, Sérgio Thode Filho². Todos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos (PCTA/IFRJ).
A biopreservação é técnica com ação de conservação, com mínimos impactos nas propriedades nutricionais e sensoriais dos alimentos.
Biofilmes e revestimentos comestíveis são definidos como camadas finas de materiais que podem ser ingeridos por serem atóxicos, aplicadas em produtos alimentícios e que desempenham um papel importante na distribuição e comercialização dos alimentos devido à prorrogação de sua vida útil.
Cada vez mais essas técnicas modernas têm despertado interesse tanto para a garantir a segurança e a qualidade dos alimentos quanto para a atividade econômica. O agronegócio de banana é uma atividade lucrativa e desenvolvida em todo o território nacional, numa demonstração irrefutável de sua amplitude, importância socioeconômica e abrangência geográfica (EMBRAPA, 2022).
A banana é a fruta mais consumida no país, constituindo uma fonte de renda importante para muitos produtores. No entanto, seu sistema produtivo pode ser classificado como de baixa produtividade, baixo nível tecnológico e elevadas perdas durante a pré e pós-colheita (MARTINEZ et. al., 2006).
Jorge et al. (2021) e Thode et al. (2021) realizaram estudos sobre a avaliação sensorial de bananas (Musa Subgrupo Prata) recobertas com biofilme de amido de mandioca. O biofilme de amido de mandioca com gelatina demostrou eficiência na redução da taxa de escurecimento enzimático e aumentou a vida útil de bananas. Realizada a análise sensorial, foi verificado ainda que não ocorreu influência na aparência, cor, aroma, sabor e textura, doçura e firmeza do fruto, além da aparência global. O material foi sintetizado através de solução filmogênica com 2,6% de amido de mandioca (m/v) + 2,5 g de gelatina + 300 mL de água destilada. Na sequência, o biofilme foi acondicionado em um borrifador plástico de 500 mL para posterior aplicação. As pencas foram colocadas em uma bandeja e o biofilme foi aplicado, via spray, durante 1 minuto por penca, de maneira uniforme ao longo do comprimento (ráquis ao ápice). Os autores relatam que esta prática também pode ser realizada através da imersão durante 1 minuto. Após a secagem do biofilme (± 3hs) as mesmas foram colocadas sobre uma peneira para escorrimento do excesso. Por fim, 9 dias após a aplicação do biofilme, os frutos foram levados até a feira para execução da avaliação sensorial.
Os resultados do estudo demostraram aceitação sensorial e comprovaram que através de estratégia simples, sustentável, viável e de baixo custo, foi reduzida a taxa de escurecimento enzimático, aumentada a vida útil de prateleira de bananas (Musa Subgrupo Prata) e preservadas as características organolépticas assim como os valores nutricionais da fruta. Os autores recomendam novas pesquisas com intuito de refinamento de quais produtos serão aplicados em outros tipos de alimentos perecíveis para preservação de suas características organolépticas e valores nutricionais assim como relação de custo x benefícios, prorrogação de vida útil de prateleira e comercialização.
A biopreservação é uma estratégia viável para nosso cenário econômico e de controle de segurança de alimentos, garantindo melhor produtividade, redução de desperdício e qualidade.
Sobre os autores:
1Larissa Dias Campos: Nutricionista, Especialista em Vigilância Sanitária e Segurança de Alimentos, Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos pelo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, do Rio de Janeiro (PCTA/IFRJ). Experiência em alimentação coletiva e controle de qualidade. Atuando como Nutricionista de Qualidade.
2Sérgio Thode Filho: Professor Associado (D402) no Departamento de Alimentos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ). Docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos (PCTA/IFRJ). Pós-Doutorado em Recursos Naturais e Proteção Ambiental, Doutor em Ciências, Mestre em Sistemas de Gestão Integrada (Ambiente, Qualidade, Saúde e Segurança do Trabalho), Higienista Ocupacional, Administrador e Biólogo. Ensino e Pesquisa em Gestão de Segurança Ocupacional e Qualidade em UAN’s, Avaliação de Impacto Ambiental e Síntese de Biomateriais.
Referências:
EMBRAPA. Banana. Disponível em: <Banana – Portal Embrapa>. Acesso em 15 de maio, 2022.
JORGE, Emanuele Nunes de Lima Figueiredoet al. Avaliação sensorial de banana ‘prata’ a partir da aplicação de biofilme comestível de amido de mandioca. Alimentos: Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente. v. 2, n. 6, p.13-22, junho 2021.
MARTINEZ, Aurélio Ludovico de Almeida et. al. Análise sensorial das cultivares de banana tropical prata e maçã, em Goiânia – GO. In: CONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA UFG – CONPEEX, 3, 2006, Goiânia. Goiânia: UFG, 2006.
THODE-FILHO, Sérgio et al. Assessment of cassava starch biofilm in the quality and shelf life of banana `prata’. Brazilian Journal of Experimental Design, Data Analysis and Inferential Statistics, v. 1, p. 186-193, 2021.