A literatura recente tem apontado para a recorrência de uma transição nutricional no Brasil atual. Mas esta transição não é homogênea nem linear, sendo permeada por disputas e conexões diversas. Assim, o objetivo deste trabalho é apresentar o contexto da transição nutricional no Brasil, destacando suas duas vertentes, uma alinhada aos sistemas agroalimentares convencionais e outra conectada aos sistemas agroalimentares sustentáveis. Nesta perspectiva, a transição nutricional pautada nos sistemas agroalimentares convencionais se ancora no cultivo de monoculturas que fornecem matérias-primas para a industrialização de produtos alimentares ultraprocessados e rações usadas na criação intensiva de animais, com base na utilização de grandes extensões de terra, uso intensivo de mecanização, água, combustíveis, fertilizantes químicos, sementes transgênicas, agrotóxicos, antibióticos, aditivos químicos e cadeias longas de comercialização e consumo. Esta abordagem acaba por promover uma má alimentação e contribui para todo um contexto de deterioração da saúde humana e ambiental. Por isso, é importante que Nutricionistas, Técnicos em Nutrição e Dietética e profissionais de áreas conexas conheçam e atuem no âmbito da transição nutricional promovida a partir dos sistemas agroalimentares sustentáveis, visto sua relevância para o fomento de uma alimentação saudável, consumo político, consciente e responsável, redução de doenças, melhorias na qualidade de vida e bem-estar da população, menores custos aos sistemas de saúde e, por fim, efetivação da saúde humana e ambiental.